Capítulo 60 - Immutable

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Em algum momento no tempo, no passado distante e esquecido, Hélios poderia ter sido uma terra fértil e farta, com campos, planícies e oceanos que preenchiam todos os cantos, fornecendo vida a várias espécies que em algum momento ali também poderia...

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Em algum momento no tempo, no passado distante e esquecido, Hélios poderia ter sido uma terra fértil e farta, com campos, planícies e oceanos que preenchiam todos os cantos, fornecendo vida a várias espécies que em algum momento ali também poderiam ter a chance de ter existido. Água pura para ser bebida, grama fresca e árvores frutíferas fornecendo um fôlego suave dos ventos que refrescassem seus espíritos, uma cópia perfeita do que a terra era, do que tinha, do que os humanos em algum momento pararam de valorizar. E se tais essencialidades um dia estiveram ali, foram igualmente drenadas e consumidas, devoradas pela estrela da morte que nos céus dali habitava, apagados da memória de todos, restando apenas uma terra árida.

Jimin podia imaginar pássaros voando no céu, mamíferos correndo pela terra e peixes nadando nas profundezas, porém tudo isso se tornava estranhamente opaco e sem cor assim que piscava seus olhos, despertando de um devaneio momentâneo, encarando o ambiente artificial e sem substância, acreditando que talvez aquela constante comparação fosse apenas uma plena saudade de tudo que tinha visto, a frequente ausência lhe causando uma espécie de abstinência.

Hélios tinha cor, porém eram resumidas em tons que facilitavam a absorção dos raios solares do Criador, fornecendo energia as máquinas, aos paneis e aos mecanismos que mantinham toda a capital funcionando.

A água escassa era utilizada com moderação, sendo principalmente reservada para a produção de alimentos instantâneos preservados nas estufas de prata, escondidas nos jardins de ouro do palácio, no centro das torres, sendo cuidado e manipulado por Erilins em seu tempo livre.

O que Jimin, tinha de sobra.

Observando pelas as janelas, Jimin assistia a vida dos Alados acontecerem, se é que poderia chamar aquilo de vida, uma rotina repetitiva e interminável, resumida em uma única função, que se mantinha inalterável por todos os dias até o fim.

Ele suspirou, entediado, percebendo o olhar afiado de um dos guardas sobre seu rosto, este estando dentro do seu quarto desde que suspeitaram de sua saída sem autorização, aumentando ainda mais sua vigília.

O encarou de volta, afiando seus olhos, pensando seriamente em pulverizá-lo para fora, mas sabia que não podia responsabilizá-lo por apenas seguir ordens, que nem mesmo ele estava sendo capaz de refutar e desobedecer. Desejando, acima de tudo, um pouco de privacidade para conversar mais abertamente com Rose, que devido à presença dele, se mantinha mais reclusa, entregue ao seu papel de Tronos respondendo apenas o que era necessário, desgastando a paciência de Jimin com títulos e cordialidades que odiava.

Rose por ser uma Tronos era como uma dama de companhia de funções ilimitadas, tendo que servir, vestir, instruir e em certos casos até mesmo alimentar seu Arcanjo para agradá-lo, porém mesmo que fosse feita para aquelas funções, não podia exceder o limite claro de hierarquia, seu dever era fazer suas vontades, sem maculá-lo com sua insignificante presença, como alguém responsável para polir uma peça rara e inestimável. Jimin, entretanto, obviamente não a via daquela forma, na verdade, não via nenhum deles daquele jeito, pelo menos, não mais.

Remanescer dos Caídos - O Retorno do traidor -Onde histórias criam vida. Descubra agora