𝑨𝒃𝒊𝒔𝒎𝒐 𝒅𝒂𝒔 𝑬𝒔𝒕𝒓𝒆𝒍𝒂𝒔 | 𝑱𝒂𝒌𝒆𝒉𝒐𝒐𝒏

STARS

Aviso: esta história pode conter alguns gatilhos e menções de tentativa de suicídio, mutilação, depressão, abuso sexual, agressão e outros assuntos sensíveis.

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Abismo das estrelas
JAKE & SUNGHOON

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O frio gélido batia contra os ombros desnudos de um certo australiano. Jake estava ao lado de fora da chácara em que passava a semana junto dos amigos. Bem, todos poderiam jurar que o Sim estava bem, já que o mesmo vivia sorrindo e parecia estar sempre de bom humor. Porém, Jaeyun estava vazio, não queria estragar o clima gostoso e divertido que os amigos haviam criado, se culparia eternamente por deixá-los preocupados com suas bobagens.

Andava distraído pelos redores da casa, estavam em uma região montanhosa, o céu estralado junto da enorme lua eram a única fonte de energia disponível para que pudesse enxergar naquela escuridão. Jake já estava no topo da montanha, deitou-se no gramado e fechou os olhos com força sentindo suas olhos lacrimejarem.

Pensava já ter superado suas decaidas causadas pela depressão, mas sempre que olhava para suas cicatrizes voltava a sentir todas àquelas sensações angustiantes que antes eram frequentes. Voltava a pensar em quantas vezes tentou tirar sua vida, em quantas vezes foi fraco e deixou-se levar pela melancolia do momento, em quando viu todos aqueles que amava e que o amavam ao redor de sua maca hospitalar, chorando por descobrirem o motivo de seu sumiço repentino. Seus corações apertaram ao saber que o amigo tentava tirar a própria vida.

Ao abrir os olhos, cativou-se com as mais diversas constelações, pensava que, se morresse, gostaria de reencarnar como uma estrela, e que todos lembrassem dele quando o céu estivesse reluzente como naquele momento. Voltara a fechar os olhos e pensar nos acontecimentos de sua vida, em como seus amigos faziam de tudo para que ele se sentisse melhor.

Sorria bobo por lembrar das vezes que jogava vídeo-game com Jay e Heeseung, e como eles eram competitivos em cada partida duradoura. Lembrava-se dos momentos calorosos que tinha com Jungwon, de seus passeios diurnos, conversas aleatórias e conselhos de vida. Niki era uma ótima companhia, mesmo que vivessem implicando um com o outro, se tinham como irmãos. Sunoo não ficava de fora, o loirinho sempre o levava para os mais diversos locais, fazendo com que se sentisse confortável consigo mesmo. Queria permanecer assim, deixar suas memórias ruins de lado e relembrar das boas construídas com cada um de seus amigos.

Mas tinha alguém em especial que o fazia sentir-se nos céus. Park Sunghoon era seu refúgio, era o único com quem conseguia abrir-se mais e compartilhar seus traumas e dores. Sunghoon era o único que sabia sobre os abusos e agressões que sofria do pai após o falecimento de sua mãe. Park era como um anjo em dia vida, sempre ficou ao seu lado o abraçando e confortando, fazia de tudo para não deixá-lo sozinho. Jake gostava dele, gostava até mais do que devia, no começo achou que era algo bobo, talvez apenas o sentimento de gratidão. Mas após aparecer totalmente machucado aos prantos na porta do mais novo, sentiu que finalmente poderia ficar em paz, porquê o Park fez questão de cuidar de seus machucados externos e internos, teve a iniciativa de tirá-lo do teto do monstro a quem chamava de pai, e teve a gentileza de oferecer abrigo para o amigo que sempre ajudava.

Jake admitia que estava apaixonado, mas sabia que era um sentimento distante. Sunghoon vinha de uma boa família, era bonito e popular, com certeza já tinha alguém em mente para compartilhar os sentimentos do amor. E era esse o maior medo do australiano, poderia lidar com a rejeição, mas temia ser abandonado pelo Park. Poderia soar como um egoísta, mas Jake sentia que Sunghoon era seu refúgio, sua casa, seu melhor amigo.