Compensar - I

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Sábado à tarde. 

- Que porra...?

- Paulo...!

Atordoado por ter acabado de acordar com um susto daqueles, Rio de Janeiro ficou alguns segundos encarando o paulista, que de início não disse nada já que ele não era quem devia explicações, porém acabou pr enfim quebrar o silêncio.

- O que merda você tava fazendo?- Questionou impaciente.

- Eu ia esperar você sair mas eu acabei dormindo.- Admitiu, por fim se colocando de pé.- E-eu precisava falar com você...

O carioca falava com aquela feição cansada e melancolia na voz, São Paulo queria se bater ao sentir as emoções pesadas da noite anterior querendo o consumir e o levar ao poço mais fundo de auto-piedade possível. Assim que tivesse alguma brecha fecharia a porta na cara dele, não iria conversar com o RJ, já havia sido humilhado demais e a última coisa que precisava naquele momento era olhar seu rosto enquanto falava sobre qualquer coisa. Ainda mais com o ocorrido tendo sido tão recente.

A verdade era que estava pronto para começar a ignorar Rio de Janeiro assim que voltassem ao trabalho, fingir que nada havia acontecido e apenas voltar a tratar ele como fazia antes da semana de encontros. Estava se preparando psicológicamente pra isso, e sinceramente esperava que o carioca fosse um pouco mais complacente com esse desejo, afinal ele já havia ganhado o que queria, o dinheiro e o sexo. Será que não era o bastante? Precisava atormentar São Paulo ainda mais para ficar satisfeito? O humilhar mais? 

- ... eu não quero falar com você.- O paulista admitiu por fim, respirando fundo, tentando não se desestabilizar na frente dele.

- Eu sei!- Disse, segurando o batente da porta com força.- Eu sei e você tem toda a razão de não querer falar comigo nunca mais, e toda a razão em me odiar e só querer fechar essa porta em cima dos meus dedos, eu realmente fiz merda. Me desculpa.- Esse tempo todo pensando no discurso, e tudo o que conseguiu falar foi isso? Rj se xingou internamente.

- Tá de brincadeira? Você só pode tá brincando comigo, não é possível...- São Paulo riu sem humor.- Depois de tudo o que você fez, é isso que você tem pra me falar? Quer saber... você tá certo. Eu que fui o idiota em ter acreditado que você poderia ser uma pessoa decente.- O homem saiu da frente da porta e entrou no próprio apartamento, caminhando na direção da sala.- Entra, Rio de Janeiro. 

-Entrar-?

- Você não queria conversar? Então vamos conversar.- Disse, aguardando o olhar de choque do carioca passar e enfim vê-lo se aproximar hesitante. São Paulo recostou contra a parede com os braços cruzados. - ... tô esperando.

- Eu... não tava brincando quando disse que queria pedir desculpas, eu realmente estava sendo sincero.-Tentava manter contato visual, mas a cada segundo que o olhava, mais seu coração apertava.- Eu me arrependi muito de ter feito isso contigo.

- Feito o que, comigo?- São Paulo estreitou os olhos, sabia que não iria conseguir segurar a lingua, se controlar. Estava trêmulo, e por mais que soubesse que qualquer palavra além das já ditas pelo Rio de Janeiro iria o levar ao limite, queria o ouvir dizendo.

- Por ter feito aquela aposta com o Potiguar... apostado que eu conseguiria dormir com você.

O paulista suspirou pesado enquanto deixava a frase afundar dentro de si. Seus olhos arderam uma vez mais, sinalizando a chegada das lagrimas.

- Não foi só isso que você fez.- Disse baixo o bastante para Rio ouvir, a cada frase, erguendo o volume da coz.- Você abusou da minha confiança, me fez acreditar que tinha algum interesse em mim derrepente, fingiu se importar comigo e eu me abri pra você. Você me viu tendo uma crise, me usou no meu momento de maior fragilidade quando SABIA que tudo o que eu precisava era parar de pensar. Você fingiu estar tentando me ajudar, fingiu gostar de mim, fingiu se importar comigo, e agora tem a pachorra de vir até mim pedindo pra que eu te perdoe porque você tá arrependido?!

Eu aposto que... | SPXRJOnde histórias criam vida. Descubra agora