Os Jeongguks

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Jeon Jeongguk era uma pessoa calma, na dele, pacífica...

Isso claro até se descobrir grávido e os hormônios lhe subirem a cabeça tão rápido que se sentia o próprio O Médico e o Monstro com um bônus de enjôos matinais e pés doloridos de três em três dias religiosamente... ah, e claro, uma vontade de chorar tão grande que teria de trocar os óculos que usava por tampões de dupla proteção. Aquela era a parte mais chata e a que fingia que não existia. Ninguém precisava saber que toda vez que ia fazer xixi e não enxergava toda a situação lá embaixo por conta do barrigão, chorava como se visse um filme em que o cachorro morre... e o gato, e o peixe, e o papagaio, e o periquito. Tudo de uma vez só.

Na época pouco antes de descobrir a gravidez, pensou que o sono em excesso e as dores de cabeça se deviam ao estresse de cumprir com os horários corretos para ter todos os capítulos que planejava do novo livro prontinhos e, de lidar com os clientes chatos que vivam a lhe pedir trabalhos em cima da hora achando que Jeongguk era uma máquina de editar disponível para imprevistos 24/7 do tempo. Mas na verdade o seu "problema" estava bem pequenininho e emboladinho dentro de sua barriga, crescendo cada vez mais.

Havia sido um choque e tanto saber que ia ser pai pela primeira vez... um choque desesperador. Todo mundo sempre acha que as pessoas passam pela maior felicidade do mundo quando olham o resultado, no entanto, esquecem da pequena parcela que sempre quis ter e muito um filho, mas na hora que a realidade de que você está sendo pai pela primeira vez, com zero experiência, cai como um tijolão perdido da construção bem na sua cabeça te deixando desacordado por três dias inteiros, você simplesmente entra em desespero se perguntando se vai ser um bom pai ou não, o que vai acontecer com a sua vida a partir dali e rezando para não afogar a criança no primeiro banho sozinha em casa.

E foi exatamente o que aconteceu com um Jeongguk sentado na tampa fechada da privada enquanto olhava o teste de gravidez em mãos, os dedos tão trêmulos que mal dava para ver direito os dois risquinhos vermelhos.

O choque inicial não durou muito, porque logo sentia uma felicidade muito grande em finalmente ter um pinguinho de gente para chamar de seu junto da pessoa que ia ceder espaço em sua vida para mais uma tão importante quanto. Contou a novidade para Namjoon três horas depois quando já sentia que poderia manter uma conversa decente com alguém sem enfiar um "Você acha que eu vou ser um bom pai?" no meio de cinco em cinco minutos contadinhos no relógio.

Ele e Namjoon eram casados há seis anos. Haviam se casado jovens, Jeongguk ainda no auge dos seus vinte e um anos totalmente apaixonado e com a certeza de que era com Kim Namjoon que gostaria de passar o resto do seus dias num cantinho só deles. Havia sido uma cerimônia simples com apenas alguns amigos e familiares, tudo bonitinho e aconchegante como os dois gostavam. A mãe de Jeongguk chorava horrores em sua cadeira pelo filho mais novo estar se casando, enquanto o sogro do Jeon permanecia de braços cruzados num dos cantos, totalmente desgostoso do único filho não estar se casando com alguém da área de direito, no mínimo. Jeongguk já não se importava mais com o senhor Kim sempre achar que ele não era o suficiente para o filho, Namjoon achava que ele era, assim como ele próprio também achava, e era apenas isso que importava no final das contas. Os dois se casaram e tiveram uma lua de mel muito gostosinha numa ilha paradisíaca do outro lado do mundo — presente da senhora Kim, que diferente do marido, praticamente ninava o genro no colo — onde Jeongguk descobriu tarde demais precisar de protetores solares com fator bem alto.

Um tempo depois do teste confirmado, Namjoon chegou na casa em que moravam juntos tirando Jeongguk que preparava um lanchinho da tarde do chão tão rápido que ele quase não teve tempo de ver se os braços fortes que o circulavam eram realmente os do marido. O Kim o beijou depois de colocá-lo no chão naquelas cenas bem clichês que vivia a ver nos dramas, e Jeongguk ficou mais feliz que pinto no lixo porque finalmente iam dar aquele passo juntos, construindo uma família. Agora seriam ele, Namjoon, e o futuro bebê deles... e Kasper a chinchila de estimação do Jeon, também, todos juntinhos.

Eu, Tu, ELE? | NamkookOnde histórias criam vida. Descubra agora