Capítulo Único

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"Vamos, vamos entrando."

A porta rangeu um pouco, mas pelo menos não falhou quando virou a maçaneta.

"Nunca achei que teria uma visita sua. Perdoe minha indelicadeza, não há nada preparado, especialmente pra você."

Após colocar a cesta em cima da mesa bamba, se apressou para por a água no fogo. Arrancou de uma vez as folhas, daquele jeito mesmo com seus dedos sujos de fuligem. Era certo que ela não estava com fome, não depois de tudo, mas insistiu em pôr uma segunda xícara a mesa.

"Nunca tive a oportunidade de lhe servir um chá. Esse? É de erva-doce."

Uma expressão estranha estava estampada no rosto dela. Ela o reconheceu, era o seu cocheiro.

"De fato esse não era o meu trabalho. Entretanto, como eu não tenho mais emprego, por favor não se incomode."

Chloé sabia que aquele chá quente não faria sua enxaqueca passar e olhando para Luka ela foi sendo deixada de lado. Em meio a tanto frio que sentia, seu rosto a aqueceu. Toda reputação que tinha e ele foi o único que esteve lá por ela. Esse garoto...nunca havia o enxergado antes, logo, o Sol desapareceria atrás dos muros chegando então a noite. A noite fria. E ele seria encoberto novamente. Não veria mais Luka. Era tarde, tarde para Chloé e ele nunca mais sairia de sua cabeça.

"Confesso que quando você subiu, não quis que você morresse. Mas, olha como estamos agora. Você nunca tomaria chá comigo viva."

Com um sorriso cortês lhe perguntou tomado pela inocência:

"Pode me contar sobre os músicos do palácio?"

Mas ela não respondeu mais, o cheiro da podridão se misturando com o da erva-doce.

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Chloe subiu degrau por degrau, mas se incomodou mais pela barra do vestido roçar nas tábuas de madeira cobertas por sangue, do que os insultos que fazia questão de ignorar. Quando chegou lá em cima e viu seu pai - parte dele - foi arrebatada pelo medo. As lágrimas caiam de qualquer jeito em seu rosto branco e borrado. Um réquiem tocou, Luka pode escutar, mesmo que sozinho, rodiado pelos gritos infernais. E Chloé escutou também, porque o encontrou em meio a multidão e sorrio para ele.

Quando lhe cortaram a cabeça, ainda tinha seus olhos presos nos dele, que acompanharam até quando mergulhou em meio a grãos de trigo e cevada. Só lhe entregaram a cesta e lhe disseram: faça o que quiser com ela. Então ele a convidou para um chá.

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A Primeira E A Última Conversa - Miraculous Ladybug (Lukloe)Onde histórias criam vida. Descubra agora