Linhas Invisíveis - Theo's Version

um | coincidências

"Porque tudo que sei é que nós dissemos: Oi

E seus olhos são como voltar para casa

Tudo que sei é um simples nome

Tudo mudou"

Everything has changed | Taylor Swift

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Tenho muita sorte de ter a família que eu tenho, não os trocaria por nada no mundo. Recebi todo o apoio deles com essa minha ideia de ir estudar no Brasil, e tive que prometer à minha mãe que moraria com a minha tia em São Paulo e não no alojamento como estava nos meus planos de início.

Eu sei que isso é uma forma dela de saber como eu estou o tempo todo, e sinceramente, eu não ligo. Poderia passar mais tempo com minha prima, e ter um ar de familiaridade no meio de toda essa mudança, mesmo que a faculdade tome muito do meu tempo, por estudar em período integral.

Estudar medicina se tornou um sonho quando eu ainda era criança, ouvia sempre meus pais contarem a história do meu nascimento e que eu fui o milagre que eles pediram tanto a Deus. Isso me incentivou e fiquei com vontade de ajudar outras mulheres a terem seus próprios milagres. Meus pais sentiram muito orgulho da minha decisão de cursar medicina e sei que posso contar sempre com o apoio dos dois.

A viagem para o Brasil foi bem longa e eu quase não consegui dormir de tanta ansiedade, saber que eu estava há vários metros do chão me causava um certo desconforto, nunca gostei tanto de altura, e viajei durante todo o percurso sem olhar para a janela. Mas sabia que a cada hora que passava, eu ficava ainda mais longe de casa, e mais perto do meu novo lar pelos próximos anos.

A lembrança dos meus pais e irmã abraçados me vendo partir ainda estavam frescas na minha memória, Ashley com o rosto enterrado na barriga do meu pai, minha mãe abraçada com ele com o rosto ainda molhado pelas lágrimas recém derramadas e meu pai engolindo seco tentando não chorar. 

Ia sentir falta deles pra caralho.

A caminho do aeroporto minha mãe perguntou várias vezes se era isso mesmo que eu queria. Acho que ela manteve esperanças até o último minuto que eu desistiria e pediria para voltar para casa. Sempre fomos muito apegados e sei o quanto estava sendo difícil para ela, porque estava sendo difícil para mim também.

O voo foi tranquilo, peguei minha bagagem e o case com meu violão e encontrei com meus tios que me esperavam na área de desembarque. O abraço que minha tia Bella me deu foi tão forte quanto os que a minha mãe me dá; tio Mark bagunçou meus cabelos, igual fazia quando eu ainda era criança e me ajudou a carregar minha mala até o carro.

Durante todo o caminho fui interrogado sobre a minha viagem, e minha tia Bella aproveitou para reclamar que meus pais vinham pouco no Brasil. Meu tio mostrou algumas das obras que ele trabalhou como engenheiro, e contou sobre um projeto de uma roda gigante que seria feita em breve na cidade.

Meus pais contaram que ele recebeu uma boa oportunidade de emprego no Brasil, e estão morando em São Paulo há anos, Tia Bella descobriu o amor por organização de festas, quando ajudou minha mãe com a festa de casamento, e desde que mudou para o Brasil, ela começou o próprio negócio.

Tio Mark parou na frente da casa, e me ajudou a tirar as malas do carro. Eles moravam em um condomínio bem bonito e cheio de casas modernas. Estava distraído entrando na casa, quando me assustei com Mia pulando no meu colo, quase derrubando nós dois no chão, me arrancando uma risada.

— Tô tão feliz que você está aqui, vou te apresentar todos os meus amigos e vamos nos divertir muito — ela começou a tagarelar e minha tia Bella interrompeu.