Perigos Noturnos

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— Posso fazer uma pergunta? — Peter, ao meu lado, observa meu corpo deitado sobre o deck do lago.

Ele está sentado ao meu lado, apoiado sobre sua mão direita. Seus cabelos castanhos, molhados, gotejando partículas de água sobre meus óculos escuros. Peter nem ao menos disfarça ao analisar meu corpo, seus olhos cheios de gula demorando-se ainda mais nos meus seios e principalmente, na minha boceta, coberta por um minúsculo biquíni vermelho.

— Você acabou de fazer uma, Peter. — contesto, virando meu rosto para seu peitoral definido, repleto de gotículas escorrendo por sua pele bronzeada.

Ele sorri e eu ergo os óculos, usando-o como uma tiara sobre meus cabelos já praticamente secos. Elevo meu corpo, me apoiando nos cotovelos com o intuito aproximar minha boca da sua. Peter entende meu gesto, e antes que eu mexa mais um musculo, ele se adianta e pressiona seus lábios nos meus, dando-me um beijo demorado.

— Você lembra quantas vezes eu te pedi em namoro? — Ele pergunta e eu volto a deitar sobre o deck frio.

Estreito meus olhos enquanto analiso sua pergunta. Por que ele está puxando esse papo de novo? Já conversamos sobre esse assunto. Achei que tinha deixado as coisas bem claras para ele.

Bufo, começando a sentir a irritação preencher meu peito. Não sei exatamente quantas vezes disse "não" para seu pedido, e acho que seria bizarro contar essas vezes. Conheço Peter desde que me entendo por gente, e apesar de quase sempre trocarmos beijos e carícias, não consigo ir além. Eu o enxergo como um membro da minha família, como um primo bem presente em minha vida.

— Não vamos começar com esse assunto de novo, Peter. Você já sabe minha resposta… — Sento-me ao seu lado. Coloco os óculos sobre o rosto novamente e fixo meu olhar nas árvores do outro lado do lago, somente para não ver a tristeza engolir seu belíssimo sorriso.

— Mas a gente vive transando. Sempre que você quer, eu estou disponível.

— Não misture as coisas, Peter. É só sexo. — dou de ombros. — Não tenho culpa se você se apaixonou.

São palavras duras, eu sei. E sei que toda vez que nego seu amor, uma parte do seu coração se parte. Mas o que eu posso fazer? Quando começamos a ficar, deixei claro para ele as minhas regras e que não queria compromisso.

— Não entendo você. Se já fazemos sexo a todo momento, o que te impede de ser minha namorada?

Tudo!

Me levanto, irritada. A conversa está ficando cansativa, em razão de que sempre voltamos para o mesmo assunto. Prefiro não respondê-lo e me afasto para pegar minha bolsa e juntar minhas coisas. Enquanto coloco o vestido, penso na única hipótese de pôr fim nesse assunto que Peter tanto insiste em trazer à tona.

Para acabar com os problemas, primeiro coloque um fim na origem dele.

Eu me viro para ele. Encaro bem o seu rosto que está contorcido por uma certa irritação. Mas eu não me deixo intimidar, na verdade, me dá ainda mais coragem para criar vergonha na cara e agir como a mulher que nunca fui durante o tempo que cozinhei Peter.

— Eu não queria chegar a esse ponto, mas está na hora de pararmos. — Solto as palavras sem qualquer piedade, enquanto aguardo por sua reação.

— Não está falando sério, está?

Balanço a cabeça, confirmando.

Peter vira as costas para mim, suas mãos passando bruscamente pelos cabelos úmidos, quase os arrancando da cabeça.

— Porra, Mina! Você é uma escrota do caralho! — Ele me xinga a plenos pulmões, mas eu não esboço reação alguma, pois já esperava que ele fizesse isso.

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