Eles realmente merecem viver?
Se eles são os causadores do próprio sofrimento, não deveria ser meu trabalho exterminá-los e garantir que não houvessem mais razões para que ninguém sofresse?
Se as maldições nascem a partir deles mesmos, e nós os defendemos das maldições, não deveria ser nosso trabalho garantir que a raiz do problema fosse solucionada acabando com todos eles?
Enquanto nós morremos combatendo o mal que eles criam, sem ao menos algum reconhecimento, sem sequer receber um "obrigado" ou "bom trabalho", eles continuam desmerecendo nosso trabalho constantemente; continuam criando novas maldições, uma mais perigosa e poderosa do que a outra.
Alguma hora eu também vou morrer em vão e ser esquecido por todos?
Eu nunca quis essa vida...
— Suguro, — as mãos apoiadas em seus ombros chacoalharam levemente o corpo do rapaz moreno que jazia perdido em seus pensamentos. — você está bem?
Suguro Geto piscou duas vezes. Olhos azuis como o céu de um dia bom encaravam seus olhos castanhos como se tentassem desvendar o mistério de sua existência, como se procurassem a razão de sua distração além das palavras que poderia dizer.
— Eu estou bem.
Não estava.
Satoru Gojo suspirou e negou com a cabeça sem soltar os ombros do parceiro.
— Eu não vou engolir essa merda, se acha que vou acreditar nessa baboseira só pra não me meter na sua vida. Há algo errado acontecendo aí dentro dessa cabeça oca e eu quero que você me conte.
Geto desviou os olhos para a esquerda.
— É sério, eu estou bem, não precisa se preocupar. — e deu uma risadinha sem graça, daquelas de sempre, pra tentar disfarçar o estado mental.
E se eu quiser matá-los?
Gojo soltou seus ombros e ele os relaxou, mas logo as mãos do rapaz de olhos azuis estavam em seu rosto, forçando-o a olhar para si.
— O que eu sou pra você, Suguru Geto?
Não conseguiu evitar que seu rosto se esquentasse com aquela situação. Gojo estava perto, perto demais para que fosse confortável, e segurava seu rosto para que não fugisse da questão.
— O... o que és pra mim? — repetiu a pergunta tentando ganhar tempo para pensar. Engoliu seco o nervosismo, desviou o olhar para o lado e Gojo apertou seu rosto com os dedos forçando-o a olhar para si novamente, para aqueles olhos azuis translúcidos quase sobrenaturais. — És meu melhor amigo.
— Então, por que não confia em mim?
A pergunta atravessou o peito de Geto como uma lâmina afiada, as palavras fugiram de sua língua, de sua mente. Por que não confiava em Gojo?
— Acha que eu não sou capaz de lidar com o que há dentro da sua mente? Acha que eu não sou forte o bastante para enfrentar o que te aflige? Eu devo me contentar em ser seu melhor amigo apenas nas palavras e não nas situações?
Ansiedade. Frustração. Medo. Suguro queria fugir, não queria encarar Gojo e o que quer que ele quisesse com aquele discurso.
A preocupação dele não passa de palavras jogadas ao vento, não ajuda em nada. Os não-feiticeiros continuam sendo um fardo para o mundo. Ele foi o primeiro a sugerir que matássemos humanos quando Amanai foi morta e aquelas pestes aplaudiram o corpo morto de uma menina inocente.
— Geto...
É tudo um monte de mentiras, o esforço dos feiticeiros jujutsu não vale a pena, não fazemos realmente diferença na sociedade. Somos um remédio paliativo, apenas amenizamos os sintomas de uma doença cuja única cura é o extermínio dos não-feiticeiros.
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Só nós dois (Satosugu)
FanfictionPensamentos intrusivos podem alterar dramaticamente a vida de um jovem, isso é absolutamente inegável. Quando esses pensamentos começam a alterar a percepção de mundo de Suguro Geto, apenas a insistência da pessoa mais importante para si pode fazê-l...