Capítulo 1. A teoria do caos

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Vocês já ouviram falar sobre a teoria do caos? Ela ficou conhecida através do filme "Efeito Borboleta", cujo nome remete a uma expressão intrínseca à essa teoria. Em poucas palavras, o efeito borboleta significa que o bater de asas de uma borboleta no Brasil, pode gerar um furacão no Texas, assim como diz Edward Lorenz.

Se considerarmos a teoria do caos, em que pequenos acontecimentos no início de um determinado evento podem gerar mudanças profundas no futuro, então teríamos que assumir que a mudança da minha família para a Coreia do Sul - especificamente para a cidade de Seul, o fato de eu ter conhecido a minha melhor amiga no ensino fundamental, a morte dos meus pais, o meu trabalho na cafeteria, o ciúmes de Hyuna pelo crush da faculdade... todos esses acontecimentos me levaram ao fato de que estou, neste exato momento, em um carro com um desconhecido, indo até a casa dele.

Confesso que estou um pouco alterado por conta do álcool que ingeri, mas prometo que estou consciente. Até demais já que estou teorizando sobre o efeito borboleta neste minuto, enquanto toca uma música que eu não conheço - mas tenho quase certeza que é Chase Atlantic - e o desconhecido dirige calmamente até seu prédio. Acho que o nome dele é Junseok? Bom, enfim, onde eu estava mesmo? Ah, sim! Será mesmo que todos aqueles acontecimentos me trouxeram até a...

- Você tinha me dito que era inglês - meus pensamentos são interrompidos e me viro ao que escuto ele perguntar. - Faz tempo que mora na Coreia?

- Sim. Me mudei para cá com os meus pais quando era criança. Ainda demora para chegar na sua casa?

- Não, já é na próxima esquina.

E o silêncio volta ao ambiente, somente a música irritante do (Chase Atlantic?) tocando, enquanto reparo no quão atraente o desconhecido fica girando o volante com uma mão só ao entrar no condomínio.

Algumas coisas que observei desde que ele me abordou na boate foram que: 1. Ele é alto; 2. Usa óculos e eu gosto muito disso; 3. Não me parece um assassino ou um sequestrador, o que é bem importante nessa situação; e por último, 4. ele me parece um pouco tímido e isso é charmoso pra cacete.

Depois de estacionarmos e subirmos oito andares no elevador em completo silêncio e alguns sorrisos tímidos, chegamos ao apartamento aconchegante e bonito do meu amigo (olha, eu realmente não me lembro do nome dele, vamos tentar achar uma palavra para chamá-lo, mas por enquanto acho que amigo está de bom tamanho).

- Quer beber alguma coisa?

- O que você tem?

- Hmm... cerveja? Vinho?

- Água por enquanto.

Aquele diálogo estava ficando um pouco constrangedor. Vejam bem, ele se mostrou muito tímido e eu também não sou muito de falar. Mas aparentemente teria que tomar alguma atitude ou não sairíamos disso.

- Pode me falar onde fica o banheiro?

Ele me olhou de canto e disse que era a primeira porta do corredor. Andei apressadamente até lá e aproveitei para checar se eu estava bem, e aparentemente estava tudo certo. A camisa preta e transparente que eu usava estava alinhada, meus fios loiros em ordem e a leve maquiagem nos olhos intacta. Retoquei o hidratante labial que usava e voltei com um plano traçado do que deveria fazer.

Ele me esperava em pé, com o copo de água na mão.

- Desculpe, acho que mudei de ideia. Que tal se tomássemos uma taça de vinho juntos? - Peguei o copo de sua mão e bebi um pouco da água - Você acha que está muito bêbado? Acha que faria mal?

- Na verdade eu não bebi muito no clube.

- Ótimo. Você pega? Vou esperar aqui no sofá.

O vi saindo e respirei fundo. Ok. Estava tudo ok. Eu estava me saindo bem pra quem nunca havia feito aquilo com um desconhecido antes. Conseguia sentir o meu nervosismo mas estava tudo sob controle.

O que me trouxe até você - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora