Josué
Sento à mesa de uma padaria no centro de Belo Horizonte. Peço dois pães de queijo, um quibe e uma coxinha. Como enquanto tomo um chocolate de caixinha no canudinho.
Saí de lá da puta que pariu às pressas, morto de fome, para vir me encontrar aqui com a filha daquele vagabundo 6 horas da manhã e ela ainda nem chegou.
— Bom dia! É você que está me esperando? — pergunta uma moça de sorriso doce com traços asiáticos. A olho de cima a baixo. Ela usa um vestido rosa, florido, que cobre o corpo inteiro e também usa salto baixo. Seu cabelo está trançado de lado e ela usa uma fita rosa para o prender. Com certeza não é quem eu procuro.
— Acho que se enganou.
— Seu nome é Josué?
— Nadja?
— Sim. — Ela se senta. Foi só pensar nela que a mulher apareceu.
Como que um homem como o deputado Alberto mete a própria filha, uma mulher dessa, nesse lixão que a gente está?
Em um espaço curto de tempo, ela se torna séria e diz:
— Perdão pela demora. Sejamos rápidos. — Ela apoia as mãos na mesa e as cruza. — Acredito que você saiba que o Soares é um homem com uma segurança de primeira. Não porque ele é precavido, mas por saber que pessoas querem o matar. Sendo assim, terei muito trabalho pela frente. Posso me ver numa situação extremamente complicada ao efetuar esse serviço, então quero muito dinheiro.
— Quanto?
— Em torno de 800 mil. Começo a fazer o trabalho assim que me pagar.
Engasgo com o chocolate e começo a tossir. Isso aqui é o quê? Ela tirou esse valor do meio do rabo? Dos filmes de ação dos Estados Unidos? Ela deve achar que dinheiro dá em árvore e que eu limpo a bunda com notas de 200 reais.
— Tá doida? — pergunto alto e as pessoas nos olham. Digo mais baixo: — Eu consigo outra pessoa para fazer isso por muito menos.
— Acha que eu sou pouca bosta, senhor Josué?
— Não, deve ser muita bosta, mas essa bosta tá muito cara.
— Está atrás de preço ou qualidade? — Ela cruza os braços. — Vou facilitar as coisas então. Você me paga metade adiantado e a outra quando o serviço for concluído.
— Mesmo que eu te dê só metade agora, ainda vai ser muito. Se o plano falhar, vai me devolver o dinheiro?
— Francamente, eu estou cobrando barato, porque você não sabe o problema que está se metendo. Aquele homem quer ser governador agora para daqui a 4 anos se candidatar a presidência e eu tenho certeza que ele vai ganhar. Não por ser o presidente certo, mas por saber manipular. Corrupção é o que não falta no partido dele, mas eles sabem muito bem manipular as massas.
Ela pensa que eu sou o quê? Sei muito bem como a política funciona. Eu conheço essa gente. Eles me repudiam na frente de uma câmera, mas no sigilo faltam me dar o rabo.
— Ele morre antes de ser eleito governador.
— Sinto muito, mas não será possível. É muito pouco tempo. Só ano que vem para o senhor ter a cabeça dele.
— Quer esperar ele virar governador? Aí vai ser mais difícil.
— Não será, os futuros projetos do Soares como governador me favorecem. Posso penetrar na sua vida política como um candiru.
— Candi o quê? — Franzo o rosto.
— Esqueça. — Ela balança de leve a cabeça. — Como vai ser?
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Contrato de casamento com o dono do morro Gênesis (Dreame e Telegram)
RomanceDesgraças atrás de desgraças tornam um casal inimigos e, ao mesmo tempo, aliados. O ponto crítico chegará quando um terá que matar o outro. Qual gatilho será apertado primeiro? Josué virou o dono do morro Gênesis com uma única motivação: matar um in...