CAPÍTULO 01

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MARIA EDUARDA

Nunca soube quem era os meus pais, fui criada pela minha avó, até os 12 anos, que não me abandonou rua porque recebia do governo um cheque todo mês, era isso que ela gritava todas as vezes que me batia ou quando eu pedia comida.

Ela quase sempre me deixava sem nada para comer, vivia saindo e gastava todo o dinheiro que não sobrava quase nada, por isso mesmo ainda bem pequena eu sempre fazia alguns trabalhos para as vizinhas que sabiam das minhas necessidades e sempre compartilhavam comigo sua comida e algumas roubas usadas.

Hoje e mais um dia em que a minha avó vai receber o pagamento e só Deus sabe quando irá voltar para casa. Dessa vez ela apenas passou o dia fora, chegou me encarrou e não disse nada, tinha em suas mãos um saco de pão.

___Tome, coma ____falou ela indo para a escada, se virou e me encarou e disse novamente.

___Se eu fosse você comeria e guardava um pouco para amanhã, nunca se sabe quando irei ser boazinha novamente.

Fiz o que ela mandou, apenas comi um pão dos 5 que estavam no saco, guardei o resto, me arrumei e fui dormir.

Acordei na manhã seguinte, e estranhei que a minha avó não tinha vindo me chamar para ir à escola, desci os degraus ainda sonolenta e percebi que a casa estava totalmente em silencio. Revolvi voltar para cima, fui direto ao seu quarto, mas assim que abrir a porta vi que as gavetas e o guarda-roupas estavam todos aberto e não havia nenhuma roupa dentro deles.

Sair desesperada correndo, desci as escadas já chorando, procurei por toda a casa e foi aí que percebi que a porta da sala estava trancada.

Fui até a cozinha, tentei abrir a porta dos fundos mais também estava trancada, em cima da mesa estava os pães e uma garrafa de água.

Sem saber o que fazer fiquei ali por dois dias esperado que ela voltasse, mas isso não aconteceu, quem veio por dois dias bater na porta era o dono da casa, que tentava de todas as maneiras entrar, até parecia que sabia que eu estava escondida.

Mesmo ficando em silencio todas as vezes que ele vinha, parecia que ele não acreditava que a casa estava vazia.

Duas noites se passaram então eu estava na sala sentada no chão, quando escutei um barulho forte na porta da cozinha, fui andando devagar sem fazer nenhum barulho e foi ai que vi que ele tinha conseguiu entrar, sair correndo para me esconder mas não tinha a aonde, então entrei dentro de um pequeno armário que ficava na sala, vi que ele procurou por todos os cantos, até que me encontrou escondida.

___Saia daí sua maldita, quero o meu dinheiro e não vou sair daqui sem ele.

___Por favor senhor eu não tenho, a minha avó saiu e me deixou aqui sozinha sem nada, nem mesmo deixou algo para eu comer.

___Aquela velha maldita está me devendo três meses de aluguel, e fugiu sem me pagar e ainda deixando esse estorno na minha casa.

___ por favor senhor não tenho para onde ir ___ supliquei.

___pouco me importa, se ela te abandonou, eu quero receber o meu dinheiro ___ disse ele.

___como eu poderei pagar se não tenho, sou ainda uma criança, trabalho para as vizinhas para poder comer e me vestir.

___terá que me pagar de um jeito ou de outro menina, daqui eu so saiu quando receber o que me deve.

___Senhor por favor eu imploro, não me machuque eu não tenho culpa, se ela foi embora e não o pagou.

___Se ela não paga, será você quem vai pagar, agora venha aqui, que vou exigir o meu pagamento.

Sair correndo pelas escadas, tentei trancar a porta do meu quarto, mas não conseguir, ele me arrastou para a cama, tirou o cinto da sua cintura e começou a me bater sem parar, meu corpo estava doendo e sangrando, eu só tinha doze anos e paguei caro porque a minha avó, não pagou o aluguei por três meses e ainda me deixou sem nada, nem mesmo comida.

___Quero que pegue as suas coisas e saia da minha casa ainda hoje, ou eu juro que, o que fiz será pouco, se eu votar a vê-la novamente.

___por favor eu não tenho para onde ir e estou muito machucada.

___Pouco me importa, quero você fora daqui, espero não voltar e encontrar esse seu corpo dentro da minha casa, ou eu arrasto até a rua e jogo eu mesmo você lá.

Ele falou isso e saiu, ouvi a porta da sala sendo aberta, me levantei como pude, fui até ao banheiro e me lavei, havia tanto sangue que eu não sabia de onde estava saindo sendo que os dois lugares que ele entrou em mim doía muito.

Eu estava desesperada pois eu nunca tinha saído de casa para um lugar longe, só mesmo na vizinhança, e agora eu não sabia para onde ir, depois que me lavei, peguei uma roupa que cobria todo o meu corpo, peguei a única mochila que tinha e coloquei algumas pesas de roupas e um cobertor dentro dela, o único par de sapato, e o chinelo estava nos meus pês, eu ainda não estava acreditando em tudo que me aconteceu em apenas dois dias, os meus olhos se encheram de lagrimas, não só pelo que passei, mas pelo que a minha avó fez comigo.

Limpei as lagrimas e fui descendo com muita dificuldade as escadas e quando cheguei na porta a mesma estava destrancada, fui andando pela rua, parei na casa de uma senhora que eu sempre ajudava, bati em sua porta e contei tudo que tinha me acontecido, ela apenas me disse que me daria um pouco de comida, mas que eu não poderia ficar em sua casa, já que seu marido não ia admitir ter outra boca para alimentar além de seus filhos.

Ela além de me dá comida me entregou uma cartela de remédio, e uma garrafa de água, disse que o remédio iria me ajudar com a dor, sem pensar duas vezes tomei o remédio, agradeci e sair, com o que ela tinha me dado, eu esperava conseguir um cantinho para dormir essa noite pelo menos.

Fui para debaixo de uma ponte, havia algumas pessoas, eles me concederam um cantinho, arrumei a minha cama com o que trouxe, e como estava toda dolorida e cansada peguei no sono pesado.

VIDA ROUBADAOnde histórias criam vida. Descubra agora