O acordo

O começo

                             ISABEL' POV
Minha mãe morreu quando eu ainda era nova, não tenho muitas lembranças dela, apenas um colar que ela me deu assim que eu nasci, eu carrego ele sempre em meu pescoço, é a única forma de eu me lembrar da minha mãe.
Alguns anos após a morte da minha mãe, o meu pai se casou de novo, ela era uma mulher incrível comigo antes do casamento, mas após o casamento ela se tornou uma mulher horrível comigo, sempre me tratava mal, falava coisas horríveis pra mim diariamente, mas meu pai nunca acreditava em mim quando eu contava, com um tempo eu só me acostumei, o ruim de tudo isso era que ela sempre deixava claro que quando meu pai morresse ela ia arrumar um marido bilionário pra me casar e ficar com o dinheiro, eu nunca me importei, era óbvio que isso nunca ia ser verdade, não é ?

   BENJAMIN' POV
Meus pais são da maior máfia italiana, eu mal os via e quando era pequeno tinha uma babá que morreu quando eu ainda era muito novo, mas eu me lembro bem que foi uma das mais especiais que eu tive, ela me deu um colar pelo qual eu guardo até hoje, eu a amava muito e a sua perda foi uma das coisas mais tristes e marcantes em minha vida, meus pais nem sequer foram ao enterro dela, eu nem me despedi dela, mas depois de um tempo eu descobri aonde ela foi enterrada e visito ela quase toda semana, agora eu tenho 19 anos, estou bem com isso, meu pai está me ensinando sobre os negócios, até porque nos meus 20 anos, eu irei cuidar dos negócios da máfia dos meus pais, mas tem um problema, eu não estou em um relacionamento ou me casei até agora, o que significa que vão arranjar um casamento pra mim, o que é horrível, até porque não estou preocupado com um amor, estou preocupado com o meu trabalho, mas como não passa de um acordo, tanto faz também, eu acho...

      ISABEL'POV
Meu pai sempre teve alguns problemas de saúde, mas acho que conforme ele envelhece, vai piorando, o que me deixa extremamente preocupada, agora ele está em uma cama de hospital, pelas complicações que teve, no meu auge de 19 anos me sinto com 10 novamente, uma criança preocupada chorando ao lado do pai doente no hospital, esquecendo do mundo ao seu redor.
Minha madrasta está do outro lado conversando com o médico, ela começa a chorar e eu sei que é tudo encenação, ela nunca gostou do meu pai e está torcendo pela morte dele, o que me faz a odiar mais ainda, ela me chama e eu beijo a testa do meu pai e vou até eles
- Isabel...
O médico começa a falar
- Eu sinto muito, mas seu pai não tem muito tempo de vida, ele tem 1 semana no máximo!
Não sinto mais nada do meu corpo, não sinto minha cabeça, não sinto meus braços, não sinto minhas pernas, eu só quero chorar, sinto meus olhos queimares e as lágrimas descerem pelos meus olhos, não há como evitar.
Uma hora isso ia acontecer com meu pai, os médicos fizeram tudo que podiam em questão a doença dele.
- Tu...Tudo b...em douto...doutor
Falo soluçando por conta do choro e sinto minha madrasta me abraçar, eu a abraço de volta e choro por um bom tempo.
Após um 15 minutos, eu me sento ao lado do meu pai de novo e beijo sua cabeça.
- Bel vá para casa! Descanse e eu ficarei acompanhando ele
Minha madrasta fala e eu assinto com a cabeça, beijo a mão de meu pai e saio do hospital, sentindo as minhas lágrimas me consumirem novamente, o meu pai é a pessoa que eu mais me importo na vida, sem ele, eu não sou ninguém, uma parte de mim vai com ele, e eu não estou preparada pra sua perda.
Por isso eu nunca me relacionei, são poucas as pessoas de confiança da minha vida, e eu não estava pronta pra me relacionar e me apegar a pessoa, então nunca me relacionei, tenho poucos amigos, sou uma pessoa extremamente sozinha.
10:00 PM
Ando e ando pelas ruas, dou voltas em quarteirões, não tenho um destino exato, e depois de 1 hora circulando pela rua, eu vou até uma cafeteria, estou desde manhã no hospital e não como nada desde então.
Não sei porque, mas me sinto observada.
Vou até a cafeteria e peço um achocolatado quente com waffles e assim que a garçonete trás até a minha mesa eu como tudo e é como se aquela comida fosse a melhor de todas, devo estar com muita fome mesmo...
Ao final das mesas tem um homem todo de preto, ele está usando terno, parece ser um homem de negócios, aparenta ser tatuado e parece ter a minha idade (19 anos), fico observando ele por algum tempo e nem percebo mas ele está me encarando fixamente, é um homem extremamente atraente, mas assim que percebo o olhar dele eu olho pra baixo pego meu achocolatado, tomando ele aos poucos, depois que termino tudo, deixo o dinheiro em cima da mesa e vou embora. O mesmo homem de mais cedo também sai e ele fica me olhando, acho estranho mas vou diretamente pra casa, quando chego lá, olho em volta e não encontro ninguém, mas ainda sim quando entro em casa, tranco tudo imediatamente, janelas, porta da frente, porta do fundo, tudo que se possa imaginar, e vou para o meu quarto, sigo até o banheiro, preciso de um banho quente, tiro minha roupa e ligo o chuveiro,
deixando a água quente escorrer do meu cabelo para o meu corpo todo, e assim acabo chorando de novo com as lembranças difíceis do meu pai do dia de hoje, me sinto culpada, preocupada, ansiosa, angustiada, nervosa, vários sentimentos juntos e todos eles só me fazem ter pânico, o que eu vou fazer após a morte de meu pai? como eu vou viver com aquela mulher?
São várias as minhas perguntas pelas quais não tenho resposta.
Isso é o que mais me deixa angustiada, mas tudo bem, eu já sou uma adulta, as coisas de casamento arranjado não são verdadeiras.
BENJAMIN' POV
Falta menos de 1 semana pro meu aniversário e como já esperado, meu pai veio falar comigo sobre o casamento arranjado, não precisa disso, mas ainda sim, tenho que me casar, meu pai me passou todos os dados sobre minha futura esposa e eu já comecei a observá-la hoje.