Epílogo

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- Pensei na música começando, aí umas crianças entrando na frente jogando pétalas de rosa, bem tradicional mesmo... Aí, atrás entram os padrinhos, mas um de cada vez, tipo desfile, sabe? E de acordo com o ritmo da música e tal... Quando começa o refrão, pá: a gente entra, mas cada um de um lado. Aí, a gente se encontra, fica dançando, mas sem beijar nem nada... Tipo, se encarando... Aí no final a gente daria as mãos e os padrinhos iam dançar com a gente também...

- Tipo uma quadrilha junina? – provocou Geraldo, do volante de seu carro.

- Calada, Gayralda! – Donald continuou a descrever sua ideia – Aí se os convidados quiserem dançar também, desde que seja espontâneo, acho que ia ficar foda. Mas eles nos seus lugares, né? Na frente, só a gente. Aí, acabando a música, a gente caminha até o carinha do cartório e faz a parte burocrática lá.

Ao lado de Donald, no banco de trás, eu só queria sorrir. Mas sabia que precisava ser prático:

- São muitas ideias legais, Don. Eu amei, mas acho que a gente precisa resumir.

- Meu Deus, como vocês são cafonaaas! – Claudinho não perdeu a chance de gongar – Flash mob em pleno 2024? – ele gesticulava horrores do banco da frente.

- Tendências vão e voltam. A gente pode relançar uma tendência se quiser, ué... – Donald me encarou e fez uma careta engraçada – Falei certo?

- Aham... – eu ri e o beijei.

- Vocês me enojam. O Breno já fala igual personal e a Donalda agora fala igual designer... – observou Geraldo.

- Vocês são duas solteironas despeitadas! Por que não experimentam ter uma amizade colorida e se apaixonar também? – provocou Donald.

Cláudio e Geraldo se encararam.

- A gente tentou... – reconheceu Geraldo em voz baixa, acelerando o carro.

- O quê?! – Donald e eu indagamos juntos.

- Abafa! – resmungou Cláudio – Ai, na pandemia, coisas estranhas aconteciam, né? Mas a gente não teve a química estonteante de vocês.

- Ou o azar, né? – Geraldo gargalhou – A gente parece os amigos da Cady das Meninas Malvadas.

Nós quatro quase morremos de rir ao mesmo tempo.

- Vocês são ridículos! – comentei.

- E já marcaram a data? – perguntou Cláudio.

- Nada. Tamo esperando umas respostas aí. – expliquei – Eu também preciso terminar de pagar meu novo computador e a pós antes.

- Mas quando for rolar, saibam que a festa vai ser bem the weekeira. – afirmou Donald.

- E quando não é? - Cláudio comemorou - Amamos! Escolhe a próxima playlist aí, Breno.

- Ah, não... – Geraldo provocou – Outra playlist de academia, não!

- Melhor que descer pra praia escutando MPB e brasilidades, né, Gayralda? – pontuou Claudinha.

Geraldo acabou concordando. Coloquei uma playlist qualquer pra tocar. Donald abriu seu sorrisão:

- Essa tem que tocar na festa do casamento com certeza!

A faixa era Road, do Bruno Martini. Geraldo pegou a pista rumo ao litoral e gongou:

- Musiquinha de anúncio da Tim... Vocês só pioram!

- Shiu! - debochei.

Nesse momento, Donald e eu demos as mãos.

- E o campeonato? – questionei.

- Vou me inscrever...

- Aê! – soltei um berro.

O beijei e as outras também comemoraram.

- Vai virar bodybuilder mesmo... – disse Cláudio.

- Sei lá, tô meio velho pra isso. Mas preciso saber como é tentar pelo menos, né? – explicou Donald.

- Boa parte dos fisiculturistas chega ao auge perto dos 40. – argumentei.

- É...

Ele concordou e me encarou com aquele sorriso matador. E sempre que Don me olha desse jeito, sinto que o mundo para. Nem que seja por apenas alguns décimos de segundo. Desde o primeiro dia em que ficamos, enquanto ele me observava, sorria, ria e dançava, sempre foi essa minha sensação. E, assim como naquele dia, Dondon me beijou gostoso, parou por um momento e afastou meu rosto carinhosamente, segurando-o, mantendo seu olhar no meu. Respondi devolvendo o toque em sua face. Senti o rosto másculo dele perdido nos fios grossos de sua barba:

- Eu amo você.

- Eu também amo você.

- Como amigo? – debochei.

- Vai se fuder, Breno, seu besta. – ele gargalhou.

 – ele gargalhou

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