Capitain's Secrets || N.B

Lucky again

Já havia se passado um mês, um mês que Noah havia tido um overdose, um mês que estava em coma sem grandes melhoras ou alguma piora, o que deixava todos ali um pouco aliviados. Fazia um mês que Josh havia parado sua vida pra não deixar Noah sozinho, mesmo que ele soubesse que Wendy não deixaria o filho sozinho de jeito nenhum. Muitos compromissos tinham sido cancelados e provavelmente muito dinheiro tinha sido perdido pelo empresário de Josh, já que ele sempre tentava o convencer de deixar essa loucura de ficar no hospital de lado.

Mesmo que nada tivesse mudado quanto à questão de saúde de Noah, Josh não havia perdido as esperanças, então não deixaria o mais velho nem que sua mãe pedisse. Nesse momento ele carregava um copo de café que comprou no caminho de casa para o hospital, andando pelos corredores do hospital e vez ou outra cumprimentando os funcionários que via pelo caminho e que já estavam acostumados com ele andando por ali.

Beauchamp entrou no quarto devagar vendo Ryan ali mexendo no celular, ele olhou ao redor procurando Wendy e não a achando. Josh e Ryan não se falavam muito, na realidade eles não tinham o que falar quando estavam no mesmo lugar, já que sempre estavam rodeados de outras pessoas.

— Bom dia. — o de olhos azuis disse baixo se sentando perto da janela. — a Wendy foi pra casa?

— Sim, eu pedi pra passar a noite com ele e ela foi descansar. — Ryan disse olhando para Noah. — ela disse que logo você chegaria e eu poderia ir.

— Não precisa ter pressa, sei que você é tão importante pra ele quanto eu era. — Josh disse tomando seu café enquanto olhava o lado de fora do hospital.

Os dois voltaram a ficar em silêncio por um tempo, apenas os ruídos das máquinas ligadas à Urrea preenchiam o quarto. Ryan respirou fundo e olhou para o cantor, logo chamando a atenção do mesmo.

— Você está errado. — o mais novo disse e Josh o olhou estranhando aquela fala. — ninguém é mais importante pra ele quanto você, ninguém nunca foi. O Noah nunca deixou de ser louco por você.

— Como? — Beauchamp franziu o cenho.

— É exatamente isso que você ouviu, você sempre foi o número um na vida do Noah e todo mundo sabe disso. — o de olhos castanhos disse. — você tinha que ver quando seu álbum foi lançado, ele faltou bater no Samuel por ter dito que não gostou de uma música. Vai por mim, ninguém vai ter a mesma importância que você tem na vida dele.

— Ryan eu... — o cantor tentou e foi interrompido.

— Eu já superei o que eu tinha com ele, mas ele continua sendo um dos meus melhores amigos, então eu não consigo não me preocupar no mesmo nível que você. — Keefe disse e viu o outro assentir. — quando ele acordar, espero que vocês se resolvam de uma vez. Ninguém merece ficar o dia todo ouvindo sua voz tocando na casa dele e ouvir o quanto você é incrível e talentoso.

Josh riu baixo junto com Ryan, naquele momento eles fizeram um acordo silencioso de paz entre os dois. Eles ficaram um tempo ali, até uma enfermeira entrar no quarto e pedir que eles saíssem para que ela pudesse fazer a higienização de Noah. Ryan aproveitou a deixa para que pudesse ir embora, se despedindo de Noah e saindo do quarto com Josh.

— Ryan, você acha que ele vai aceitar ir pra reabilitação quando acordar? — Josh perguntou incerto antes que o outro pudesse ir embora.

— Se você pedir, tenho certeza que sim... Ele faria tudo por você. — ele disse sinceramente. — faz isso por mim e por todos que gostam dele, por favor.

Josh assentiu vendo o outro se virar e ir embora, o fazendo suspirar e encostar na parede desejando que Noah acordasse logo.

Durante a tarde, Josh conversou com Noah como se ele realmente estivesse acordado, ele sempre fazia isso mesmo que soubesse que o mais velho não estivesse ouvindo.

— Josh? — Tom bateu levemente na porta a abrindo.

— Tom! — o mais novo se levantou sorrindo fraco e indo abraçar o outro. — achei que não voltaria por agora.

— Não consigo ficar nos Estados Unidos enquanto ele não acordar. — o ator suspirou olhando para Noah. — me mudei pra cá por um tempo.

— Ele vai gostar de te ver aqui quando acordar. — Josh disse sorrindo pequeno.

— Já faz um mês... Você acha mesmo que ele vai acordar? — Holland perguntou tristemente.

Josh o olhou e Tom viu os olhos do cantor brilharem em lágrimas, ele havia conversado com Wendy e ela o explicou como Josh estava em relação a Noah acordar.

— Alguém tem que ter esperança não é? — o de olhos azuis voltou a se sentar do lado de Noah. — eu sei que todos acham que eu sou louco, sem noção, burro e sei lá o que mais pensam sobre mim... Mas eu tenho certeza que ninguém desistiria do amor da sua vida, então eu não vou desistir do meu.

— Ninguém pensa assim Josh... — Thomas começou mas foi interrompido.

— Não precisa mentir Tom, eu sei que não é por maldade que pensam assim, eles só não querem sofrer mais se o Noah não acordar. — Beauchamp explicou suspirando.

— Vocês nunca deveriam ter se separado, Noah foi um burro de deixar você escapar. — o de olhos castanhos disse.

— Eu nunca mais vou deixar ele, eu deveria ter insistido mais nele, mas o que eu poderia fazer? Eu era só um adolescente triste por ver ele se matando, não conseguiria fazer nada. Só que agora eu posso e vou fazer. — o cantor disse limpando uma lágrima que caiu.

Eles ficaram por mais algum tempo conversando até Wendy voltar, Tom se despediu e foi embora resolver as coisas de sua nova moradia. A maioria do tempo que estavam juntos, Josh e Wendy revezavam entre conversar e ficarem quietos apenas esperando que alguma coisa acontecesse.

Os próximos seis dias se passaram assim, vez ou outra Josh ia para casa tomar banho e descansar por no máximo três horas, revezando com Wendy, Linsey, algum dos meninos e até Jake. Aquele era um momento na qual Josh voltou para o hospital e chegando perto do quarto, ele viu Jake conversando com o marido de Wendy do lado de fora.

O Beauchamp mais novo estranhou, apertando o passo vendo que o irmão havia o notado, mas ele apenas passou pelos dois e entrou no quarto se surpreendendo ao ver que Noah respirava sozinho, sem nenhum tubo ou máscara de oxigênio.

— Jake por que não me chamou? — ele perguntou alarmado checando Noah e percebendo que ele realmente estava respirando sozinho.

— Foi uma decisão de última hora minha Josh, ninguém sabe. Eu preferi não avisar porque não sabia se daria certo, Jake também foi pego de surpresa. — Daniel começou a dizer calmo. — pedi pra ele esperar antes de avisar alguém pra vermos o que aconteceria, já tem uma hora que ele está respirando sozinho. Vou ligar pra Wendy e vocês podem avisar a Linsey e os amigos dele se quiserem, mas a cada uma hora eu venho ver como ele está.

— Obrigado Dan. — Jake agradeceu já que o irmão agora estava falando com Noah.

— Olha só que conquista você teve! Você voltou a respirar sozinho, estou tão orgulhoso de você Noah. — o de olhos azuis disse com a voz embargada mas ao mesmo tempo sorrindo. — quando estiver pronto pra voltar, nós vamos ficar muito felizes de te ter aqui de novo.

— O Dan disse que nunca viu alguém no estado do Noah reagir desse jeito. — Jake deixou um carinho nas costas do irmão. — o Noah é vaso ruim mesmo.

— Jake! — Josh repreendeu o irmão. — não fala assim perto dele, ele ainda pode te ouvir.

— Ele sabe que é verdade. — o Beauchamp mais velho riu baixo. — você tá descansando e comendo direito ou eu vou precisar virar sua babá de novo?

— Eu estou bem, me deixe em paz. — o cantor revirou os olhos.

— Eu falo sério Josh, não adianta você estar acabado. O Noah não vai gostar nada de te ver assim, você emagreceu pra caramba. — o de olhos castanhos cruzou os braços. — todos estão mais preocupados com você do que com o Noah, porque ele está sendo bem cuidado aqui, enquanto você não está se cuidando.

— Tá bom, eu já entendi e vou me cuidar mais, tudo bem? — ele disse por fim ouvindo um suspiro do irmão. — poxa Jake me deixa aproveitar um pouco da felicidade que é ver ele respirando sem um tubo.

— Tem razão, desculpe. — Jake disse logo se calando.



**


Mais três dias se passaram igualmente, Noah ainda respirava sozinho, o que foi uma grande vitória e surpresa para a equipe médica. Naquele dia Josh passaria a noite com Noah, Wendy já havia ido descansar depois de se despedir do mais novo, então no momento Josh estava com seu notebook aberto enquanto resolvia algumas coisas de seu trabalho, mesmo que fosse quase três da manhã.

— É muito triste ver que mesmo com você assim, aquele fodido do Simon tenha lançado a música. Ele não tem um pingo de empatia ou qualquer outro sentimento. — Beauchamp disse baixo vendo as matérias sensacionalistas com o nome de Noah. — quanta besteira e falta de respeito.

Noah sentiu aquela mesma sensação de que parecia que sua garganta não via água a anos, a única diferença é que se sentia extremamente dolorido, seu estômago e garganta doíam como o inferno. Ele abriu os olhos devagar, vendo a luz mesmo que fraca batendo em seu rosto, irritando seus olhos que ele não sabe por quanto tempo estiveram fechados.

Totalmente alheio ao que acontecia, ele tentava controlar a dor que estava sentindo em sua cabeça, ouvindo barulhos de máquinas que só pioravam a situação. Noah olhou para o lado vendo alguém que ele conhecia muito bem, ele tentou chamar Josh mas sua garganta doía tanto que ele não conseguiu sequer dizer uma palavra, então apenas levantou a mão trêmula tentando encostar em Josh.

Josh se assustou com o toque leve em seu braço, olhando para o lado e vendo Noah o olhar, os olhos verdes que ele tanto amava estavam finalmente abertos. Seus olhos se encheram de água e ele rapidamente largou o notebook na mesinha ao lado, se levantando e segurando a mão de Noah.

— Noah? Meu Deus você acordou... Noah eu senti tanto sua falta, senti tanto medo de você não acordar mais. — o mais novo começou a dizer não controlando a montanha de lágrimas que desciam em seu rosto, segurando a mão de Noah e fazendo um leve carinho em sua bochecha. — você está vivo! Eu preciso chamar o médico, espera aqui e não apronta nada.

Josh saiu do quarto ligando para o número que ele já havia discado diversas vezes durante esse um mês e meio, reclamando baixo que Wendy estava demorando a atender.

— Josh? Aconteceu alguma coisa com o Noah? — a mulher atendeu já se preparando para o pior.

— O Daniel está com a senhora? — ele perguntou diretamente e ela concordou. — venham pro hospital agora, o Noah acordou.

Depois daquela frase, Josh pode ouvir um grito alto e Wendy provavelmente acordando o marido, dizendo para si que logo estariam ali. O cantor chamou uma enfermeira que passava pelo corredor, contando sobre Noah e dizendo que já havia avisado o médico dele.

Não demorou muito tempo para que Wendy e Daniel estivessem no hospital, Josh ficou o tempo todo segurando a mão de Noah até ver sua mãe entrar no quarto já com lágrimas nos olhos. Alguns exames rápidos foram feitos por Daniel, constatando que Noah estava bem por aquele momento, dizendo que logo fariam outros exames.

— Meu amor, você nos deu um susto tão grande. — Wendy dizia para o filho sentindo seu coração mais calmo.

— Desculpa mãe. — foi a primeira coisa que Noah disse depois de beber pelo menos três copos de água.

— Eu já volto, vou avisar os outros que o Noah acordou. — Josh disse se sentindo um pouco sem graça ali, ele não sabia o porque.

Os dois o olharam e assim que ele saiu, Wendy se sentou ao lado do filho ainda segurando sua mão.

— Sabe Noah, o Josh praticamente morou aqui com você durante todo o tempo que você estava desacordado. Ele praticamente largou a vida dele pra guardar a sua. — Wendy começou a dizer e Noah a olhou. — ele foi tão dedicado e tão esperançoso, ele só queria você de volta.

Noah sentiu aquelas palavras atingirem diretamente seu coração, fazendo o monitor acelerar um pouco e entregar como ele se sentia para sua mãe que riu baixo.

— O importante agora é você se recuperar e então vocês podem conversar. — a mais velha disse por fim vendo o filho assentir.

— Quando tempo eu estou aqui? — ele perguntou olhando para a porta.

— Um mês e meio mais ou menos. — Wendy respondeu.

Demorou alguns minutos até Josh voltar pra dentro do quarto, Noah apenas o observava e se perguntava o porque de Josh estar ali, o porque ele largou sua vida pra ficar com um viciado que estava em coma.

— Por que você está chorando? Está com dor? Eu posso chamar o Daniel de novo... — Josh perguntou assustado assim como Wendy.

— Não, eu estou bem. — Noah limpou o rosto e Wendy e Josh se entreolharam. — é sério, eu tô bem.

— Ok... Eu, hm... Eu acho que vou pra casa um pouco. — Beauchamp disse olhando para Wendy que estranhou. — eu preciso de um banho.

— Tudo bem querido, eu vou ficar aqui. — a mulher disse não entendendo muito bem o que estava acontecendo.

— A Linsey está vindo e eu avisei os amigos dele, provavelmente devem vir também... — Josh pegou seu notebook colocando dentro da mochila que havia levado e olhou para Noah antes de sair.


**


Josh estava deitado em sua cama olhando para a parede, ele já estava daquele jeito a pelo menos algumas horas, desde que chegou do hospital. Beauchamp não sabia o que pensar ou o que sentir, ele sabia que estava aliviado por Noah ter acordado, mas além daquilo o que ele poderia esperar depois disso? O que ele deveria esperar?

— Josh? — Jake abriu a porta do quarto devagar e viu o irmão deitado.

O mais novo fechou os olhos fingindo que estava dormindo, ele não queria ter que lidar com ninguém, ele não queria mais sair daquela cama.

— Você não está dormindo, você não me engana. — Jake disse se sentando na cama. — por que não está no hospital?

— Estou cansado. — ele disse simples.

— Josh qual é? Você não vinha pra casa nem com a Wendy te obrigando por estar dormindo em pé, por que logo agora que o Noah acordou você decidiu que está cansado? — o mais velho perguntou e viu o irmão o olhar com os olhos brilhando em lágrimas.

— Eu não sei, tá legal? Eu não sei! Eu não sei o que fazer agora Jake, ele acordou e o que eu faço agora? Eu estou me sentindo um adolescente que não consegue lidar com as coisas, o Noah faz eu me sentir assim. — Josh disse parecendo uma criança assustada. — eu estava tão esperançoso que agora não sei como lidar com ele acordado.

— Você sabe o que fazer, você tem certeza do que fazer. Você só está com medo e tudo bem, mas agora ele precisa de você e eu sei que você também precisa dele. — o de olhos castanhos disse. — vamos H, eu sei o quanto você quer ficar com ele agora.

— E você acha que ele quer ficar comigo? — o cantor perguntou e viu o irmão soltar uma risada baixa.

— Ele quer, todo mundo sabe disso. — Jake disse e voltou a ficar sério. — ele só está envergonhado, mas ele precisa da reabilitação e só você vai conseguir convencer ele.

Noah estava rodeado de seus amigos e família, ele até se surpreendeu de ver Thomas ali já que não falava com ele a alguns anos. Ele se sentia muito envergonhado por estar naquela situação, ele queria que daquela vez tivesse dado certo, não era pra ele estar enfrentando tudo aquilo mais uma vez.

Depois de algum tempo conversando com os amigos, ou pelo menos deixando que eles contassem tudo o que havia acontecido nos últimos dias, seu médico que ele havia descoberto ser também seu padrasto entrou no quarto junto de Josh e Jake. Noah estranhou o tanto de gente em um quarto de hospital, sabia que aquilo não era permitido e quando todos ficaram quietos, ele percebeu que alguma coisa viria.

— Noah eu sei que você acordou a poucas horas e é muita informação pra você, mas sua família e seus amigos acham que agora é a hora certa pra uma conversa séria. — Daniel disse sério e olhou para Wendy.

— O que ele quer dizer é que estamos fazendo uma intervenção com você. — Wendy tentou ser mais clara possível e Noah abaixou o olhar para suas mãos, aquilo era constrangedor demais para si. — você precisa ir pra reabilitação.

— Eu não vou. — ele disse sem nem esperar a mãe terminar direito.

— Você não está entendendo Noah, você vai. Você não tem escolha. — Linsey disse séria. — ninguém aqui quer passar por isso de novo, você vai pra reabilitação sim.

— Quem vai me obrigar? Você? — Noah perguntou olhando para a irmã e antes que ela pudesse dizer alguma coisa, Wendy a parou.

— Deixa Linsey, ninguém pode obrigar você a ir Noah, você é adulto e sabe o que faz. — Wendy suspirou chateada. — mas pense um pouco Noah Jacob.

Noah estranhou, mas sabia que a mãe sempre tentava acalmar as coisas entre os dois. O assunto se encerrou ali e Noah viu seus amigos se despedirem com semblantes tristes, logo sendo deixado sozinho com um Josh em pé no canto do quarto de braços cruzados o olhando.

— Você continua teimoso, mesmo ficando em coma por um mês. — Josh começou a dizer e Noah o olhou. — o que pretende fazer depois que sair daqui? Correr pro seu traficante e se entupir de drogas de novo? Não vai dar pra ser o antigo, o bonitão foi preso.

Josh sabia que estava sendo rude, mas Noah precisava cair na real de qualquer jeito e ele sabia que só aquilo iria funcionar.

— Noah, todo mundo que estava nesse quarto não viveu direito por um mês. O Tom deixou a vida dele nos Estados Unidos pra ficar perto de você, os seus amigos perderam o emprego porque não avisaram o Simon sobre você, porque eles sabiam que se avisassem, você não teria uma nova chance de viver sem drogas. — Beauchamp se sentou na cadeira ao lado da cama de Noah que agora o olhava. — sem contar sua mãe e sua irmã que não tiveram vida enquanto você estava aqui, sabe o que eu quero dizer com isso tudo? Que está na hora de você virar adulto e se responsabilizar pelas coisas que você faz, está na hora de você deixar de ser egoísta e pensar nas pessoas que se importam com você.

Noah ficou calado, ele começou a pensar sobre tudo aquilo que havia ouvido e se sentiu mal por estar agindo como uma criança teimosa.

— E você? — Urrea perguntou e Josh riu sem emoção o olhando.

— Eu achei que eu perderia o amor da minha vida. Eu achei que nunca mais poderia dizer pra você o quanto você era um idiota, mas o idiota que eu amo Noah. — o mais novo disse sincero. — a gente tem muita coisa pra conversar e resolver, mas eu não quero fazer isso sem ter a certeza de que você vai estar limpo e longe do perigo. Eu não quero ter o sentimento de medo que eu tive durante esse um mês de novo Noah. Então ou você vai pra reabilitação, se esforça pra melhorar e a gente se resolve, ou eu vou pro outro lado do mundo e nunca mais na minha vida vou querer ver você. Eu odeio fazer essa chantagem com você, mas se põe no meu lugar, se eu estivesse do mesmo jeito que você, tenho certeza que faria a mesma coisa comigo.

Mais uma vez o silêncio reinou entre os dois, Josh ouviu os batimentos cardíacos de Noah acelerarem um pouco e levantou a cabeça o olhando. Urrea observava o de olhos azuis e segurou sua mão, entendendo o quanto todos ali sofreram por sua culpa.

— Tudo bem, eu vou. — o mais velho disse por fim. — me desculpa pela merda que fiz você passar, eu devo muitas desculpas pra muitas pessoas, mas eu queria que você me perdoasse por todos esses anos.

— Comece a se cuidar, já vai ser um ótimo passo pra ter o meu perdão. — Josh deixou um beijo nas costas da mão de Noah.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, Noah se sentia enjoado mas ele sabia que aquilo era efeito da abstinência, já que estava a um mês e meio sem consumir nada.

— Sabe que eu vou ficar pelo menos seis meses na reabilitação não sabe? — Noah perguntou incomodado.

— Eu sei, eu vou esperar por você. — o mais novo disse e Noah o olhou. — o que? Eu te conheço Noah, sei o que está se passando na sua cabeça e agora que eu decidi me dar uma segunda chance com você, eu vou esperar até você estar bem.

— Você acha isso justo? — o de olhos verdes suspirou.

— Acho justo porque eu sei que você é o amor da minha vida. — Josh disse sincero. — e eu já devo ter dito isso umas quinhentas vezes, espero que não tenha dúvidas.

Wendy, Linsey e Jake entraram no quarto alguns minutos depois daquilo. O Beauchamp mais velho viu as mãos juntas e sorriu de lado para o irmão, por anos aquilo era o que todos ao redor dos dois esperavam.

— Eu vou pra reabilitação. — Noah disse para eles.

— Josh você é um verdadeiro santo. — Linsey disse suspirando. — e você é um cabeça dura, idiota.

— Linsey! — Wendy repreendeu a filha.

— Eu também te amo pirralha. — ele riu baixo a chamando para um abraço.


**


— Quanto tempo mais eu vou ter que ficar aqui? E desde quando você e minha mãe estão casados? — Noah perguntou para Daniel que estava verificando sua pressão.

Josh e Daniel se olharam, Noah também olhou de um para o outro revirando os olhos. Daniel continuou calado enquanto terminava de anotar coisas sobre Noah, ouvindo o mesmo bufar em impaciência.

— Não tenha pressa Noah, você vai sair daqui direto pra uma clínica de reabilitação. — o médico disse de uma vez. — e faz alguns anos que estou casado com a sua mãe, nos conhecemos quando você ainda era um adolescente se você quer saber.

— E você é certinho assim sempre ou age como uma pessoa normal fora daqui? — ele continuou cutucando o médico afim de saber mais sobre ele.

— Noah para com isso. — Josh pediu e percebeu que foi ignorado.

— Eu sou uma pessoa normal Noah, estou trabalhando agora por isso estou sendo "certinho". — Daniel disse se divertindo com a situação. — está sentindo alguma dor?

— Só as dores da abstinência. — Urrea disse sério já que passou a madrugada com dores. — você tem filhos? E desde quando sabe que sua mulher tem um filho viciado e que tem HIV? Não confio em você.

— Vou passar um remédio, mas só vai aliviar e não acabar com a dor. — o mais velho explicou e mais uma vez olhou para Josh rapidamente antes de voltar sua atenção para seu enteado. — eu não tenho filhos, sei de você desde a sua primeira overdose e é uma pena que não confie em mim, mas não posso te obrigar.

— Agora já chega não é? Sua mãe não vai ficar nada feliz com esse interrogatório de delegacia. — Beauchamp cutucou Noah.

Daniel o olhou e logo saiu do quarto, ele daria alta para Noah no dia seguinte e então ele realmente iria direto para a clínica que Josh e Wendy haviam achado fora da cidade. Seria um período difícil tanto para eles quanto para Noah, mas todos ao redor de Urrea estavam confiantes de que aquilo daria certo.

— Eu e sua mãe achamos a clínica, é um lugar muito bom e bem recomendado. — o de olhos azuis começou a dizer calmo.

— Sinceramente eu não quero saber paixão, já sei que vai ser tão ruim quanto todos os anos usando drogas. — Urrea riu irônico e Josh sentiu seu coração quentinho com o apelido que Noah sempre usava quando estavam namorando.

— Eu vou estar te esperando, assim que puder te visitar eu vou fazer isso... Você precisa levar isso a sério Noah. — Josh pediu sincero.

— Eu amo você Josh. — o de olhos verdes desabafou deixando um carinho leve na bochecha de Josh.

No dia seguinte, Noah realmente recebeu alta e recomendações médicas de seu padrasto. Collin havia passado no hospital mais cedo para entregar algumas roupas para Noah vestir e se despedir do amigo, os outros tinham feito isso no dia anterior já que já sabiam da alta de Urrea.

Wendy, Linsey, Jake e Josh foram com Noah até a casa dele, eles precisavam fazer uma pequena mala com roupas e objetos pessoais para que o cantor levasse para a clínica. Assim que entraram, Noah sentiu um arrepio ruim passar por seu corpo, lembrando de todas as vezes que caiu drogado por todos os cômodos possíveis daquela casa.

Josh olhou ao redor assim como os outros, vendo o quão grande e cara parecia a casa, porém ninguém disse nada. Noah entrou esperando que eles entrassem juntos, jogando as chaves por ali e suspirando.

— Eu vou pegar minhas coisas, se quiserem beber ou comer alguma coisa podem ir na cozinha, fiquem a vontade. — ele disse sem graça e viu sua mãe sorrir para si.

