Capítulo 1

4 0 0
                                    

Capítulo 1
Ally…
Vithor e eu éramos melhores amigos a uns 9 anos ou mais, nunca havia rolado nada que
ultrapassasse os limites da amizade (a não ser o fato de eu ser apaixonada por ele), ele nunca
saberia, o amor podia ser grande, mas a amizade que tínhamos era mais importante do que toda
aquela paixão. Sempre que precisava sua casa era minha. E naquele fim de semana não seria
diferente.
Dona Liz, a mãe de Vithor, vivia dizendo que nós dois formamos o casal perfeito, Bryan
o irmão do meio também, o único que não concordava muito com a ideia era Gus, o mais velho
dos três, talvez pelo fato de que ele vivia me paquerando quando estávamos juntos. Com eles,
independente do que acontecesse eu me sentia parte da família e isso era muito bom. Vithor e
Gus eram um o oposto do outro, meu melhor amigo era um pouco mais alto que eu, usava o
cabelo na altura do ombro e seus olhos azuis eram o que mais chamava a atenção de todos, tinha
um corpo atlético, era engraçado e podia não aparentar, mas sempre estava disposto a ajudar
quem precisasse.
Gus e Bryan eram mais parecidos com o pai, cabelos castanhos claros e olhos
castanhos, tinham o corpo bem definido pelas horas gastadas em academias e tinham o gênio do
pai também, sempre muito decididos.

Mensagem on...
-Vithor é sério que posso passar o fim de semana aí?
- Sim Ally, sem problema nenhum.
- Muito obrigado, estou precisando fugir um pouco do caos de tudo isso.
- Eu sei minha linda, por isso te chamei para vir para Porto Alegre e porque preciso
urgentemente comer aquela sua lasanha haha.
- Babaca, chego às quatro horas da tarde, ok?
- Ok, até mais, te amo.
- Também te amo.
Mensagem off...

Ir para casa de Vithor em Porto Alegre era minha válvula de escape, para o caos que era
minha vida, ele era tudo pra mim, a amizade era longa e ele me conhecia muito bem.
Fui para a rodoviária com apenas a minha mochila e embarquei no ônibus, rumo a um
fim de semana de muitas risadas e tranquilidade, nos víamos sempre que possível, afinal tanto
minha vida quanto a de Vithor eram corridas, ele fazia faculdade de medicina e eu estava me
especializando em confeitaria.
Chegamos em Porto Alegre faltava uns minutos para as quatro horas, mas Vithor já
estava lá me esperando, coloquei o pé no último degrau do ônibus e avistei meu amigo, sempre
do mesmo jeito, cabelo comprido, camiseta preta e um jeans surrado, quando me viu veio na
minha direção e eu fui correndo na sua, fazia algumas semanas que conversamos apenas por
celular.
Quando chegamos perto pulei em seus braços e recebi o melhor abraço do mundo, quem
nos olhava e não nos conhecia dizia que éramos namorados, e muitas pessoas nos olhavam com
esses olhos, mas Vithor e eu nos conhecíamos desde a escola e ao longo dos anos se tornou a
amizade que temos hoje.
- Ally, você chegou. Disse ele quando desci dos seus braços.
- Eu estava morrendo de saudade. Disse abraçando ele de novo.
- Eu também. Disse ele pegando minha mochila.
- Temos algo para fazer agora? Perguntei para ele.
- Sim, passar no mercado, depois quero te levar em uma rua que você vai amar, só tem
livrarias, ah e temos uma festa de um amigo da faculdade para ir. Disse ele caminhando
ao meu lado, era quase um milagre quando Vithor tinha tempo para sair, a faculdade de
medicina era muito corrida para ele, muitas das vezes que eu vim para Porto Alegre
para ajudar ele com os trabalhos da faculdade.
- Podíamos passar nessa rua primeiro e depois no mercado. Disse olhando para ele.
- Pode ser, vamos de táxi, essa rua é meio longe. Disse ele acenando para que um carro
parasse para nós.
Ficamos uma hora passeando pelas livrarias, comprei alguns livros e uma segunda mochila,
depois passamos no mercado e fomos para a sua casa, Vithor queria que eu fizesse minha
lasanha, eu havia concluído minha faculdade de gastronomia a pouco tempo, tanto que minha
vontade era vir morar em definitivo aqui e abrir meu negócio próprio.
Chegamos na casa de Vithor eram umas sete horas, eu estava cansada, mas ele ainda queria
ir nessa festa, então nada de descanso por enquanto, daria o meu máximo para aproveitar o fim
de semana.
- Ally, quanto tempo. Disse Dona Liz quando entramos na casa.
- Ah, eu ainda venho morar perto de vocês. Disse para ela.
- Seria ótimo. Disse Gus sentado no sofá.
- Oi Gus. Disse cumprimentando ele de longe.
- Sim meu amor, seria ótimo. Disse Vithor subindo as escadas.
- Vocês ainda vão namorar. Disse Liz me puxando para a cozinha, geralmente Vithor me
chamava de “amor” somente quando Gus estava perto, o que me intrigava, mas mais
era pelo ciúme que ele sentia do irmão comigo.
- Ah Dona Liz. Disse colocando as sacolas em cima da bancada.
Nem venha com isso Ally, sei que gosta dele, vejo no seu rosto quando ele lhe chama de
amor. Disse ela me ajudando a tirar as compras.
- Ele tem me chamado muito assim quando Gus está por perto. Disse para ela,
começando a pegar as panelas, eu já era de casa então sabia onde tudo era guardado.
- Oba, vai ter lasanha. Disse Gus da porta da cozinha, o que me fez levar um susto.
- Ela vai cozinhar para mim. Disse Vithor passando por ele.
- Vou fazer para todos Vithor. Disse arrumando as coisas.
- Gus está fazendo gastronomia. Disse Dona Liz picando as cebolas.
- Que legal Gus, se quiser te dou algumas dicas. Disse para ele.
- Mas amanhã ou outro dia, hoje temos uma festa para ir. Disse Vithor, o fim de semana
seria assim, eles trocando insultos o tempo todo.
- E Bryan? Perguntei mudando o foco do assunto.
- Na casa da namorada. Disse Vithor me ajudando com a lasanha.
- Eles vão vir para o jantar? Perguntei para Vithor.
- Vão sim, Bryan me mandou mensagem a pouco, ele quer te apresentar Bia. Disse Vithor
picando os tomates.
- Você está fazendo errado, Vithor. Disse e comecei a rir.
- Achei que não tinha jeito errado. Disse ele me passando o tomate e faca.
- Tem sim, eu termino. Disse sorrindo.
- Olá família. Disse Bryan entrando na cozinha.
- Oi Bryan, quanto tempo. Disse cumprimetando ele.
- Bia, essa é a Ally, melhor amiga/namorada do meu irmão. Disse ele.
- Uau, Vithor fala muito de você, ele disse que você ama ler. Disse Bia dando uma abraço
em mim.
- Sim, comprei mais alguns livros hoje. Disse para ela.
- Eu adoro ler também, então quero algumas dicas. Disse ela sentando à mesa.
- Amanhã, hoje ela é só minha, temos uma festa para ir. Disse Vithor, me cutucando.
- Sim, você podia ter me avisado antes, trouxe pouca roupa. Disse começando a montar a
lasanha.
- Você fica bonita de qualquer jeito. Disse Gus, ele estava provocando Vithor.
- Ah, obrigada. Disse meio sem jeito.
O resto do jantar foi assim Vithor e Gus trocando farpas sempre que podiam e eu e Dona Liz
tentando amenizar, comemos a lasanha, depois Vithor e eu subimos para nos arrumarmos para a
festa do amigo dele, coloquei a única roupa mais ajeitada que havia trazido.
Vithor não tinha me avisado sobre a tal festa, então coloquei um jeans e uma camiseta preta
da mulher maravilha que valorizava muito o meu busto, já ele colocou um jeans e a mesma
camiseta preta de sempre.
- Como eu tô? Perguntei mostrando a roupa.
- Tá linda assim. Disse ele terminando de colocar o tênis.
- Você podia ter me avisado. Seus amigos de medicina vão estar bem arrumados, tem
certeza que não quer ficar vendo Netflix? Perguntei na esperança dele mudar de ideia.
- Não, vamos logo. Disse ele sorrindo.
Saímos por volta das dez e fomos para a casa do amigo dele, eu o fiz prometer que ficaria
por perto, pois não conhecia ninguém além dele.
Chegamos na festa eram umas onze horas, Vithor entrou e cumprimentou a todos e me
apresentou como sua melhor amiga, um dos meninos perguntou se eu era a famosa Ally que ele
tanto falava, quando alguém falava de mim dessa maneira ficava envergonhada, pois sabia que
Vithor falava muito de mim para seus amigos.
- Ally, fique aqui, vou buscar uma cerveja para nós. Disse Vithor entrando no meio das
pessoas, e me escorei na parede para esperar por ele.
- Oi moça que eu não conheço. Disse um moço moreno e alto.
- Ah eu estou com o Vithor, ele faz medicina. Disse ficando sem jeito pela proximidade
que ele estava.
- Me chamo Daniel, e você qual o seu nome? Perguntou ele, ficando ao meu lado.
- Ally. Disse Vithor aparecendo ao meu lado com duas garrafas de cerveja e me
alcançando uma.
- Que nome lindo. Disse Daniel.
- Ela está comigo, então com licença, mas temos uma festa para curtir. Disse ele me
puxando pela sala.
- O que te mordeu criatura? Perguntei quando chegamos na cozinha.
- Nada Ally, só não curti Daniel dando em cima de você, ele é um galinha. Disse ele
soltando minha mão.
- Vithor, tu veio cara. Disse um moço loiro.
- Gui essa é a Ally. Disse Vithor.
- Prazer Guilherme ou Gui, tanto faz, você é mais bonita do que na foto. Disse ele
apertando minha mão.
- Ah, obrigada? Eu acho. Disse para ele, tomando um pouco da minha cerveja.
Depois disso sentamos em um dos sofás e ficamos conversando, dançamos algumas vezes,
muitas meninas olhavam para nós, como se desejassem estar no meu lugar, bebemos mais
algumas cervejas e eu sabia que iria me arrepender daquilo. Já estava um pouco bêbada quando
uma menina puxou Vithor para dançar, o ciúme queimava em minhas veias, mas não deixei
transparecer isso.
Só Vithor saiu e Daniel apareceu e me tirou para dançar, Vithor estava no meio da multidão
e eu já estava me sentindo solta pelas cervejas que eu havia tomado, então apenas me levantei e
fui, sem nem pensar nas consequências. Dançamos uma música quando Daniel me beijou, mas
como não estava muito afim de beijar ele o empurrei e ele voltou, depois tentou com todas as
forças me levar para os quartos, eu não era mais virgem, mas eu não queria transar com ele.
Lembro de Vithor chegando rapidamente, me puxando de Daniel e me dando um beijo,
droga e que beijo gostoso, nos beijamos por um bom tempo, suas mãos percorriam meu corpo,
quando ele parou me perguntei o porquê ele havia me beijado. Ele me salvou de um idiota, eu
estava tonta, mas não o suficiente para fazer besteira.
Depois disso fomos para casa, ele morava perto do amigo então voltamos caminhando,
durante todo o trajeto Vithor não havia dito uma palavra sobre o beijo, mas ele me agarrou assim que chegamos em seu quarto, eu sabia muito bem o que ele queria e eu também o queria,
porém tinha medo que isso viesse a estragar nossa amizade.
- Vithor estamos bêbados, não podemos. Disse parando de beijar ele.
- Eu sei, mas eu gosto de você, fiquei possesso quando vi Daniel com as mãos em você.
Disse ele, sentando na cama e me sentando em cima dele, eu sentia sua ereção embaixo
de mim.
- Você tem certeza do que quer ou é a cerveja falando por você? Perguntei acariciando
seu cabelo.
- Sim, tenho certeza, quero você, sei que não parece, mas sempre fui apaixonado por
você. Disse ele me beijando novamente.
Vithor tirou toda a minha roupa e acariciava cada pedaço de pele depois, o tesão já corria
em nossas veias, tudo o que eu queria era transar logo, mas ele fazia questão de me torturar
lambendo meus seios, minha barriga, me dando beijos extremamente sensuais, quando ele
entrou em mim, vi estrelas, não sabia se eram por estar bêbada ou se eram por eu desejar aquilo
a tanto tempo, ele se mexia devagar e isso já estava me levando a loucura, ele sabia o que fazia,
e logo chegamos ao clímax juntos.
Transamos mais uma vez e dormimos juntos, quando acordei pela manhã Vithor ainda
dormia nu ao meu lado, peguei meu celular e fiquei um tempo mexendo nele, Vithor acordou
por volta das dez, quando me viu nua ao seu lado, sorriu e me puxou para um beijo longo e
demorado, mas quando descemos para o almoço decidimos que por enquanto tudo ficaria em
segredo.
- A festa foi boa? Perguntou Dona Liz.
