Em um único dia, decidi visitar novamente um lugar especial para mim, de minha infância... O local depois de muito tempo, foi abandonado e esquecido pelas pessoas, quando cheguei ao local, estava uma neblina tão espessa que eu não era capaz de ver minha frente com clareza, única coisa que fui capaz, foi ver o passado por breves momentos de ilusão.
Enquanto eu entrava na pousada abandonada, vi eu mesmo sentado na calçada com minha família, e vi fantasmas.
Enquanto eu caminhava pela pousada, onde servia como local de lazer para minha família em datas comemorativas, eu via cada vez mais fantasmas por onde eu andava, cenas marcantes... dias felizes... ecos de conversas. Eu olhava os vultos de uma pequena Ser, brincando de esconde-esconde...
Eu não me incomodava com a presença daquela fantasma que me circulava para lá e para cá, aquela criança pulando e se divertindo... depois de ver uma pessoa após tanto tempo, eu até me divertia um pouco depois ver aquela cena cheia de graça. Em um clima de bonança e vento fresco, o mato seco e morto que antes era verde e úmido por onde eu andava, que por coincidência que pareça, a fantasma brincava no mesmo lugar.
Uma confusão em que tudo parecia apenas um flashback de um filme, onde fui capaz de enxergar eu mesmo passeando e se divertindo pelos lugares no qual uma vez pude chamar de "meu" e de "especial", como se eu estivesse vendo memórias gravadas; e então eu percebo que eu cometi o maior erro que alguém pode cometer após ficar mais velho, visitar o passado.
Eu via resquícios do meu purgatório, como se eu fosse obrigado a olhar o tempo que morreu, o tempo no qual foi perdido e não possui mais reparo. Quando mais eu andava pelo mato seco daquela pousada, achei o quarto que eu fiquei na última vez que visitei o local, quando abri a porta, eu me arrepiei, e senti cada milímetro do meu corpo gelar e paralisar... Eu vi aquilo...
Quando me dei conta, eu acordo na cama da pousada do mesmo quarto que estava, fiquei um tanto espantado com a situação, mas, aparentemente eu tinha decidido tirar um cochilo como nos velhos tempos, e sonhei um pouco demais.
Quando decido criar coragem para levantar da cama, sinto o chão de madeira daquele quarto ranger... um tremor que me fez pensar que o quarto iria virar do avesso, eu imagino o quanto de sangue e esforço que eu tive que botar em mim mesmo para apenas visitar este lugar, este inofensivo quarto...
Eu imediatamente tento recuperar meu equilíbrio após o tremor, diversas rachaduras se formando envolta do quarto, eu, em completo desespero ao tentar achar a saída do local, olhei para o lado e me dei conta que a fantasma da criança estava puxando meu blazer, querendo me guiar para um lugar...
Eu confiei no meu instinto e segui a fantasma. Ela me guiou até uma porta de ferro, com tranca enferrujada e desgastada pelo tempo, eu decido abrir, e no momento em que aquela porta é aberta...
Tudo fica escuro, e me vejo em outro lugar do passado? No momento eu não sabia onde eu estava, mas conforme eu ia andando pela escuridão, com a fantasma me guiando, ela me levava para uma luz.
Quando fui olhar com bastante cuidado para dentro daquela luz. Era um cenário novo, em um corpo novo, mente nova, eu estava mais jovem? Era tanta informação que eu sozinho, não conseguiria lidar com tanto assim. Mas era elementar que a paisagem daquele lugar estava excelente! O asfalto molhado de piche, as poças que se acumulavam em baixo dos paralelepípedos de cor arco-íris, as árvores cheias de fios de energia, o cheiro de gasolina no ar, cenário mais limpo é impossível, era apenas uma rua simples de bairro, que por ventura, esta magnificência de simplicidade se enchia com os mais enormes detalhes! Onde até mesmo Morfeu se encantaria com o sonho que eu estava vivendo ali, uma rua de mão dupla cheia de árvores e asfalto quebrado devido as raízes das arvores crescendo no concreto.
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Uma valsa de nostalgia
Short StoryQual sentimento que consegue ser profundo o suficiente para que uma tristeza do dia, se torne a tristeza de sua vida? o sentimento de não conseguir voltar, e se sentir preso ao futuro ao presencia-lo. Vos apresento, nostalgia.