Corra, Anna Halminton Harris

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Anna Halminton Harris, o nome tão aclamado nos palcos mais diversos e famosos; já fora aplaudida no Japão, Espanha, Roma, França, dentre muitos outros, entre eles o próprio sonho divino de qualquer músico, o Carnegie Hall. Uma mulher talentosa e de esplendido amor pela música.

 Esta pianista não poderia ter uma vida mais perfeita, não? Que a verdade se revele...

A loira se encontra assentada no banco em frente ao majestoso instrumento, diante da plateia do Carnegie Hall. O lugar é engolido pela total escuridão, sendo apenas Anna o centro das atenções, coberta pela luz pálida vinda dos holofotes, feixes radiantes iluminando seus cabelos dourados e pele pálida. Suspira, suas mãos leves como penas e os dedos pousando sobre as teclas frias, tornando piano e pianista parte de um só corpo, dividindo o mesmo coração, quando a primeira nota foi tocada; os dedos da mulher afundando as teclas e libertando os sons que ecoam pelas paredes. Sente a melodia lhe invadir, as vibrações lhe percorrendo as veias e as notas desenhadas na partitura ganhando vida numa melodiosa e estrondosa música. A bela mulher jamais sente-se mais viva do que nesses momentos, quando está sendo envolvida e tomada pela sua paixão. 

A apresentação, como sempre, tem duração de 3horas e 20minutos, e nesse período de tempo as pessoas se encantavam pelos harmoniosos sons que ecoam em suas almas. E no final, quando a última tecla é tocada emitindo a nota que anuncia o fim, o silêncio toma conta do lugar. Por um segundo todos parecem almas vagando livres, sem ter qualquer controle sobre o corpo estático, mas depois, o mar de pessoas se levanta como ondas e aplaude.

Anna sorri, se levanta e vai à beira do palco se curvar para a multidão num gesto de gratidão.

Mas... há algo errado.

Entre a multidão com os olhos marejados, há um alguém sentado, braços cruzados e corpo ereto. Alto, magro, olhos escuros brilhando na escuridão, olhando diretamente para o par de safiras azuis de Anna. Usa um capuz, não se pode ver nada além dos olhos e o sorriso mesquinho na escuridão, como uma criança se escondendo, prestes a fazer algo errado.

Anna olha diretamente para os olhos frenéticos em sua silhueta, uma mensagem brilha em suas íris, um enigma: "Se prepare para as próximas noites, Anna Halminton Harris, corra..."