Capítulo 1: Fragmentos da Rede

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Em 2081, o mundo já não se reconhecia mais. Era o auge da decadência, vinte e dois anos após o colapso global que começou com um vírus devastador, capaz de infectar implantes neurais e destruir a mente daqueles que buscavam aprimorar sua humanidade através da tecnologia. O caos não foi apenas físico ou digital — ele transbordou para a própria psique coletiva. Milhões enlouqueceram, suas consciências se confundindo com personagens fictícios da rede, presos em realidades distorcidas, condenados a vagar como fantasmas, ecos de suas mentes se perdendo em gritos silenciosos. Os "Ghosts", como eram chamados, não mais existiam no mundo físico, mas na vastidão das redes isoladas de cada cidade, condenados a interagir com a realidade de formas perturbadoras e imprevisíveis.A Terra, coberta por nuvens de poluição densa e assombrada por chuvas ácidas, era um reflexo perfeito do estado mental da humanidade. Sem sol por dias, as cidades eram poços de escuridão onde corporações disputavam poder com governos corruptos, ambos pouco diferentes em sua ânsia por controle. O sonho de escapar para uma vida melhor em terras distantes era apenas mais uma propaganda mentirosa, destinada a alimentar a esperança desesperada de quem não sabia que essas "novas terras" eram campos de exploração sem retorno.O transporte autônomo, movido por algoritmos frios, cruzava as ruas de cidades isoladas, onde as redes globais não existiam mais. Em cada canto, uma batalha velada pela sobrevivência — humanos comuns, anti-tecnologia, e aqueles que queriam descobrir a verdade por trás do colapso.Entre eles, um velho detetive com um defeito em seu implante neural, que o fazia ver coisas que não estavam lá, lutas entre realidade e alucinação o distraindo a cada passo. Um assassino psicopata, vítima do choque do vírus, navegava sua loucura interpretando personagens criados por mentes que já não existiam. E uma garota, jovem demais para entender o que lhe acontecia, perdida entre o mundo real e o virtual, onde tempestades elétricas e gritos ecoavam em sua mente durante uma aula comum, interrompida pelos chamados insistentes da professora.O governo, sempre presente e cruel, impunha a todos o uso dos implantes neurais, mantendo a população sob controle, distorcendo sua realidade. Entretanto, o vírus, inicialmente visto como uma maldição, era na verdade a chave para libertar as mentes aprisionadas. No submundo dos dados e dos circuitos, fragmentos de consciência humana vagavam, infiltrando-se nos corpos submissos dos cyborgues, especialmente aqueles feitos para a guerra — seres sem mente humana, mas com força bruta e brutalidade ilimitada. As leis impunham a ausência de feições humanas nos rostos dos cyborgues, substituídas por máscaras brancas, eternos servos sem chance de rebelião.No entanto, a história real estava apenas começando. O mistério por trás das conspirações que envolviam o uso de implantes, os fantasmas que tomavam controle de sistemas e a luta por liberdade contra um governo onipresente pairava sobre as ruas escuras e cinzentas.


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⏰ Última atualização: Sep 11 ⏰

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