Capítulo 1-Em uma clareira

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O vento germinava sutis movimentos em meus cabelos longos e loiros,fazendo os pelinhos de meus braços se ouriçarem.
O dia estava refrescante e cinzento,sentia a relva daquela clareira acariciar gentilmente meus tornozelos despidos pelo puxar da saia de meu vestido cinza.Esta clareira sempre foi meu refúgio em meio ao caos da minha vida familiar.

A empresa de móveis do papai está em meio à uma crise,mamãe está histérica com a possibilidade de perder suas mordomias e seu luxo.

Olhando para o caminho que percorri,logo detrás das majestosas árvores,ainda era possível ver a imensa construção em que eu residia.Para mim é difícil chamar aquela casa de lar,uma vez que não me remetia conforto algum,seja das paredes pintadas de azul real ou de meus próprios progenitores.

A ventania acarinha a pele de meu rosto com um pouco mais de força,afastando meus cabelos de meus ombros.Inspiro pelo nariz,expirando lentamente por entre meus lábios levemente ressecados,os quais umedeço com minha língua.

Sinto-me aforgar lentamente no mar de estresse que se tornou o ambiente daquela casa.Meus pais nunca foram exatamente carinhosos comigo,o que talvez se deva ao fato da minha vinda não ter sido desejada.Meu pai assim que soube da gravidez de mamãe,foi obrigado a se casar com ela pelo meu avô paterno. Mamãe nunca quis ser mãe,porém meu avô materno a pressionou,usando o argumento de esta ser a função da mulher para com seu marido.E restou para mim lidar com as consequências disto,acabando por crescer sem o menos afeto.

Após mais alguns passos,solto a saia de meu vestido e sento-me sobre meus tornozelos.Meu vestido embola ao meu redor,a grama pinica meus joelhos e a terra suja meus sapatos.Tento uma distração ao arrancar uma folha de grama e passar à desfia-la com minhas unhas roídas,em seguida repetindo o processo com uma pequena margarida,realizando o famigerado "bem me quer mal me quer" mesmo não possuindo ninguém em mente.

Embalada pela brisa e o silêncio,calmamente deito-me na fofa cama verde salpicada por margaridas.A folhagem emaranhando-se em meus fios loiros não era um fato relevante por agora,tal como a folhagem alisando minhas bochechas pálidas.

Fecho meus olhos por alguns instantes,apurando minha audição para ouvir o ar invadindo meus pulmões.Tateio a relva ao meu lado sem procurar algo certeiro,acabando por tocar em uma das pequenas flores brancas que eram minha companhia fiel desde meus 11 anos.Margaridas,me identifico demasiadamente com essas pequenas delicadezas,estas que possuem uma beleza simples,discreta,sem a extravagância de uma rosa vermelha.Com o pensamento dirigido às flores ao meu redor,me deixo levar pelo sono.

~°.•

Volto ao consciente,porém,permaneço com as pálpebras cerradas.Mesmo com os olhos cobertos,posso perceber a ausência da claridade diurna.

Superando a sonolência,abro meus lumes tendo o vislumbre de uma silhueta obscura ao meu lado direito.De repente o ar de meus pulmões é roubado pela adrenalina,assim como meu coração bombeia loucamente e minha mente gira.Não conseguia pensar em nada além do quanto estava com medo,gostaria que não passasse de um sonho ruim.

A figura completamente preta,agacha para perto de mim,a luz da lua permitindo-me visualizar o brilho das joias envolvendo seus dedos,sua vestimenta revela se tratar de um homem.

Aperto meus olhos fortemente,agitando meus globos oculares por debaixo das pálpebras,torcendo para que não tenha percebido meu despertar.

Sentindo-me ameaçada,não penso duas vezes antes de pressionar minhas costas e braço no solo,erguendo minha perna esquerda e atingindo certeiro a cabeça do indivíduo com um chute,este que solta um urro e cambaleia para o lado.

Sem perder tempo,levanto-me rapidamente,porém,meu primeiro passo acaba por ser na barra da saia do meu vestido,levando-me ao chão novamente em um tropeço.

–Senhorita,espere!Não lhe farei mal algum!–Uma voz profunda faz presença,ao passo em que o homem se recompõe do golpe que recebeu repentinamente.

–Não se aproxime!!–Grito de joelhos olhando para a figura que fez menção de se aproximar,mas que cessa seus movimentos.

Após meu grito,até mesmo os grilos parecem ter se calado.Um silêncio tortuoso se instala entre nós,este que parece durar uma eternidade. Aproveito para erguer-me do chão,batendo a saia de meu vestido afim de tirar a terra e a poeira,dando alguns passos para trás aumentando a distância entre mim e o desconhecido.

–Quem é você?–Quebro o silêncio com objetivo de saciar uma dúvida que percorria minha mente.

–Eu?!– Ouço o que pude identificar como uma risada nasal e desdenhosa–Eu sou Kim Taehyung,mais conhecido como Lorde Kim.

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