Capítulo 2

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O alfa acordou de repente. Sentia muita dor na cabeça e náuseas, estava desorientado. Assim que abriu os olhos deu de cara com um par de olhos azuis oceânicos. Profundos olhos azuis, hipnotizantes. O alfa nunca havia visto olhos tão lindos em sua vida. Franziu levemente a testa, tentando lembrar-se de onde estava. O dono dos olhos azuis, claramente um ômega, cheirava a chocolate e frutas vermelhas. Estava à esquerda de onde estava deitado, o que parecia ser uma maca.

- Fique calmo, rapaz. Você está num hospital, sofreu um acidente e teve uma concussão leve, está em observação. Pode nos dizer seu nome? – o médico que estava à sua direita perguntou. Junto dele havia outro alfa, mais velho. Parecia algum tipo de autoridade ali, usava um colete preto com brasão na altura do peito.

- Eu... eu não sei, não consigo me lembrar... onde eu estou?

- Você está em Wadworth, no hospital municipal. Você foi encontrado caído no acostamento de uma estrada rural próxima daqui, com um galo enorme na cabeça. Não se lembra de nada?

- Não, eu... Meu Zeus, minha cabeça vai explodir! – sentia lágrimas escorrerem de seus olhos, tamanha era a dor que sentia. Seu estômago revoltou-se ainda mais com a dor e imediatamente expulsou tudo para fora. O ômega, que estava atento, pulou fora do caminho e correu pegar um balde para ajudar o alfa. – Me des-desculpe, eu não queria, eu...

- Calma, rapaz, está tudo bem. Vamos resolver isso. Apenas descanse por enquanto, conversamos mais depois. Mark, posso falar com você um minuto, por favor? – Dr. Paul pediu.

- Claro.

Enquanto ambos saíram dali para o corredor, uma enfermeira trouxe um analgésico injetável para o paciente, que estava muito agitado. Louis ainda estava ali, segurou a mão do alfa enquanto a enfermeira aplicava a medicação. A última coisa que o alfa viu, antes de apagar, foi o lindo rosto do ômega que lhe segurava a mão, tentando acalmá-lo.


- Mark, o rapaz foi encontrado sem qualquer tipo de identificação. Sem carteira, documentos, celular, nada. Pelo que me disseram, havia marcas de pneus próximas a ele, mas não havia mais nada. Só estava com as roupas do corpo. Se ele não conseguir lembrar de nada nas próximas horas, teremos que acionar a divisão de desaparecidos e...

- Paul, calma. Vamos dar um tempo a ele para se recuperar. Você mesmo disse que a concussão foi leve, ele deve se recordar das coisas logo. Vou pedir para um dos meus homens dar uma olhada no local com mais calma, para ver se encontramos alguma pista que nos leve até a família dele. Por enquanto, você fica de olho nas coisas, de qualquer forma ele tem que ficar em observação, não? Quando ele melhorar, vemos um lugar para ele ficar enquanto investigamos o que aconteceu. Se nada der certo, acionamos a divisão de desaparecidos e ajudamos o rapaz até encontrarmos sua família.

- Ok, Mark. Vamos assim, então.

Mark voltou até o leito em que o alfa estava. Encontrou Louis ali, segurando a mão do rapaz e encarando-o fixamente. Parecia fascinado pelo rosto do homem deitado. Mark pigarreou de leve e viu o pequeno pulo que seu filho deu ao ser flagrado naquela contemplação.

- É um rapaz muito bonito, não? – perguntou suavemente ao filho.

- Ele é lindo, papai. E tem um cheiro tão bom! O que vai acontecer com ele? Se não recuperar a memória, quero dizer.

- Louis...

- Papai, eu sei. Só estou curioso. Ele parece ser bem cuidado, tem aspecto de uma pessoa bem de vida. Observe: mãos macias e bem cuidadas, cabelo cheiroso, roupas caras. Não me parece um zé-ninguém, um andarilho de beira de estrada. Com certeza tem uma família ou alguém, não tem o aspecto de uma pessoa sozinha.

Lembrei de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora