As Pantufas da Verdade

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— Jimin, eu.... eu acho que o Namjoon está me traindo.

Jimin que até então tomava o seu café distraidamente quase engasgou com ele, olhando para o amigo com os olhos ligeiramente arregalados. Jeongguk se mantinha extremamente sério com uma mão em cima da outra na mesa, numa posição ereta demais que com certeza faria o Park rir não fosse o que ele estava falando naquele momento.

— O quê?! O Namjoon? Por que você acha isso?

— Já faz um mês que ele anda estranho... — Jeongguk estava tentando manter o tom calmo, mas os lábios já se pressionavam um sobre o outro, enquanto tentava conter a vontade de chorar.Mesmo que ainda não tinha nada concreto que realmente comprovasse uma traição vinda do marido tudo aquilo estava sendo demais para ele, e provavelmente seria para qualquer um. — Talvez o amante esteja pressionando ele e ele não sabe o que fazer porque a gente vai ter um bebê e eu ando mais sentimental que o normal... Eu já cogitei as possibilidades e nada parece encaixar melhor do que isso... Eu... e-eu não sei mais o que pode ser e isso está me deixando louco.

O Jeon ergueu as mãos até o rosto esfregando as bochechas com a ponta dos dedos num vaivém que acabou por deixá-las levemente rosadas.

Merda de hormônios que só o deixavam com uma cara ainda maior de derrota.

Havia finalmente chamado Jimin para desabafar, precisava contar pelo menos para alguém o que vinha lhe assolando há tempos, e ninguém melhor que o Park para isso. Só não queria parecer um coitado desolado, mesmo que naquele momento estava caminhando lentamente para um... Talvez o Jeongguk chorão dentro de si estava ganhando a batalha num golpe final exuberante e inesperado pelos outros dois.

— Um mês?

— Sim.

Jimin manteve os olhos fixos no amigo como se pensasse com muito cuidado em algo para dizer.

— Calma, as vezes é o estresse tanto dele quanto seu. Pensa, é o Namjoon. Ele passou o segundo ano todo tentando só ganhar seu número de telefone. E ainda te pediu em casamento mesmo o pai dele querendo comer seu fígado com farofa... e olha só, não bastasse ainda te engravidou. O velho deve ter infartado três vezes, com certeza.

Jeongguk balançou a cabeça em negativa enquanto tirava os óculos do rosto, passando a limpá-los calmamente na blusa clarinha que usava.

— Não, Jimin. Você não tá entendendo, eu farejo de longe quando alguém está tentando esconder algo de mim. E ele tá tão... distante. — suspirou olhando para o pedaço de torta intocado no prato em cima da mesa — Eu vi ele ontem indo para trás de um balcão em horário de almoço com um cara que eu nunca vi antes.

Jimin voltou a arregalar os olhos.

— Como assim para trás de um balcão?

— Bem, eu não sei se ele realmente foi, mas pareceu ter ido! Tinha muita coisa na frente. — recolocou finalmente o óculos no rosto e começou a gesticular com as mãos lembrando claramente da cena que tinha lhe rendido o devoramento de mais três pacotes de batatinha quando chegou em casa, tamanha ansiedade.

— Você viu ele saindo?

— Não. — outro suspiro — Você chegou logo depois.

— Era uma loja do que?

— De artesanato, acho... Vendia umas coisinhas de madeira.

Jeongguk havia até mesmo sonhado com aquilo. Um pesadelo terrível na verdade, ele caminhando calmamente na rua quando a loja surgia do nada, entrava nela e via uma porta atrás do balcão mas toda vez que a forçava, ela simplesmente não abria, ainda que conseguia ouvir os sons do outro lado da porta, simplesmente não conseguia abrir aquela porcaria e ceder a passagem para que finalmente entrasse e saciasse o seu desejo negado de ver o que aconteceu ali na vida real... Talvez foi por isso que sonhou com aquilo tão logo fechou os olhos para dormir.

Eu, Tu, ELE? | NamkookOnde histórias criam vida. Descubra agora