Nota da Autora: Recomendo ouvir a faixa Bury a Friend - Billie Eilish durante a leitura deste capítulo para melhor imersão na atmosfera tensa e emocional da história.
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GHOST
O som veio de longe - um eco seco de passos pesados no corredor, ritmados demais para serem casuais. Parei de respirar por um segundo, os ouvidos filtrando o som do mundo. Três pares? Não... mais.
Angelina também ouviu. Seu corpo enrijeceu nos meus braços como se tivesse levado um choque. Os olhos dela se arregalaram, e o pânico que vi ali... não era humano. Era instinto puro. Medo de bicho encurralado.
- Eles estão vindo. - sussurrou. - Não deixa eles me levarem, Ghost. Por favor...
Antes que eu pudesse perguntar quem, vieram as batidas. Três toques fortes, secos, autoritários.
TOC. TOC. TOC.
Levantei, mantendo o corpo entre ela e a porta.
- Tenente Ghost, abra imediatamente. - disse uma voz grave do outro lado, firme, sem hesitação.
Ela se arrastou para trás, as costas colando na parede como se pudesse desaparecer dentro dela.
- Não, não... por favor, não! - sussurrou desesperada. - Eles vão me levar de volta! Eu não quero voltar!
Voltar. A palavra martelou na minha mente. Voltar pra onde?
- Fique atrás de mim. - disse a ela com um olhar rápido, puxando a pistola do coldre lateral sem hesitar.
Abri a porta só o suficiente para ver do lado de fora.
Cinco homens.
Dois soldados armados com rifles, o dedo pronto no gatilho. Uma médica - jaleco branco, prancheta na mão, e um olhar sereno demais para uma situação daquela. E dois enfermeiros - grandes, pesados, do tipo que seguram gente à força. A médica deu um passo à frente.
- Viemos buscar a agente Angelina S. Price para contenção e transporte ao Setor D. Procedimento urgente, por ordem direta do Major Donovan.
Meu sangue gelou.
Donovan.
- Motivo? - perguntei, seco.
A médico consultou a prancheta como se lesse um relatório comum.
- Instabilidade genética severa. Nível quatro de mutação. Potencial risco à segurança interna. É preciso sedação, contenção e reinício do protocolo de estabilização. Temos autorização total.
Senti o olhar de um dos soldados pesar em mim. Reconheci o rosto - era Connor, já tinha servido comigo. Ele levantou a mão levemente.
- São ordens, senhor. Do próprio major. Direto do topo.
Atrás de mim, ouvi um som. Um choro preso na garganta, quase um guincho.
- Não me deixa ir, Ghost. Eles vão me prender de novo. Vão me cortar. Eu sei. Eu conheço eles. - Angelina chorava agora, os olhos arregalados, o rosto molhado. - Você prometeu... você disse que eu não iria tá sozinha.
A mutação estava piorando. As veias do pescoço estavam pulsando em um tom azulado, os dedos dela começavam a se curvar em garras, e os olhos... quase inteiramente negros.
Ela estava a segundos de perder o controle de vez.
- Podemos evitar a força. - disse a médica com frieza. - Mas só se colaborar. Se o senhor quiser acompanhar, tenente, será permitido. Pode ficar do lado dela no transporte, e assistir os procedimentos. Mas ela vem conosco. Agora.

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GATILHO _ Ghost/COD
FanfictionGhost foi chamado especialmente para fazer o treinamento de uma nova recruta, a garota em questão chama-se Angelina Viera, de 22 anos. O que desperta a curiosidade no Tenente é que ninguém tem muitas informações sobre a garota, nem mesmo um alistame...