— Sua casa é linda meu amor. — Wendy disse e ele assentiu dizendo um baixo obrigado.

Noah caminhou até seu quarto, tendo flashbacks da última vez que esteve ali e mais uma vez sentindo um arrepio ruim. Ele olhou ao redor e viu que a maçaneta da porta estava quebrada, parecia que ninguém havia entrado ali durante o tempo que esteve fora e então viu as embalagens das drogas e sua pequena garrafa de vodka em cima da cama, lembrando de como ingeriu tudo em tão pouco tempo.

— Noah? — Josh apareceu na porta do quarto assustando Noah sem querer. — desculpe, não queria te assustar... Você demorou, então vim ver se está tudo bem.

— Estou bem, ainda limpo sem usar nada. — o de olhos verdes disse ainda olhando as embalagens e Josh parou ao seu lado olhando a mesma coisa. — eu não usei agora, não se preocupe. Isso é do dia que eu fui parar no hospital, provavelmente os meninos acharam melhor não voltar aqui.

— Eu não duvidei de você. — o mais novo disse e viu Noah começar a beliscar a própria perna.

Urrea entrou em seu closet pegando uma mochila e algumas roupas, andou pelo quarto pegando alguns objetos pessoais e de higiene. Abriu a gaveta da mesa de cabeceira para pegar seu carregador, vendo que ali tinha um saquinho com cocaína e um com alguns baseados.

Ele respirou fundo pegando aquilo nas mãos, sentindo seu corpo implorar por pelo menos uma carreira ou uma tragada. Josh apenas observava e já estava começando a se sentir desconfortável com aquilo, até ver Noah se virar e caminhar até si e abrir sua mão colocando os dois saquinhos lá.

— Você não sabe o quanto eu tô me controlando pra não cheirar e nem fumar essa merda, então me faz um grande favor e se livra disso. — Urrea pediu e Josh conseguiu ver o desespero em seus olhos, assentindo e guardando consigo. — ninguém mais merece passar por isso.

Ele pegou a mochila e saiu do quarto, indo direto para a cozinha e bebendo um grande copo de água, sentindo a garganta seca. Noah deixou o copo ali e voltou para a sala vendo todos em silêncio, pegou sua mochila a colocando em um ombro só e jogando a chave de sua casa para sua mãe.

— Mãe eu quero que você fique com essa casa, se você não quiser pode vender. — ele disse fazendo todos ficarem confusos. — eu liguei pro meu advogado mais cedo, ele vai passar pro seu nome.

— Mas Noah é a sua casa. — Wendy tentou e ele balançou a cabeça.

— Eu não quero, quando sair de lá eu quero morar em outro lugar, talvez um apartamento. Essa casa me traz muitas lembranças ruins. — Noah disse dando de ombros e se virando. — vamos gente, ou desistiram?

O caminho foi silencioso, todos estavam com sentimentos diferentes sobre o que aconteceria em seguida. A clínica era fora de Londres então demorou cerca de uma hora e meia até chegarem no lugar, eles acompanharam Noah até a recepção, esperando calmamente que ele preenchesse toda papelada.

Por fim, ele entregou a ficha para a mulher que chamou um médico com quem Josh e Wendy haviam conversado por telefone. O mesmo veio até o encontro deles e pediu pra que Noah se despedisse, já que ele precisava se instalar e se acostumar com o lugar. Noah se despediu da mãe, da irmã e de Jake, deixando Josh por último e sentindo seu coração se apertar.

— Não esquece que eu amo você paixão, você é a razão pra eu estar lutando pela minha vida. — Noah começou a dizer em meio ao abraço segurando as lágrimas. — obrigado por ficar do meu lado por todo esse tempo e desculpe por tudo que eu te fiz.

— Isso não é um adeus, é só um até logo. Eu vou contar os dias até poder te ver de novo, ver o meu Noah, o Noah por quem eu me apaixonei anos atrás. — Josh disse deixando uma lágrima ou outra cair e simplesmente plantando um beijo leve nos lábios finos de Noah. — eu também te amo muito.

— Vamos senhor Urrea? — o médico chamou vendo os dois apenas se olharem.

— Tchau gente, até daqui a algum tempo. — ele se despediu e se virou rapidamente, não querendo mais ver lágrimas ou coisas do tipo.

