Nota da autora: Recomendo ouvir a faixa "Unsteady (Erich Lee Gravity Remix)" – X Ambassadors" durante a leitura deste capítulo para melhor imersão na atmosfera tensa e emocional da história.
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Ghost
A academia estava mais cheia do que o normal para aquele horário. Nem eram sete da manhã e já havia uma roda de soldados amontoada em volta do tatame. O som abafado de golpes, gritos e o tilintar das correntes penduradas preenchia o espaço e chamou a minha atenção. Quando me aproximei, entendi o motivo do alvoroço.
Ela. Angelina.
Ela estava no centro do tatame, enfrentando um soldado duas vezes maior que ela. Os dois trocavam golpes com intensidade, mas era ela quem dominava o ritmo da luta. Esquivava com agilidade, contra-atacava com precisão. Seu corpo se movia como se cada músculo soubesse o que fazer antes mesmo que ela pensasse. Não era força — era técnica. Foco.
Mas, para os babacas em volta, não era isso que chamava atenção.
Os olhares estavam presos na forma como o uniforme colado de treino destacava o corpo dela. Quadris largos marcados, abdômen liso, cabelo preso em tranças laterais, com um fio rebelde caindo sobre o rosto suado. Não tinha como não olhar.
Havia algo primal naquele combate — quase predatório.E eu não era exceção.
Por um segundo, perdi o controle. Um segundo em que os olhos se prenderam demais na curvatura dos movimentos dela, no som abafado do impacto dos corpos, na forma como ela se levantava, os lábios entreabertos e as bochechas coradas pela adrenalina. O jeito que ela respirava pesado enquanto lutava.
Respirei fundo, me recompondo, e atravessei a roda de soldados, que se afastaram dando espaço assim que notaram a presença de um superior entrando direto no tatame.
— Angelina, fim de treino. Agora. — minha voz soou firme, no rádio e ao vivo.
Ela congelou por um segundo, respirando com dificuldade. O adversário hesitou, olhando para mim, confuso. Ela o afastou com um aceno rápido, levantando-se com a mesma precisão que exibia nos golpes. Pegou a toalha jogada no canto e secou o rosto.
O uniforme preto e justo parecia ter sido moldado nela. Havia hematomas recentes nos braços e ombros, mas nada que a abalasse. Só serviam para intensificar a aura misteriosa ao redor dela.
Aquela aura que fazia todos os olhos se voltarem... e a minha sanidade ameaçar ruir.
— Eu fiz algo errado, Tenente? — perguntou, a respiração ainda ofegante. Meu olhar acompanhou uma gota de suor descer lentamente pelo pescoço até se perder entre as curvas do seios.
Seu rosto estava vermelho do esforço, os olhos vivos, atentos, esperando por julgamento. Aquela maldita boca pequena, com os dentes da frente levemente separados — como um coelho. Uma coelhinha de combate.
Balancei a cabeça, espantando os pensamentos.
— Um momento.
Me virei para os outros soldados, que ainda espiavam como se assistissem a um espetáculo.
— DISPERSAR! AGORA! — a voz ecoou como uma granada.
A multidão se desfez de imediato, alguns até derrubando pesos no caminho.
— Que horas são? — pergunte sério, cruzando os braços.
Ela olhou para o relógio digital preso no pulso.

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GATILHO _ Ghost/COD
FanfictionGhost foi chamado especialmente para fazer o treinamento de uma nova recruta, a garota em questão chama-se Angelina Viera, de 22 anos. O que desperta a curiosidade no Tenente é que ninguém tem muitas informações sobre a garota, nem mesmo um alistame...