Há uns 10 anos atrás, minha mãe estava em seus últimos momentos e eu acabei tendo uma conversa, sendo apenas uma criança, sobre meu irmão Henrique:
"Filha, eu preciso... que... me prometa... que vai cuidar do seu irmão", disse minha mãe.
"Mas como assim, mãe?", perguntei.
"Seu irmão é... diferente... dos... outros homens... se entende... não é?", perguntou.
"Sim, mãe, você já explicou", disse eu.
"Então, filha, protege ele... dessas pessoas preconceituosas que existem e cuidado com o mundo... com as pessoas... tem muita gente má que pode querer se aproximar ainda... mais agora", disse minha mãe.
Agora, atualmente, desde aquela promessa, eu sou uma pessoa que defende minha família com unhas e dentes. E meu pai sempre querendo transformar meu irmão em "macho", como ele sempre diz. E eu tentando fazer ele entender.
Mas tudo, desde que minha mãe morreu, está de cabeça para baixo. A família está cada vez mais distante de tudo.
Tudo começou a complicar há uns meses atrás nas nossas terras, que começaram a ser invadidas durante uma noite de tempestade.
Eu acordei com os animais berrando no campo. Vesti uma roupa, chamei uns peões e fomos correndo para o campo naquela chuva, que nos fazia afundar os pés na lama.
Olhei para os lados até que veio o Zé, um dos peões mais antigos da fazenda, correndo e disse que alguém havia quebrado uma das cercas para entrar e que parecia ser um grupo de sem-terra.
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O meu luar
RomanceDesde que me conheço por gente, amo caminhar no campo tocando a boiada com os peões, ajudando. Mas nem tudo eram flores em minha família. Desde cedo, meu irmão e eu fomos ensinados a cuidar da fazenda.