único

551 51 17
                                    

Depois de viver muito tempo na corda bamba que estava o casamento deles, Irene e Antônio seguiram caminhos separados. Obviamente que não era por vontade da mulher, mas Antônio não perguntou, apenas disse que eles se separariam e a colocou na pousada. Dizer que a mulher estava revoltada era eufemismo, principalmente porque Antônio achou que seria uma boa ideia ter ela e Agatha no mesmo lugar. Irene sabia que os dois estavam saindo juntos, por isso não se acanhou e começou a sair cada vez mais publicamente com Vinícius.

Óbvio que Antônio não tinha reparado. O homem estava obcecado pela ex mulher, esquecendo tudo o que tinha vivido e construído com Irene. Não que ela ficasse surpresa, mas ainda sim doía. Depois de todos os anos que ela dedicou a ele, ser descartada sem mais nem menos e ainda ficar invisível pra ele eram seus maiores medos que infelizmente se tornaram realidade.

A mulher não gostava de Vinícius. Não mesmo, mas ele era um corpo quente depois de dias frios para uma mulher que não sabia mais dormir sozinha. Ela sentia falta do marido, de sua familia. As coisas na fazenda andavam de mal a pior. Com a recusa de Antônio em se envolver em algo que não fosse Agatha, tudo estava uma bagunça. Angelina estava perdida, Petra estava cada vez mais na pousada atrás de Hélio, Luigi tinha sumido e Caio obviamente não saía da barra da saia da mãe.

Irene sabia que o lugar ia ruir sem ela, mas não ia se prestar ao papel de voltar sem ser chamada por Antônio, portanto, estava presa a pousada. Ele ainda pagava todas as despesas dela, mas a mulher não sabia quanto tempo duraria.

Esse era um daqueles dias. Irene e Vinicius tinham combinado de jantar em um belo restaurante no centro da cidade. Sempre vestida para matar, Irene usava um belo conjunto roxo que valorizava suas curvas, acompanhado de jóias discretas, mas que traziam o brilho e a atenção necessária para si mesma. Vinícius também estava bonito e casual, usava uma calça jeans e uma camisa branca que deixava para apenas imaginar seus músculos bem definidos por baixo dela.

Irene devia saber que tranquilidade demais durante um tempo significa que uma tempestade logo se aproximaria. Pois bem, entrando no restaurante de braços dados com Vinícius, o mundo de Irene quase caiu sobre ela. Antônio e Agatha também estavam lá jantando, e bem próximos um do outro. Olhando para Vinícius ela até pensou em sugerir outro lugar, mas no meio da frase decidiu que se Antônio não se escondia, ela também não iria.

Entrando de cabeça erguida no restaurante, sentiu os olhos do marido na nuca dela como sempre sentia quando ele estava com ciúmes. Sentando com Vinícius em uma mesa mais afastada, Irene não podia deixar de observar o marido e reparou que ele fazia o mesmo. A mulher não podia negar que sentia uma certa satisfação ao ver que Antônio não prestava mais atenção em Agatha, que tentava a todo custo conversar com ele, mas ele só tinha olhos para ela.

Antônio não sabia que Irene podia abalá-lo tanto quanto ela fez ao entrar naquele restaurante com Vinícius. Não que ele achasse que depois que a dispensou ela ficaria pra sempre sozinha, mas seu ego estava ferido por ser um funcionário dele. Ele ficou tentando a levantar e fazer um escândalo, mas nunca poderia explicar a ninguém o porque de sentir ciúmes de uma mulher que ele mesmo dispensou.

Tentando voltar para seu jantar e para a mulher que estava com ele, Antônio se viu falhando. Cada vez que olhava para a mesa de Irene, via como a mulher estava cada dia mais linda e se pegou observando o sorriso dela, um sorriso sincero e divertido que antes era somente reservado a ele. Logo uma dor no peito o seguiu, acompanhada de lembranças com aquela mulher, a mulher que sempre fez de tudo por ele e se comprometeu com uma vida que ela não estava acostumada, mas sempre fez seu melhor para que ele fosse feliz, esquecendo ás vezes da própria felicidade.

Mas o pior ainda não tinha chegado. Ah, não tinha mesmo. O coração de Antônio quase parou quando viu Irene e Vinicius levantarem e compartilharem uma dança com uma musica qualquer que Antônio não fazia nem questão de lembrar. Dançar com Irene sempre foi uma das coisas favoritas dele, o jeito que o corpo dela encaixava com perfeição no dele, como as mãos dela se encontravam atrás de seu pescoço e o jeito que ela sempre abria um sorriso cheio de covinhas pelo seu jeito desajeitado de dançar.

Don't You Remember?Onde histórias criam vida. Descubra agora