Charlie e Lizzy eram amigos inseparáveis quando crianças. Seus pais também eram amigos próximos, e as famílias passavam muito tempo juntas. Eles eram os melhores amigos, até um dia Lizzy teve que se mudar para a França por causa do trabalho dos pais...
"Acabei de achar vc, meu diário achei q tinham jogado fora, mas não acho que estou aliviado, cara, como cheguei aqui? Das coisas que eu escrevia quando menor, era tão puro, e hoje estou eu aqui sentado nessa cadeira enquanto tenho uma crise de disforia chorando e me perguntando, como? Por que? Me disseram "se ninguém te escuta, escreva" aqui estou eu, nem sei oque sinto mais, estou pura confusão mental. Sinto que não sinto dor o suficiente pra reclamar, mas dói da mesma forma, eu tento não parecer dramático, mas ser um garoto trans com 17 anos não é fácil, você só quer ser aceito, mas sabe que no fundo, no fundo, nunca vai ser um garoto de 100%, sempre vai ter aquele 50% fazendo você lembrar que no fundo eu sou uma garota, no fundo eu não sou o Angel, no fundo eu ainda sou Lizzy, aquela garotinha que ama violeta, tulipas e margaridas, aquela garotinha que adora usar vestidinhos com estampa de flores, aquela garotinha que faz penteados todo dia antes de ir pra escola, aquela garotinha que é aceita, aquela garotinha que todos amam, aquela garotinha que já foi feliz, aquela garotinha que nunca vai ser aquele garotinho, nunca vai ser aquele garotinho."
"Aqui estou eu, escrevendo de novo, escrevendo pra tentar me libertar desse sentimento de vazio que eu sinto toda manhã, são exatas 02:15 e eu estou pensando demais, odeio quando isso acontece, insônia? Talvez, não sei. Mas vou tentar dormir, qualquer coisa eu volto aqui pra escrever mais. Boa noite caderno. (por que eu tô falando com um caderno eu não faço a mínima ideia, mas não duvido de mais nada vindo de mim)"
"Consegui dormir, tomei alguns remédios pra dormir, acordei agora, são 04:53 e eu vou me arrumar pra escola, estou feliz porque eu finalmente encontrei meu diário, aqui tem tantas coisas escrevo desde os meus 6, ganhei um ano antes de ir pra Paris, agora vou me arrumar, vou pra escola daqui a pouco"
Guardo meu diário na minha bolsa e me levanto indo em direção ao banheiro, tomar uma ducha e fazer minha higiene matinal, saindo do banho vesti uma calça cargo preta com uma blusa branca de manga longa com gola alta, meu vans preto de sempre, um colar de corrente grande e um preto de lua branco e alguns anéis.
Desci até a cozinha, minha mãe provavelmente já tinha saído, então olhei o celular.
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"Sabia, calma, voltar pra França? Será que vou ter que ir também??? Eu não quero voltar para lá, eu estou bem aqui. Espero que eu não precise ir, já tenho 17 anos, sei me virar, não preciso ir, espero que não precise ir"
Escuto a buzina do meu pai e saio, tranco a casa e vou até o carro, a Bia não veio hoje.
—cadê a Bia??-pergunto pros mais velhos. —ela ficou em casa, está doentinha, meio gripada.—meu pai responde. —ah, pera, mas ela tá sozinha? —não, contratei uma babá pra ela.—meu padrasto responde. —ata.
