Capítulo 5

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Kael Aguiar - 06:50
28 de fevereiro - Quarta-feira

Certeza que xinguei minha quinta geração pela burrice daquela mensagem. Não pensei, quando percebi tinha mandado e Monique viu, mas não respondeu nada, quis me socar.

"Estava com saudades"

Qual o meu problema? Não foi mentira, senti saudades de todo mundo, principalmente dela, mas devo ter comido merda para falar assim, com certeza Monique se assustou.

Nem dormi direito, fiquei remoendo essas três palavrinhas do caramba. Gustavo chutando minha cara também ajudou, mas não tinha conseguido dormir mesmo, só acordei mais.

Vesti o uniforme da empresa ajeitando meu cabelo, ainda estava com corte, bom que não preciso gastar mais dinheiro cortando, fiz em Minas antes de vir, tenho que achar barbeiro por aqui, não confio em qualquer pessoa não.

Peguei a chave da moto, saindo do quarto, Gustavo estava jogando no sofá todo torto, se chorar dizendo que está com dor nas costas eu vou rir, porque não é possível, cara, parece que não tem um osso nesse garoto.

- Tomou café, carinha? - perguntei bagunçando o cabelo dele, Gustavo me olhou indignado, tirando minha mão - Olha lá, ein...

- Demorei um tempão, pai - resmungou - Minha bisa não terminou o café ainda.

- Não ajudou por quê? - ergui as sobrancelhas, ele sorriu sacana balançando o celular - Por jogo? Não combinamos de ajudar sua bisa, garoto? Ela não pode fazer tudo sozinha não.

- Mas pai, ela não deixou - deu de ombros - Eu tentei fazer meu pão, ela puxou minha orelha, doeu muitão - resmungou baixinho, ri deixando esse malandro terminar de jogar, vindo atrás da minha velha.

Dona Ângela estava escutando forro, dançando enquanto o café passava. Me aproximei sem fazer barulho, abraçando sua cintura, começando a dançar agarradinho com ela, beijando seu pescoço de propósito.

- Deixa de safadeza, menino - bateu no meu ombro, ri me afastando - Dormiu não, filho? Está com carinha de sono, olho caído.

- Dormi nada, fiquei mexendo na cama o tempo todo - peguei as xícaras, arrumando na mesa - Bom dia, minha velha - desejei beijando sua cabeça já branquinha.

- Bom dia, filho... Tenho um calmante natural, se não conseguir dormir essa noite toma, não tem outra - falou colocando o café na garrafa térmica, trazendo para a mesa.

Tinha tanta coisa, desde a minha infância essa mulher enchia nossa bunda de comida, podia pesar 200kg que para ela estava magrinho.

- Precisa não, vó - foi minha burrice que me deixou acordado - Gustavo, vem tomar café, daqui a pouco vai atrasar - chamei alto, ele apareceu agarrado no celular - Larga isso para comer, não era nem para estar jogando essa hora - mandei sentando, pegando um pedaço de bolo, parecia gostoso.

- Só um pouquinho, estou ganhando - olhei firme, fazendo ele bufar desligando - Estava terminando, pai - choramingando enfiando um pão de queijo na boca.

- Começou porque quis, sabe que tem aula agora e fica começando partida longa - parece que nasceu grudado com isso - Não demora, tenho trabalho hoje.

Então era amor Onde histórias criam vida. Descubra agora