Estava dentro daquele pequeno ônibus apertado há algumas horas. Uma pequena brecha de luz do escaldante sol da tarde entrava pela janela ao que estava sentando ao lado, muitas pessoas em pé e algumas sentadas, ocupando os bancos.
Saindo da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, diretamente da favela do Jacarezinho e indo pra a cidade de Guarulhos em São Paulo em busca de batalhas de rima e novas experiências.
Eram treze horas de viagem entre as duas cidades, já havia passado de mais da metade do caminho enquanto estava com meu celular em mãos e meu fone no ouvido, depois de um tempo ouvindo música o sono veio, então guardei meu celular em uma das minhas duas mochilas que havia trazido meus itens pessoais para me mudar para Guarulhos.
Meus pálpebras começaram a cair e o sono foi invadindo meu ser, me fazendo adormecer profundamente no banco do ônibus.
Acordei com a cobradora do ônibus me cutucando levemente.
— Senhor? Senhor, esse é o seu ponto.
Acordo lentamente e olho pela janela ao meu lado, o céu estava totalmente escuro e estrelado enquanto só havia eu, a cobradora e o motorista do ônibus.
Me espreguiço com um bocejo sonolento e me levanto do banco, agradecendo a cobradora enquanto passava por ela com um pequeno sorriso.
— Já é, valeu.
Saio do ônibus com uma mochila nas costas e outra na mão. Me senti um pouco acoado pela dimensão da cidade e até um pouco perdido, mas já havia comprado um apartamento para morar lá.
Chegando no apartamento eu cumprimentei o porteiro e síndico, que confirmou algumas coisas antes de me entregar as chaves do meu apartamento. Entrei no elevador e apertei em alguns botões, subindo até o quinto andar. As portas do elevador se abriram e andei pelo longo corredor do andar até chegar no meu apartamento, o 507.
Abri a porta com a chave e entrei lentamente no apartamento, espiando se todos os móveis que mandei entregarem e montarem lá com antecedência estavam lá. Explorei a casa por alguns minutos antes de ir para o meu quarto e arrumar minhas roupas e meus itens pessoais no armário e banheiro. Depois de colocar uma colcha de cama na minha cama, eu coloquei o meu celular para carregar na tomada ao lado da minha cama e adormeci profundamente, pois amanhã eu iria comprar coisas como as panelas, toalhas e comida.
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Já era dia e sinto um raio de luz entrar pela minha janela, me acordando enquanto o canto dos pássaros achavam por todo o ambiente. Pego o meu celular que deixei carregando noite passada e vi que eram exatamente 06:54 da manhã, eu teria que acordar essa hora se quisesse fazer tudo que quero em apenas um dia.
Me espreguiço e fico alguns minutos rolando de um lado para o outro na cama, me levanto um pouco sonolento e vou até o banheiro, fazendo a minha higiene pessoal antes de me vestir em uma roupa leve pois estava fazendo calor.
Pego o meu celular e minha carteira e os coloco dentro uma pequena pochete com bandoleira, onde a passava por cima do meu ombro esquerdo. Saio do quarto e vou para a sala, me sentando no sofá e chamando um Uber.
Depois de alguns minutos de espera, o Uber estava perto do meu prédio então saí rapidamente do meu apartamento, trancando a porta logo em seguida e me dirigindo ao elevador, indo ao térreo do prédio.
Saio do elevador e cumprimento o porteiro com um sorriso e um leve aceno de cabeça, o meu Uber já estava na porta do prédio então apenas entrei no carro e o cumprimentei com um simples "Boa noite", mexendo no meu celular logo em seguida.
— O seu sotaque é diferente. Você é de onde?
Levantei o meu olhar e sorri pro motorista, que conseguiu identificar o meu sotaque por um simples "Boa noite".
— Nossa, você é bom em reconhecer sotaques, hein. Sou da cidade do Rio de Janeiro, lá do Jacarezinho.
— Hm... do Jacarezinho? Interessante...
Ele me olhou pelo retrovisor de uma forma maliciosa, me deixando um pouco desconfortável naquele carro.
Me mantive alerta a aquele motorista até o fim da corrida. Quando cheguei ao meu destino, paguei o motorista e rapidamente sai do carro e entrei no mercado, evitando o olhar do motorista nas minhas costas.
Depois de pegar um carrinho e entrar no supermercado, comecei pelo setor de limpeza, vendo alguns amaciantes na prateleira.
— Caralho, R$20,00 em um amaciant-
Alguém esbarra em mim, cortando minha fala em um pequeno grunido de surpresa.
— Ah, desculpa, foi mal.
Um homem mais alto diz com a mão no meu ombro, vendo se estou bem.
Ele era mais alto que eu, talvez uns 10cm a mais. Notei seus cabelos crespos e armados com pontas vermelhas e seu cavanhaque. Durante um momento eu fiquei admirando sua aparência em silêncio, corando um pouco quando percebi que estava olhando fixamente para ele.
— A-Ah, não. Sem problemas.
Dou um sorriso simpático para o homem e ele sorri de volta para mim, se afastando rapidamente enquanto eu ficava parado tentando raciocinar a beleza do sorriso daquele homem.
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Depois de um longo dia fazendo compras para a casa me deitei exausto no sofá depois de organizar as compras dentro do meu apartamento.
Logo em seguida pego o meu celular e abro o Instagram, rolando o feed aleatoriamente até encontrar um post que chamou minha atenção. O vídeo era o homem que vi hoje no supermercado rimando em uma batalha, comecei a apreciar seu talento em speed flow, Detroit e acertar o drop do beat.
O vulgo dele era "Brennuz".
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Your Lips, My Lips, Apocalypse - Brennuz
FanfictionKaique era um MC carioca que havia se mudado para São Paulo há pouco tempo. Em busca de novas batalhas de rimas e experiências diferentes do que já viveu, Kaique embarca em uma nova fase de sua vida, mas não esperava se esbarrar com um dos MCs mais...