Notas de amor

a melodia do encontro.

A música clássica preenchia o ar ao meu redor. O som suave e melódico de um violino acompanhado por um piano ecoava pelo quarto, como uma trilha sonora pra meu momentinho individual.

Me encontrava sentado confortavelmente em um sofá branco e chique do meu quarto, mergulhado nas páginas amarelas de um livro clássico de literatura, minhas mãos deslizavam pelas páginas com uma familiaridade reconfortante. A suave luz das lâmpadas lançava sombras nas paredes, criando um ambiente perfeito pra a leitura.

As notas fluíam como uma correnteza de emoções, tocando minha mente e coração de maneira profunda. Era um amor que eu carregava desde a infância, quando meu avô costumava tocar piano para mim. Ele me ensinou a apreciar a beleza da música clássica, e aquele amor só cresceu ao longo dos anos.

Era assim que eu desfrutava dos finais de tarde, imerso na literatura e na música que aqueciam minha alma.

Enquanto eu me perdia nas palavras do livro e na melodia da música clássica, uma batida suave na porta do meu quarto me tirou do meu transe literário.

— Entre. — Permiti com uma voz suave, logo vendo a figura de uma das funcionárias da casa, Senhora Park, com um sorriso amigável nos lábios.

— Desculpe incomodar, senhor Lee. — Ela se curvou, mantendo o respeito. — Seu pai me pediu para que você se aprontasse para a festa e descesse logo, ele te espera.

Assenti com um sorriso de compreensão.

Nossa família é conhecida pelas festas extravagantes e eventos luxuosos, não podia ser diferente no aniversário do patriarca da Família Lee, meu ''querido'' pai.

Não era segredo que eu e meu pai não tínhamos a melhor das relações. Ele tinha expectativas enormes para mim, queria que eu seguisse seus passos nos negócios da família, mas meu coração estava na música, na criação artística.

Minha paixão pelo piano e pela música clássica era vista por ele como um desperdício de tempo, um capricho insignificante. Ele considerava minhas apresentações e concertos uma distração dos verdadeiros deveres de um Lee.

Era difícil para ele entender a profundidade da minha conexão com a arte e como ela era essencial para a minha alma.

Mrs. Park saiu do quarto para me dar privacidade enquanto eu me arrumava. Fui até o closet e escolhi um elegante terno preto, combinando com uma gravata borboleta de seda. Cada detalhe era importante, pois representava a imagem da família Lee.

E claro, não esqueci do meu relógio.

Ou melhor, o relógio do meu avó que ele me deu quando eu ainda era uma criança. Ele contou que encontrou a vovó pela primeira vez quando comprou, por isso, ele dizia que eu iria encontrar o meu amor se eu usasse ele.

Amor. Há quanto tempo eu estou sozinho?

Com um suspiro, me virei para o espelho e comecei a ajustar a gravata. O olhar de desaprovação do meu pai sempre pairava sobre mim, mesmo quando ele não estava presente fisicamente. Era como se eu estivesse constantemente em busca de sua aprovação, algo que nunca parecia alcançar.

Dei um último olhar no espelho para me certificar de que tudo estava perfeito. A música clássica ainda pairava no ar, mesmo enquanto me preparava para deixar meu santuário pessoal e enfrentar a festa que se aproximava.

Preferia passar essa noite afundado nos meus livros se eu pudesse, mas infelizmente eu terei que ir, e já planejava um jeito de fugir pra meu quarto quando ninguém estiver vendo.

À medida que eu descia a grandiosa escadaria da minha mansão, pude sentir o zumbido da festa se intensificar. O salão principal estava repleto de convidados vestidos com roupas elegantes, conversando animadamente enquanto seguravam taças de champanhe. Lustres de cristal pendiam do teto, lançando um brilho suave sobre a cena, e grandes arranjos de flores decoravam as mesas.