Capítulo 43

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Quando dei por mim novamente, estava caminhando sem rumo pelas ruas, como se tivesse esquecido o caminho de casa. Logo, o conjunto de casas desapareceu completamente e vi-me adentrando um campo aberto, seguindo o som da água corrente.

A ardência do tapa aumentava a cada passo, enquanto um sentimento de solidão inundava minha alma. Parei à beira de um córrego e agachei-me, pegando um pouco de água gelada e jogando-a no rosto. Lágrimas escorriam pelos meus olhos enquanto encarava meu próprio reflexo na água. Embora não muito claro, era possível ver o local onde William me atingira ficando escuro. Como esconderia esse hematoma da minha avó?

— Você está bem? — virei-me na direção da voz. Liam estava parado a poucos metros de mim, os braços cruzados.

— O que faz aqui? Como me encontrou? — perguntei intrigada. De todas as pessoas, não esperava que fosse ele a vir atrás de mim.

— Prometi para a Annie que ia te encontrar e te levar de volta para a festa dela.

— Liam, desculpe, eu não estou em condições de voltar.

— Eliza, ela está muito preocupada com você. Acredito que ela não terá mais ânimo para festejar se você não estiver com ela.

— E como eu me sinto não importa? Na hora que o William me mandou ir embora, ninguém disse nada, e enquanto eu esperava que alguém dissesse que eu podia ficar, ninguém se pronunciou.

— Sinto muito pelo que aconteceu! Annie e Maxsuel já expulsaram a Lorraine da festa. Vai ficar tudo bem agora.

Não consegui responder a isso. Senti-me afundar no local, incapaz de reagir enquanto as lágrimas desabavam mais uma vez. Liam se aproximou alguns passos e se agachou ao meu lado, colocando a mão em meu ombro como se quisesse me consolar. Após me encarar por alguns segundos, ele se levantou e pegou o celular.

— O que está fazendo?

— Eu, Jonathan e o Nicolas nos dividimos para procurar você. Preciso avisar a eles que te encontrei. Não saia daqui!

Vi Liam dando as costas e se afastando, talvez em busca de sinal. Eu não pretendia sair dali de qualquer forma, porque simplesmente não tinha forças para fazê-lo. Não sei quanto tempo passou desde que Liam me deixou sozinha, quando Nicolas se aproximou e se sentou ao meu lado.

— Que bom que te encontrei — sua voz soou gentil em meu ouvido. — Eliza, eu sabia que você jamais faria aquilo, mas não tive coragem de dizer nada. Não cabia a mim julgar algo que não vi. Me desculpe por isso!

Permaneci em silêncio enquanto as lembranças do ocorrido invadiam minha mente. Fiquei esperando que ele me dissesse para voltar para a festa como Liam fez, mas, em vez disso, ele apenas ficou ao meu lado, fazendo-me companhia, o que foi muito reconfortante.

— O que está fazendo? — Ele deslizava o dedo gentilmente pela minha bochecha, acariciando-a.

— Liam tinha razão. Como poderíamos te pedir para voltar para a festa com o seu rosto machucado assim? Não acredito que aquele idiota teve a audácia de bater em você na frente de todos. Prometo que isso não vai ficar assim!

— Esquece isso, por favor. Não quero que se prejudique por minha causa.

— Penso que...

— Não pense! Esquece esse assunto, por favor! — pedi-lhe, deixando minha cabeça tombar sobre o ombro dele. — De qualquer forma, obrigada pela preocupação!

— Você quer fazer alguma coisa? — ele perguntou pausadamente após um breve tempo de silêncio.

Fiz que não com a cabeça. A tristeza aos poucos foi sendo substituída por sono, enquanto observava as águas correndo.

Destino: O herdeiro AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora