O ano é 2004, e a forma mais fácil de Taehyung e Jimin fofocarem sobre o dia a dia no trabalho é através dos e-mails institucionais.
Ninguém tem tantas anedotas diárias quanto o designer de interiores Taehyung, mas é com a entrada do novo president...
Se um resumo dessa história com o Sr. Jeon (Jungkook, quer dizer, né? Pois sim, eu percebi a mudança nos seus e-mails mais recentes) não chegar na minha caixa de entrada nos próximos 15 minutos, nunca mais falo com você. Eu juro.
Acalme-se!!! Ok, vamos lá. Tudo começou comigo querendo sair um pouco de casa. Adoro o meu lar, não me entenda errado, mas quando eu começo a pensar em pintar a parede de outra cor, sei que está na hora de eu espairecer um pouco. A contragosto, Jungkook concordou que seria legal fazer algo fora daqui. Não entendo a preocupação excessiva com a minha mão? Será que aquele negócio de palmas gêmeas é importante pra ele? Apesar do preciosismo, o Jungkook não tá de todo errado: o ferimento precisa se recuperar melhor. Achamos importante proteger a mão antes de sair, por isso eu coloquei uma das ataduras. O Jungkook me ajudou, e eu fiquei observando ele prender, cheio de cuidado, as extremidades da faixa com esparadrapo. Minha cara ficou na cor vermelho-vergonha. Ali já tinha pintado todo um clima. Enquanto eu tentava vencer o rubor, surgiu a questão: pra onde a gente ia? Aí eu me lembrei de um folder que peguei essa semana. Está rolando o festival de verão no parque de Everland. Shows aquáticos e de luzes, comidas fritas e raspadinhas de frutas. Não há coisa melhor!! Eu sugeri que fôssemos para lá, meio que preparado para ouvir uma recusa. Só que para minha surpresa, o Jungkook aceitou, todo empolgado. Tenho a impressão que ele estava precisando dessas folgas tanto quanto nós, do proletariado. Pois bem. Vestindo bermudas e camisetas — sim, o Jungkook usando uma B-E-R-M-U-D-A, dá pra acreditar? — decidimos que íamos usar o transporte público pra chegar lá. Guarde essa informação, porque será importante para os eventos futuros. Imagino que agora você esteja esperando por um relato romântico, mas a primeira parte do passeio não foi exatamente a epítome de uma paixão vivida por dois homens jovens em um dia de verão. Resumidamente, o Jungkook queria ir nas geringonças mais mortíferas do parque. Logo que chegamos, os olhos dele pousaram sobre a montanha-russa com um brilho diferente. — Ah, tem tantos anos que não vou em uma. Era o meu brinquedo favorito. Eu, sendo um idiota, sugeri: — Quer aproveitar que a fila ainda não tá grande e ir agora? Sendo sincero, eu tava com vontade de comer alguma coisinha, mas considerando que havia um risco de colocar a comida para fora se eu andasse naquilo de estômago cheio… Achei que era melhor começar pelo pior. Ele confundiu minha resignação com animação, e lá fomos nós. Eu nunca tinha ido em uma montanha-russa grande como aquela. O negócio dava tantas voltas, Jimin, que estou crente que todos os meus órgãos já nem sabem os lugares que ocupam dentro de mim. O meu coração deve ter ido pro lugar do estômago. Nosso corpo não foi feito pra passar por uma coisa dessas. Não deve fazer bem pro cérebro ser chacoalhado e revirado assim. Mas pelo menos não passei mal dessa vez. Seria tipo, a terceira ocorrência na frente dele? Meio que eu perderia meu charme de donzela em perigo e começaria a parecer um hipocondríaco. Como eu fiquei bem — e demonstrei tal sentimento ao sorrir como um palhaço —, o Jungkook achou que estava tudo indo às mil maravilhas, o que resultou em mais idas a outros brinquedos radicais. Perto da hora do almoço, eu já estava verde de fome (figurativamente) quando paramos pra comer uns cachorros-quentes no espeto. Comida de parque é outra coisa, né? Até agora não esqueci a maionese verde (não figurativamente) deliciosa que acompanhava o cachorro-quente. E verde, Jimin, era a cor da minha vingança. Porque ali, ao lado dos carrinhos de vendas, surgiu minha oportunidade para uma revanche. Eu sei, eu sei, o Jungkook nem sabia que estava em alguma disputa. Mas qual seria a graça se só eu saísse da minha zona de conforto para agradar o outro? Qual seria a graça se ele também não sofresse um desconfortozinho? O encontro ficaria desbalanceado, oras. Espera, espera, deixa eu mandar esse e-mail logo, porque tô perto de exceder os 15 minutos que você me deu.
