Desde que o mundo é mundo,se ouve falar nos mais variados desastres da natureza. Causados pelos seres "humanos",mas quem leva a bronca mesmo sempre foi a própria Mãe Natureza. Quem deveria proteger está devastando,quem deveria zelar está matando...e por aí vai. Claro que,não é motivo de orgulho para se falar isso mas,infelizmente é a nossa nua e crua realidade.
Gostaria que os tempos fossem outros,que ao invés de carros voadores surgissem leis rígidas sobre o desmatamento ilegal,tráfico de animais silvestres,exploração ilegal de terras Indígenas...gostaria que nossa realidade fosse outra,que os humanos,os "homens brancos" fossem mais cuidadosos com uma parte que lhes dão água e sombra fresca,literalmente.
Eu não entendia nada sobre isso até minha "mãe" Ianá me encontrar na mata,embaixo de uma seringueira,com uma raiz da mesma cravada no meu braço esquerdo e sua ponta indo em direção ao meu coração. Jurerê,sempre dizia que eu havia sido escolhida para mudar essa realidade e que um dia mais tarde,tudo se ajeitaria.
E eu cresci acreditando veementemente nisso tudo,cresci com a esperança de acordar cedo para tomar banho na cachoeira e ver ela finalmente limpa,sem nenhum poluente tóxico,acreditei que ali seria o meu lugar para o resto da vida....até eu chegar em casa e ver tudo pegando fogo. Me lembro bem desse dia...
Trazia Iberê numa mão e na outra um cesto de palha cheio de capim-cidreira,hortelã selvagem e outras ervas para a mãe Ianá e a avó Juraci fazerem nosso banho de ervas para enfim dormirmos,ao me aproximar vi o fogaréu que infelizmente já havia consumido a aldeia inteira. Não sobreviveu ninguém além de mim e de Iberê que estava comigo. Senti como uma lança envenenada entrando no meu coração,em ver minha casa e minha família destruídos. A pior parte foi não poder fazer nada para ajudar e no ponto em que o fogo estava,nem com toda água do mundo o apagava. Então,peguei meu irmãozinho no colo e fui até nossa antiga oca para ver se havia restado algo,consegui salvar meu diário e alguns pertences a mais e saímos dali.
Sou grata por saírmos de lá com vida,porém ao mesmo tempo não tiro da minha cabeça tudo o que aconteceu. Eu sozinha,tendo que sepultar mais de quarenta corpos -os que não foram consumidos pelo fogo-,e com uma criança para criar a partir de agora. Mas já havia escutado quem seria o responsável,um tal de Castro,chefe de uma mineradora ilegal e eu um dia o pegarei com as minhas próprias mãos.
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A Lenda da Caipora
FantasySou um espírito ancestral do fogo. Sou uma entidade do fogo. Que protege a natureza,sua fauna e sua flora a qualquer custo. Não vou baixar guarda agora que finalmente me descobri. Vivo aguardando com anseio o dia em que minha mata e meus animais não...