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❛ SOPHIE JAMES ❜

Ficar em casa não era uma coisa ruim, mas ter que passar tantos dias recolhida por segurança chegava a ser tedioso. Eu estava fazendo as mesmas atividades, andava por aquela casa seguindo uma rotina que não saía da mesmice e que com certeza me enlouqueceria em breve. Tentei fazer com que Vinnie fosse uma coisa nova e conversei com ele sobre tudo, tanto que chegamos a perder os assuntos e nos limitamos a séries que estávamos assistindo em comum. Era bom que ele estivesse ali me seguindo o tempo todo. Sozinha eu ficaria louca mais rápido.

Em uma tarde de quinta e depois da minha última aula de francês eu fui até a biblioteca principal da casa. Fui até a ala da família Miller e peguei um dos álbuns de fotos antigos.

— Às vezes quando estou entediada eu venho aqui e procuro sobre o passado dos Miller. Eles sempre foram poderosos, sabia? — fui dizendo enquanto andava até um dos sofás perto da lareira.

— Ah, é? — Vinnie indagou ao me acompanhar. — E como eles ficaram tão ricos?

— Você já ouviu falar da corrida do ouro?

— Sim.

— Um grupo comandado pelos antepassados do Frederic fez parte disso e ajudou no genocídio de vários nativos que viviam nas regiões das minas. É triste pensar que tudo isso... — indiquei o lugar em volta. — ...foi fruto de algo tão cruel.

— Como eles começaram a se envolver com política?

— Eles foram sorrateiros. Migraram para diferentes regiões do país, tomaram espaços, usaram suas riquezas para comprar pessoas e a confiança delas. O Frederic foi o primeiro a chegar tão alto na política. Antes dele o seu avô foi senador. Mas essa é a parte antiga da história. — coloquei o álbum sobre o meu colo e o abri.

— Esse é o Frederic? — perguntou aproximando-se para ver.

— Sim. E você pode sentar ao meu lado se estiver curioso.

Vinnie sentou no sofá e olhou para a foto do Frederic durante o colegial abraçado à sua primeira namorada.

— Quem é ela? — Vinnie perguntou.

— Catarina. Primeira namorada, primeira esposa, mãe da primeira e única filha que o Frederic tem. Ela é brasileira e veio para cá muito jovem.

— Onde ela vive agora?

— Washington. E, diferente do que os fofoqueiros dos tabloides falam, ela e a filha não me odeiam. Eu não roubei o marido de ninguém, Frederic já estava divorciado há mais de um ano quando nos conhecemos.

Continuei a passar as fotos da vida dele, a faculdade, primeiro casamento, nascimento da filha e tudo antes de a pequena virar adolescente.

— Ela deve ter a sua idade. — Vinnie sibilou com um vinco entre as sobrancelhas se referindo à filha de Frederic. — Desculpe, eu não tenho a intenção de ser rude.

— Tudo bem. — eu ri. — Ela é um ano mais velha que eu.

— Ah. — pareceu surpreso. — Então ele tem a idade do seu pai?

Olhei de relance para Vinnie e tentei não me irritar com a pergunta.

— Não. O meu pai era mais velho dois anos ou três. — dei de ombros.

— "Era"?

— Ele morreu.

— Sinto muito.

— Não sinta. — eu disse em um tom grave.

Ele ficou em silêncio por um instante, era notável que aquele não era um assunto do qual eu queria tratar. Mas mesmo assim, ele se atreveu a fazer a próxima pergunta.

𝗙𝗜𝗥𝗦𝗧 𝗟𝗔𝗗𝗬Onde histórias criam vida. Descubra agora