No caminho de volta para Londres, Josh que estava sentado no banco do passageiro tirou os dois saquinhos que havia pego com Noah do bolso. Jake que estava dirigindo olhou para a mão do irmão que encarava as drogas, olhando para o retrovisor e vendo que Wendy e Linsey também olhavam para a cena.

— Noah me deu isso quando eu fui no quarto dele, eu nunca vi ele lutar tanto contra a própria vontade como vi hoje... — o Beauchamp mais novo disse ainda olhando os saquinhos. — ele me deu pra jogar fora, enquanto ele poderia ter usado na primeira oportunidade. Isso é uma coisa tão pequena, mas ao mesmo tempo tão importante pra ele mesmo.

— Ele é uma pessoa forte, uma pessoa boa. Só escolheu o caminho mais fácil pra dor que ele sentia e na realidade, quem somos nós pra julgar? — Jake disse e todos o olharam. — eu nunca duvidei que o Noah amasse cada um de vocês, mas ele forçava a barra pra vocês acreditarem que ele não se importava. Só que ele nunca deixou de mandar dinheiro pra você Wendy, nunca deixou de mandar chocolate pra você Linsey e nunca deixou de apreciar você Josh. Como eu sei tudo isso? Ele falava comigo uma vez ou outra, me pedia pra não contar que ele me ligava pra saber como vocês estavam.

— Jake... Por que não nos contou antes? — Wendy perguntou vendo que Linsey e Josh apenas observavam tudo.

— Porque ele não queria que vocês soubessem que ele não estava bem, a única coisa que importava pra ele era saber se vocês estavam bem e se precisavam de alguma coisa. — o Beauchamp mais velho disse. — ele me fez prometer que eu não diria nada porque ele não queria mais magoar ninguém, ele queria ficar sozinho. Eu pensei mil vezes em dizer alguma coisa, mas pela primeira vez na minha vida eu entendi que amar é diferente pra todo mundo e era o direito do Noah amar como ele podia e conseguia.

Josh começou a rir, ele ria como se tudo que tivesse ouvido fosse uma grande piada, a piada mais engraçada que já havia ouvido na vida. Os três o olharam esperando que ele parasse e explicasse o que ele tinha achado tão engraçado naquilo tudo.

— Todo esse tempo você sabia que ele estava se matando e não avisou ninguém? Você não me avisou? — Josh se virou para o irmão que prestava atenção no caminho.

— Josh eu não... — ele tentou dizer mas Josh o interrompeu.

— Você é um grande filho da puta Jake, por isso você me empurrou o tempo inteiro pra ele não foi? Você sabia que qualquer hora a overdose ia acontecer e não contou pra ninguém! — o de olhos azuis disse alto e Wendy achou que precisava intervir naquilo.

— Josh o Jake não tem culpa das escolhas do Noah. — a mais velha disse tentando o acalmar.

— Não Wendy ele não tem, mas se o Noah tivesse morrido ele iria carregar a culpa de não ter avisado ninguém sobre isso antes. — o Beauchamp mais novo disse e olhou para o irmão. — você querendo pagar de bom moço mas deixou todo mundo sofrer por mais de um mês, vai se foder Jake. É muito fácil você só decidir falar esse monte de coisa agora, muito fácil você guardar esse segredo quando você tem o amor da sua vida do seu lado e não na cama de um hospital sem a certeza de que vai acordar. Você tá de parabéns, é realmente um grande ator e merece todos os prêmios de ótima atuação que você tem seu idiota.

Linsey iria dizer algo mas viu o noivo a olhar pelo retrovisor e mover a cabeça com um leve não, num pedido silencioso para que não falasse nada para Josh. Aquilo deixou o resto do caminho em silêncio, um clima completamente desconfortável para Wendy e Linsey e um Josh irritado.

Depois de um tempo Jake estacionou na frente da casa de Josh e viu o irmão se despedir apenas das duas mulheres, sem nem sequer olhar para seu rosto e bater a porta com toda a força que tinha.

— Ele vai ficar bem? — Wendy perguntou preocupada e Jake assentiu.

— Eles vão se resolver mãe. — Linsey disse e foi para o banco da frente olhando para o noivo que também a olhava. — eu acho.

Desculpe qualquer erro.