um | sua sombra

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Suavidade.

O toque deveria ter um tanto de suavidade quando as mãos guiavam linhas delicadas na folha de papel, esta que recebia o beijo de um pincel carregado com uma cor sutil, não tão vibrante quanto outras que coloriam o que deveria ser considerado um pedaço dela.

Já vi coisas belas, participei de incríveis revoluções artísticas, ouvi os mais brilhantes poetas e pensadores, e arrisquei minha vida ao buscar por mim mesmo o significado do amor. Sou um louco solitário, destinado a uma vida eterna com um único propósito: trazer o amor ao mundo, sem a chance de tocá-lo ou senti-lo com minhas próprias mãos.

Seria então o seu toque, ao dar essas pinceladas, uma expressão do seu amor? Doar um pouco de si através de uma bela arte que talvez marque a história. Pode ser. Não tenho respostas, mesmo que isso contrarie minha própria existência.

Fui abençoado com dons que muitos morreriam para ter, mas não há maior bênção do que contemplar isso. Vê-la com meus próprios olhos, existir no mesmo espaço-tempo que ela. Seraphina.

— Isso não está bom — ouvi-a dizer, colocando o pincel sujo sobre a bancada de madeira, cheia de potes de tinta de todas as cores possíveis.

— Está perfeito — analisei a pintura em aquarela, vendo ali mais uma das borboletas que ela costumava pintar quando estava estressada.

Observei Seraphina se levantar e ir até a janela do estúdio, abrindo-a para deixar que os raios dourados do sol de fim de tarde invadissem o cômodo. Ela fechou os olhos, permitindo que a luz abraçasse seu corpo. Com a brisa fresca que entrou pela janela, ela encheu os pulmões, relaxando os ombros e se deixando levar pelo momento.

Fiquei em silêncio, preso em meus pensamentos, observando-a do outro lado do cômodo, próximo à estante repleta de livros sobre romances proibidos e fantasias de outros mundos. Seraphina é uma romântica sonhadora, quando não está presa ao trabalho e faculdade que consomem tanto de sua vida. Humanos são sempre assim, sacrificam sua verdadeira essência para seguir caminhos tortuosos que os afastam de sua jornada predestinada.

Todos têm uma linha certa, uma história já escrita que podem seguir ou não. Seraphina era uma das poucas humanas que sabia como traçar seu próprio destino e parecia disposta a desafiar as leis do Criador para trilhar seus próprios passos. Sempre ouvi que Ele sabe o que é melhor para os humanos, mas nos meses em que observei Seraphina, vendo-a desviar do caminho traçado para ela, me permiti ser levado pela curiosidade de ver onde seus passos a levariam.

Em toda a minha existência, observei o amor de perto, criando situações para que ele florescesse entre os humanos. Seres que pareciam ter perdido o amor em seus corações, dominados por orgulho e desejos carnais, subjugados por uma natureza corrupta que outrora não lhes pertencia. Mas com Seraphina era diferente. Nela, via algo tão puro que nunca encontrei em milênios de coexistência com esses seres. Ela é a personificação daquilo que os humanos consideram um anjo e, não, isso não é uma blasfêmia.

sua sombra | park sunghoonOnde histórias criam vida. Descubra agora