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❛ SOPHIE JAMES ❜

Aquela reunião demorou mais do que eu esperava. Tive que conversar separadamente com o Frederic e com os seus três advogados. Eles achavam que iriam conseguir uma prisão domiciliar se Frederic ao menos desse o nome de algum de seus associados, mas eu sabia que ele jamais faria isso. Ele podia ser um traidor em vários parâmetros, mas jamais seria do tipo que entrega alguém para a justiça, muito menos alguém que pode matá-lo.

— Eu soube o que aconteceu. Tentaram te sequestrar? Eu fiquei apavorado! — ele disse olhando-me com certa preocupação.

— E de quem é a culpa? — estreitei o olhar para ele.

— Eu sei, eu sei... E eu sinto muito. — desviou o olhar. — Ao menos estão te protegendo? E a sua equipe de guarda-costas? Estão a postos?

— A polícia está na nossa casa.

— O Vinnie também?

— É. Ele resolveu se fazer muito presente. — suspirei.

— E isso te incomoda?

— Sim. Mas me incomodaria mais se ele não estivesse e isso é um saco.

— Que tal uma viagem para o Hawai quando tudo isso acabar? — sorriu. — A gente tem adiado isso há anos.

Olhei para ele por um instante tentando decifrar as suas intenções. Frederic olhava para mim com esperança, mas não uma esperança real. Ele sabia que ia passar o resto de sua vida na cadeia, só estava tentando amenizar as coisas para mim pensando em um futuro onde ele estaria livre para ir comigo a um lugar paradisíaco.

— Seria ótimo. — resolvi alimentar aquilo por enquanto.

— Perfeito. — seu sorriso se tornou mais triste quando ele olhou para os próprios pulsos algemados sobre a mesa. — Eu vou ser transferido amanhã.

— Eu soube.

— Meu julgamento deve ser feito em Washington. Você vai estar lá?

— Sim.

Ele esticou as suas mãos até as minhas e eu não me movi até que ele as segurasse. Permiti aquele contato e o encarei.

— Sophie, quero que saiba que apesar de todas as mentiras e coisas absurdas que eu te obriguei a fazer eu realmente tentei fazer a sua vida ser melhor do que jamais foi. Eu me arrependo de noventa por cento das decisões que tomei durante a minha trajetória e sei que não posso mudar isso, mas saber que eu te deixei em uma situação de vida confortável me faz sentir menos horrível comigo mesmo.

— Por que parece que você está se despedindo? — minha voz soou temerosa. — Não é uma despedida.

— Não, não é. — sorriu fraco. — Mas tudo vai ser diferente de agora em diante e eu não vou ter mais o conforto de olhar para o seu lindo rosto depois de um dia difícil. Não sei o que você vai fazer agora que não tem mais obrigações comigo, então espero que use o dinheiro que eu te deixei para coisas grandiosas e honestas. Você pode pensar em algo, você é um anjo.

— Eu quero perguntar uma coisa. Por que fazia o que fazia? Por que roubar dinheiro público? Por que juntar-se a tantas pessoas ruins?

— Na política e no mundo da burguesia só existem duas opções. Ou você luta contra eles ou se junta a eles. Se escolher a primeira você morre mais depressa. E ninguém te avisa isso antes que esteja até o pescoço de informações que podem te matar.

— Então você só fazia o que os poderosos queriam que fizesse?

— E ganhava um bônus com isso, é claro. — deu de ombros. — Acho que eu fui instruído a minha vida toda a sempre pensar no meu crescimento pessoal. Minha família tem raízes tortas.

𝗙𝗜𝗥𝗦𝗧 𝗟𝗔𝗗𝗬Onde histórias criam vida. Descubra agora