Our last summer

019

Noah urrea

eu não podia mais suportar aquela discussão no pátio com a sophia, e na frente do alex ainda, nossas palavras haviam se transformado em acusações, e a sensação de que algo estava quebrando entre nós era avassaladora, com um suspiro pesado, me afastei daquilo, deixando sophia e alex para trás

enquanto caminhava pelos corredores da escola, meu coração tinha ficado apertado, eu precisava de um momento para pensar e clarear minha mente, cada passo que eu dava parecia um peso sobre meus ombros, e eu tentava entender onde as coisas haviam dado errado entre sophia e eu

foi então que, distraído por meus próprios pensamentos, esbarrei em alguém com força, livros e papéis caíram no chão com um estrondo, e a pessoa com quem eu tinha colidido estava agora se agachando para recolher suas coisas

–  desculpe, eu não estava prestando atenção - começo a me desculpar

quando me abaixei para ajudar a pessoa a pegar seus pertences espalhados, percebi que era sina, a garota que tinha voltado recentemente e que estava agindo de forma tão misteriosa

– sem problemas, acontece - soltou um sorriso simpático, merda aquele sorriso

nossos olhares se encontraram por um momento, e eu pude ver nos olhos dela uma mistura de curiosidade e compreensão, como se soubesse que eu estava passando por algo difícil, amedida que recolhíamos os objetos, nossos dedos se tocaram por acidente, e uma corrente elétrica de energia pareceu passar entre nós

vendo ela ali na minha frente, decidi que uma conversa com ela poderia ser uma boa distração

– ei sina, desculpa por isso ta? eu to meio abalado nem prestei atenção por onde eu tava andando ou se tinha alguém na minha frente - disse enquanto levantamos

– ta tudo bem noah não se preocupa, alguns dias são mais difíceis do que outros as vezes

– sina, você se importaria se eu fosse com você até a sala de aula? como é mesma e a gente ta indo pra lá de qualquer jeito, talvez a gente possa conversar

– não vejo por que não

começamos a caminhar juntos em direção à sala de aula, enquanto andávamos, eu não podia deixar de notar como ela estava diferente, mais reservada do que quando nos conhecemos, decidi abordar o assunto que estava me incomodando

– sina, eu estava pensando... por que você sumiu daquele jeito? sem explicações e agora você voltou como se nada tivesse acontecido - digo tentando evitar um tom curioso, mas era impossível

aquele era um assunto que me perseguiu por muitas noites

– noah, eu... - ela começou desviando o olhar

ela parecia hesitante em responder à minha pergunta, e eu podia sentir que havia algo que ela não queria me contar, sina desviou o assunto rapidamente

– muita coisa aconteceu noah, as vezes, as circunstâncias nos levam a tomar decisões difíceis - a resposta que eu tanto esperei não explicava nada

mas eu não queria pressioná-la mais, então decidi deixar o assunto de lado por enquanto, sina e eu continuamos nosso caminho até a sala de aula em silêncio, mas havia uma sensação de compreensão mútua entre nós, me senti tranquilo pela primeira vez naquele dia

entramos na sala de aula juntos, enquanto procurávamos por lugares vazios, minha mente ainda estava cheia de pensamentos sobre o seu passado complicado e o mistério em torno de tudo, no entanto, eu queria tentar focar no presente

– sina, você se importa se eu sentar do seu lado?

– fica a vontade - disse olhando para a cadeira parecendo meio nervosa e desviando o olhar para o celular

me acomodei na carteira próxima a da garota e eu comecei a sentir a tensão se dissipando lentamente, olhei para ela e decidi iniciar uma conversa leve para quebrar o gelo

– sabe, eu tava pensando... não seria bom apenas ser amigos e conversar sobre coisas bobas? as vezes, tudo fica tão complicado que a gente só precisa de alguém - digo encarando a mesma que me olhou surpresa

– acho que isso seria ótimo, eu também tava pensando nisso, as vezes, a vida fica muito séria - abre um sorriso

eu pude ver um brilho de alívio em seus olhos enquanto ela concordava comigo, era como se ambos tivéssemos uma necessidade mútua de simplificar as coisas e encontrar conforto na amizade

e ali o professor entrou na sala