Negociações Do Coração

Mudança

Era por volta das 20:30 de uma sexta feira, e eu já estava cansada de esperar por Soraya. Sim, nós vamos nos encontrar mais uma vez. Neste jogo, a moral e o arrependimento já não tinham mais espaço. Principalmente porque agora, não envolvia mais só prazer, mas estávamos falando de poder. Soraya me era útil não somente na cama — que por sinal, era maravilhosa — mas juntas, poderíamos conseguir chegar muito além. 

Para isso, minha mulher precisaria sair do União Brasil. Porém, teimosa do jeito que só ela é, parece que nada que eu ofereça seja suficiente. Nós marcamos de nos encontrar em São Paulo, já que tínhamos compromissos por aqui. Eu tinha um objeto e só iria sossegar quando a convencesse que sabia o que era melhor para ambas.

Ouvi a campainha tocar e tive a certeza de que era ela, já que quando cheguei, não a encontrei no loft luxuoso que marcamos.

— Eu já te dei a minha resposta — Entrou como um furacão, dando sentido a tudo o que estava morto e sem graça naquele lugar.

— Se não estivesse disposta a mudar de ideia, não estaria aqui! — Fechei a porta calmamente — E a princípio, boa noite, senadora!

— Você se acha, não é?! — Virou-se, me olhando pela primeira vez.

— Você... — Me encarou com um olhar que eu não soube decifrar se era tesão, ódio ou os dois juntos.

— Perdeu a fala, senadora? — Me aproximei — Tenho um objetivo, e você só sai por essa porta quando eu tiver a resposta que quero.

—  Você pode até mandar em mim na cama, mas eu não vou mudar de partido sem ter uma segurança — Virou-se, indo em direção à mesa, onde havia duas taças e uma garrafa de vinho.

— Você já viu quantos escândalos aconteceram neste partido em menos de três meses, Simone? — Disse, servindo as taças — Não sei de onde você tirou que isso seria uma boa ideia.

— Já te disse que vai ser uma boa escolha. Claro, isso se você quiser tentar uma reeleição — Fui até ela — Eu preciso de você lá, e você precisa de liberdade, coisa que no Uniã não te oferece — Peguei a taça de sua mão —- Vai valer a pena, confia em mim.

— Eu preciso de mais tempo pra pensar — Bebeu um pouco do vinho e se afastou — Gosto da vista daqui — Tirou seu salto, virando-se para mim, despretensiosa, do jeito de quem ia dar o bote a qualquer momento — Você encheu a banheira?

— Óbvio — Virei o líquido que estava em minha taça e a coloquei na mesa — Você vestiu o que te pedi?

— Não sei, acho que você vai ter que descobrir — Agora foi a vez dela, virou a taça de vinho, me olhando por cima. Após isso, veio até mim.

— Amo como você fica com esse robe azul Tebet — Colocou a taça sobre a mesa e levou sua mão até o laço do meu robe — Não te ver por 15 dias me deixou com tesão acumulado, será que você vai dar conta, ministra? — Disse baixinho, bem próxima a minha boca, me desafiando.

— Você está brincando comigo?— Segurei seu cabelo pela nuca e a puxei, fazendo com que ela gemesse — Quem vai pedir arrego hoje aqui é você, senadora — Beijei aquela boca que me transportava para outra dimensão. Soraya sempre foi a minha perdição e depois que a provei, posso dizer, não há ninguém neste mundo que consiga ser mais gostosa que ela.

— Que comecem os jogos — Se afastou de mim, tirando o vestido em um piscar de olhos.

Finalmente pude ver que ela vestia exatamente o que eu havia pedido: a calcinha vermelha. O tecido pequeno fazia contraste perfeito com a pele bronzeada. Havia também, uma marquinha tão bem feita, evidenciando que não há muito tempo, um biquíni menor ainda do que o tecido dado por mim, havia sido vestido por ela. Aquela imagem me deixou completamente molhada, atiçada, precisava senti-la. Passar a ponta da minha língua por toda a extensão da marca que o sol deixara naquele corpo de curvas perfeitas era a única em que conseguia pensar.