- Até que foi. Disse Vithor sentando à mesa.
- Mas acordar com esse clima. Disse e me sentei ao lado de Vithor. A cidade amanheceu
chuvosa, e ficaríamos em casa o dia todo.
- Ah vai ser bom, podemos ver um filme. Disse Gus.
- Verdade. Disse Bia, Dona Liz amava a casa cheia assim.
- Tem pipoca? Pergunto empolgada.
- Tem sim, comprei ontem. Disse Bryan.
- Ótimo. Disse e comecei a almoçar, tinha tudo o que eu gostava, arroz, feijão, batata
frita, bife e salada.
- Dá pra fazer brigadeiro. Disse Vithor, sabendo que eu amava brigadeiro de colher.
- Mas, que filme? Perguntou Bryan.
- Meninos, eu tenho compromisso hoje de tarde. Disse Dona Liz.
- Depois escolhemos. Disse Gus.
Terminamos o almoço e subimos para descansarmos um pouco, depois que Vithor fechou a
porta do quarto me agarrou e me beijou. Mas dessa vez não transamos, apenas deitamos juntos
na cama e conversamos um pouco, acabamos dormindo por um tempo agarrados em sua cama.
Bia foi quem nos acordou, dizendo que havia escolhido o filme, o que preocupou Vithor, ele
detestava qualquer comédia romântica. Gus havia trazido uma amiga, o que me deixou mais
tranquila, pois sabia que assim ele e Vithor não discutiriam.
Vithor levou um de seus cobertores para a sala, Bryan e Bia já haviam arrumado três
colchões de casal e alguns travesseiros. Fizemos nossos comes e bebes antes do filme começar,
procurei colocar roupas largas, como uma calça de malha preta e um moletom rosa. O filme começou e Bia havia escolhido 50 tons de cinza para assistirmos, eu já havia lido o livro e sabia
como seria o filme, meu parceiro ao lado não curtiu muito a ideia do filme, mas quis assistir
porque fazia um mês que eu queria que ele o assistisse comigo. Nossa tarde e noite foram assim,
vendo filme, comendo e rindo, Vithor e eu não deixamos transparecer que as coisas haviam
mudado entre nós. Quando chegou a hora, foi muito doloroso voltar para casa, mas seria por
pouco tempo, decidimos naquela manhã que eu voltaria em algumas semanas e iríamos contar
para todos sobre nós.
Porém as semanas passaram e Vithor parecia mudado comigo, mesmo com as chamadas de
vídeo, eu notava que sempre que eu comentava que faltava pouco tempo para que eu fosse
morar em Porto Alegre ele mudava de assunto e também não respondia minhas mensagens
como antes.
Um dia antes de ir em definitivo para Porto Alegre me senti muito mal, uma tontura que eu
nunca havia sentido e deitada em minha cama com minhas malas em volta, comecei a pensar em
mil possibilidades de o porque eu estar me sentindo daquela forma foi quando me lembrei que
minha menstruação estava atrasada.
Saí o mais rápido que pude e fui em uma farmácia, havia uma bem perto da minha casa,
depois que voltei para casa e fiz o teste de gravidez, meu mundo se transformou em algo que eu
não havia visto ainda, principalmente quando olhei os dois tracinhos no teste.
Positivo, era tudo o que eu conseguia pensar, na hora fiquei apavorada, não lembrava de
termos usado camisinha e eu não tomava nenhum remédio para não engravidar, e o pior ainda
não sabia como contar para Vithor, o bebê mudaria nossa vida.
Decidi que iria hoje mesmo e faria uma surpresa para ele, peguei um carro alugado e fui
para Porto Alegre, depois que cheguei na cidade fui direto para a casa de Vithor, precisava
urgentemente dele.
- Ally você aqui, você não vinha amanhã? Perguntou Dona Liz quando entrei.
- Sim, mas preciso falar com Vithor, é urgente. Disse para ela.
- Ahn, Vithor não está. Disse ela nervosa.
- Meu irmão foi fazer a residência nos EUA. Disse Gus descendo as escadas.
- Como assim ele foi embora? Ele não me contou nada. Disse sentando no sofá à beira
das lágrimas.
- Ele não te contou? Perguntou Dona Liz.
- Não. Disse chorando.
- O que você tinha para contar para ele? Perguntou Gus, curioso.
- Estou grávida e o filho é dele. Disse olhando para os dois.

Para Sempre Sua Onde histórias criam vida. Descubra agora