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  A lâmina da espada azulada passa com fluidez pelo pescoço do ser a sua frente. O corte é rápido e objetivo, embora leve, tão leve que o próprio oni demorou para perceber o que estava acontecendo.

  O desespero se instalou. O oni tentava desesperadamente se regenerar enquanto aqueles profundos oceanos olhavam para ele com pesar. Oceanos tão profundos que o oni se sentiu um idiota por achar que aquela praia calma o permitiria chegar mais perto.

  Ele acreditou que sim, como o tolo que era. Não achava que fosse totalmente culpa dele, como ele poderia saber? Aquela maldita praia havia o atraído pra mais perto!

  Tão perto que o afogou...

  Em um momento, você está prestes a matar mais um caçador idiota. Em outro, você está em uma praia calma e convidativa.

  E você vai, como o tolo que é. Você olha ao redor, a brisa pacífica vindo do horizonte.

  Você chega mais perto, os dedos dos pés encontrando a água calma.

  A praia te chama para chegar mais perto.

  E mais uma vez você dá mais alguns passos (que idiotice).

  A água agora bate nos seus tornozelos, fria e purificadora, limpando parte dos seus pecados.

  Você entra mais na água, buscando aquela leveza, buscando ser limpo.

  A sua cintura pra baixo já está coberta de água.

  E assim continua, o mar aparentemente calmo o convida a chegar mais perto, e você vai.

  Cegamente seguindo em frente e nem percebendo que você não é o único decidindo o caminho que deve tomar, a própria água está o puxando pra mais perto sem que você perceba.

  E quando você finalmente se toca do que tá acontecendo, é quando a água já está no seu pescoço, pronta pra lhe afogar.

  Você tenta voltar, mas as algas e raizes o puxam para trás pelos pés e braços enquanto o mar, antes calmo, se revela, o afogando naquela profundidade antes não notável.

  Você resolve continuar lutando para sair do oceano, mas assim que você pisca, percebe onde realmente está.

  Você não estava em uma praia pacífica, você estava de frente para um maldito caçador que usou seus lindos olhos para o confundir!

  Mas aqui estava você agora, desesperado pra se regenerar, mas já é tarde, o mar já o afogou.

E você se sente um tolo...

Um tolo por achar que aqueles profundos olhos azuis não iriam ferir-lo...

Um tolo por acreditar que poderia sair da água em seu pescoço...

Um tolo por achar que podia chegar mais perto...

E um tolo por acreditar tão fielmente que aquela praia era confiável...

  E ele se foi, assim que a desintegração acabou e o ser - antes existente - sumiu, o caçador - Hashira - usuário de respiração da água e pertencente daquele oceano profundo se foi, pronto para repetir aquele mesmo vai-e-vem do, recém descoberto, não tão pacífico oceano.

««OPEN SEA»»Onde histórias criam vida. Descubra agora