Você se importa?

432 79 70
                                    

Oieee, segundo capítulo, mais curto, mas espero que aproveitem. Ah! Não me matem também... Hihi

Boa leitura!

¥¥¥

Deixar Jungkook em casa depois dos nossos jantares era sempre doloroso. Nem sei por quantos motivos.

Significava que ainda não éramos completamente um do outro. Meus sentimentos por ele era uma das poucas coisas que não eram de mentira. Ultimamente, eu vinha varrendo tudo para debaixo do tapete e eu sabia que a qualquer momento, faria um volume que seria descoberto.

Pior, o olhar incômodo dele para mim, me lembrava que eu mais uma vez não tive coragem de ser eu mesmo perto dele. Ele conhecia muitas partes de mim, de quando éramos mais jovens, mas sinto que ele se decepciona sempre que encontra o alfa que me tornei.

Então, quando recebi uma ligação de Jungkook no meio no meio da noite, com a senhorita Lee afobada, gritando que meu ômega havia se acidentado, eu praticamente voei com o carro até o endereço que me informou, e ignorei meu pijama rosa de coelhinhos porque chegar lá logo era mais importante. Só percebi que estava chorando quando precisei olhar o retrovisor para me certificar que o caminho estava livre e eu poderia manobrar corretamente. O que diriam se vissem o Kim Perfeito Seokjin com os olhos vermelhos e os lábios tremendo, hm?

Eu não sabia o que era mais difícil de acreditar: Jungkook apoiado no colo da amiga, com roupas totalmente diferente dos tons pastéis que ele costuma usar durante o dia, mas que o deixaram ainda mais lindo (não sabia que era possível). Ou ele parecendo grogue e chamando meu nome porque toda a cumplicidade que tínhamos há muitos anos atrás parecia ter se desfeito como poeira ao vento.

“Cadê o Seokjinnie, Chae? Só ele pode cuidar de mim...” Os resmungos dele eram quase ininteligíveis.

“Espera, ele tá chegando, seu ômega teimoso. Espero que não brigue comigo amanhã por realmente ter chamado ele. Você tá tão ferrado, só-” A amiga negou com a cabeça antes de me ver e se calar abruptamente me ver. Eu também ficaria estupefato se me visse dessa forma tão diferente.

“E-ele não vem, não é?” A voz de Jungkook parecia embargada pelo choro a cada passo mais perto que eu dava. “Eu também não viria resgatar um moleque irresponsável noite afora. Além disso, a gente nem se ama como deveria. Vai dar tudo errado nesse casamento e eu vou ser muito infeliz. Chaerin-noona! Me ajuda...”

Ele parou com o monólogo angustiante apenas porque a Lee tapou sua boca, abafando os murmúrios aflitos. Ela estava me olhando preocupada, mas não faria diferença. Se eu o amo, deveria tomar a atitude que precisava para ajudá-lo a encontrar a felicidade.

Isso não significa que tenha que ser junto a mim.

[...]

Entrei com Jungkook no colo pelo meu apartamento, tomando o cuidado de não balançá-lo demais. Felizmente, eu vivia sozinho desde que comecei a faculdade, portanto não teria a minha família curiosa com o nariz sangrando do meu noivo, ou o traje todo de couro que ele usava. Um bom alfa é forte, decidido e independente, minha mãe alfa dizia. Engraçado que não me deixava decidir por nada.

Eu não poderia levá-lo ao médico de imediato, porque isso levantaria muitas perguntas e eu não confio no sigilo dos hospitais daqui, por isso precisei fazer os primeiros socorros dele eu mesmo. Por alguns instantes, Jungkook me olhou com os olhos coloridos da nossa infância. Isso também significava que ele ainda não tinha entendido o que estava acontecendo.

Os olhos de caleidoscópio eram símbolo de admiração entre os lobos, ainda que só o casal visse um no outro. Quando noivamos e eu parei de ter essa obra de arte a minha disposição, eu senti que deveria fazer de tudo para ser o alfa que ele merecia. Comecei a seguir todos os conselhos que me deram. Aceitei a imposição da minha mãe sobre ser médico porque era uma profissão respeitada e passei a gostar com o tempo. Escondi meus álbuns de divas pop, maquiagens e gostos incomuns, como cozinhar.

Porém, não acertei em nada e comecei a achar que o problema era eu. Que ele não me queria, ou que ele não queria um alfa. Afinal de contas, quando éramos mais novos, todo mundo (incluindo nós mesmos) achava que eu seria o ômega e ele um alfa. O cheiro dele era forte, inundava meu nariz de satisfação. Pêras recém colhidas e ao ficar irritado, era como couro novo e macio.

Eu tinha uma ilusão de que Jungkook não seria bom em esconder coisas de e me vi completamente sem chão, especialmente no momento em que ele tirou a jaqueta pesada e deixou a mostra pela regata cavada uma coleção de tatuagens. Inúmeros desenhos aleatórios e coloridos, o meu noivo era quase uma HQ e eu não fazia ideia.

Assim que percebi que ele estava incomodado por nós dois não fazermos sentido juntos, ao invés de mostrar o que ele queria saber, preferi ir pelo caminho mais curto.

“Você quer desfazer o noivado?”

[...]

“O quê???” Meu ouvido quase sangrou com o grito que meu ômega deu. Eu devia parar de chamá-lo de meu.

“Acho que é o melhor pra nós dois. A gente passou de melhores de amigos que mal conseguiam ficar sem se falar, para quase estranhos que vão se casar.” Eu afirmei, me encolhendo no sofá, e tenho certeza que parecia patético. E tudo bem, era exatamente como estava me sentindo.

“Não, a gente não pode. Alfa, não faz isso comigo. Por favor.” Jungkook também parecia não estar legal, mas imagino que era porque seria uma mudança gigante e repentina. Eu apenas suspirei. “A gente não pode terminar isso agora. Por favor. Você precisa que eu pare com isso?? Eu paro. Eu viro o ômega que você quer.”

“Jungkook, você não entende. Eu quero que você seja o ômega que você quer. Pelo jeito, eu não sei como você é. E nem você sabe como eu sou. Nós dois estamos escondendo coisas um do outro. Um casamento deveria ter verdade.” Tudo que eu disse, parece fazê-lo finalmente acordar.

Ele olhou em volta e se deu conta de como estávamos. Ele, parecendo um badboy perigoso. E eu parecendo uma Barbie piorada. Quando pensei que concordaria comigo, Jungkook começou a rir, rir muito. Me deixando mais confuso do que já estava antes. Ele deu muita risada e então, repentinamente, me olhou com os olhos que eu sonhava. Azul, roxo, rosa e mil cores. Se levantou com uma postura muito diferente do que eu tinha me acostumado. Intimidador. Devagar, andou até mim e sentou no meu colo. Pegou meu rosto entre as mãos e sussurrou:

“Não. Eu vou te dizer exatamente como a gente vai resolver isso.”

O que esperam de mim | JINKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora