01. Alice e Castiel (parte um)

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Alice

era meia-noite de reveillon e castiel como sempre, brincava com meus sentimentos, os fogos estouravam sobre o céu em comemoração à mais um ano que começava, tínhamos apenas doze anos e seus olhos travessos pareciam querer enganar minhas dúvidas infantis, com um simples toque nos meus lábios, o susto me levou a recuar mas ele me segurou para eu não fugir, nós nos conhecemos desde o jardim de infância, por isso o rapaz tinha noção de que esse era meu primeiro beijo...

quando criança muitas coisas acontecem sem nos deixar explicação, meu coração inocente não sabia que para ele aquilo era só uma brincadeira para testar minhas reações, afinal, todos sabem que castiel nunca gostou de meninos e no fundo eu sempre soube que havia algo de errado comigo...

aos 14 anos com a permissão de minha mãe, as cuecas em minhas gavetas foram substituídas por calcinhas e eu tive o passe livre para entrar no mundo feminino, a partir disso o que estava oculto em meu peito começou-se a fazer forma cada vez mais, meus olhos se atentavam à tudo principalmente aos desvios de castiel, nem mais o seu gênio forte conseguiam me enganar, mantemos nossa amizade de infância, porém nunca foi mencionado aquele episódio no réveillon que até então assombrava minha mente.

eu sabia quem eu era e também sabia dos segredos de castiel e como todos os seus desvios de personalidade eu conseguia atravessar cada um deles.

mas por alguma curva torta do destino, depois de alguns anos, minha preocupação em relação a Castiel passou-se a diminuir, eu ja tinha 17 anos, meu aniversário de dezoito estava próximo e era o último ano do colégio para maioria de meus colegas, meus pais eram divorciados e estranhamente ele e sua família estavam hospedados aqui em casa onde vivia apenas eu, Luíza minha irmã caçula e a mamãe, ela estava doente e precisava de alguém um pouco mais responsável para cuidar de nós, mas a presença de papai me incomodava um pouco, eu sinceramente gostaria de entender a necessidade de todos estarem aqui (meu irmão e sua mãe, no caso minha madrasta)...

me confundo também com o fato de minha irmã caçula ter ido embora com o seu pai para o sítio de sua vó, passei semanas sem nenhuma motivação para sair de casa ou para conversar nos corredores do colégio com Lua (minha melhor amiga), confesso que tudo parecia estar acontecendo muito rápido e que por um tris tudo poderia mudar radicalmente.

a cada dia que passa sinto a alma de minha mãe cada vez mais distante de seu corpo e isso cortava cada vez mais o meu coração, eu estava em seu quarto, alguns aparelhos foram instalados pelo médico do bairro, mamãe ficaria internada aqui mesmo, minhas lágrimas pesavam sobre meu rosto, cada gota que descia liberava um soluço inevitável e como meu pai nunca soube como lidar comigo, apenas me observava sem dizer ou fazer nada... "Benjamin.", meu irmão apareceu no quarto chamando-me pelo nome que não era mais meu, "aquele teu amigo de cabelos vermelhos está na porta, disse que veio te levar pra passear", olhei para mamãe por um último instante, e virei-me para sair do quarto sem olhar diretamente para o meu pai.

"já falei pra você que meu nome não é mais esse, Caio", o corrigi aborrecida e desci as escadas para dizer para Castiel ir embora.

Castiel

achem o que quiser de mim, caçoem o quanto puder, mas sempre farei o possível para proteger meu amigo desses maus do mundo, eu sei como é ser julgado e incompreendido pelas pessoas quando resolvemos escolher os caminhos que realmente nos diz respeito e não os que os nossos pais 'escolheram' pra gente, não é à toa que me emanciparam antes d'eu completar a maioridade.

e como hoje, Benjamin, agora Alice é uma das poucas coisas boas que me fazem lembrar de quem eu ja fui no passado, tento manter nossa amizade firme, mantê-la sempre por perto, na minha vida, sob minha supervisão.

algo nela me desperta um instinto de proteção, mesmo que têm tentado afastar não só eu, mas também amizades mais importantes como a Lua, que tem reclamado da ausência de sua melhor amiga e ido meio mal nos ensaios de nossa banda por estar angustiada com as questões de Alice com o estado de sua mãe e de sua família.

sei lá, quero que eu remeta à Alice o mesmo tempo bom que ela me trás de volta toda vez que estamos juntos.

o pessoal da banda estava montando seus instrumentos para tocar na praia, eu e Alice estávamos em silêncio, estou levando ela comigo pois penso que o mar pode distrai-la, mas meio que minha pose de durão me impede de fazer algo mais além do que isso, até eu perceber que ela estava chorando, parei o passo imediatamente e me virei para ela enquanto o ceu azul ia se escurecendo cada vez mais.

"ei, olha pra mim", ela não conseguia, e mesmo com seus olhos no chão eu peguei em sua mão, "você ta ligada que tudo pode acontecer a partir de agora, as coisas podem estar acontecendo de uma forma confusa pra ti, mas não esquece que to sempre contigo, alice.", ela levantou o olhar em minha direção, encontrando-se com o meu, instintivamente agora era eu quem desviava os olhos para o chão e então, nós dois parados na estrada ao lado do bosque, a garota me abraçou e sem dizermos nada, ela chorou no meu peito, meus olhos focavam nos pinheiros em nossa frente, eu retribui o abraço, mas acho que esse talvez seja o meu limite de sensibilidade.

.

como o habitual em dias nortunos na praia, o vento era um pouco mais forte, ela estava com minha jaqueta, seu olhar meio distante enquanto a galera começava a lotar na frente do nosso mini palco, as luzes claras foram substituídas para um vermelho mais escuro enquanto começavamos a apresentação...

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⏰ Última atualização: Oct 02, 2023 ⏰

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