Onde há flores, há um recomeço

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Escrita por Cevemo

Quem está vivo sempre aparece!
Faz muito tempo que eu não apareço por aqui, mas eu não poderia deixar meu bebê de lado, né?
Alguns de vocês podem não se lembrar de mim, principalmente porque eu mudei de user, mas eu era a Haldami e agora sou Cevemo, a fundadora desnaturada desse projetinho lindo.
Chega de papo e vamos para mais uma história! Espero de coração que gostem! 🌹❤

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"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."

— William Shakespeare

Quando eu era pequeno, nunca imaginei que teria uma família. Vivi no orfanato durante 8 anos, as pessoas que trabalhavam na instituição me diziam que alguém me deixou na porta de lá, sem nem ao menos deixar um bilhete dizendo o porquê de me abandonar ou o meu nome, então a diretora do local escolheu.

Jeon Jungkook. Não há um significado por trás ou um sentimento, foi um nome escolhido aleatoriamente. Minha mãe ou pai biológicos não se importaram comigo nem para escolher um nome que poderia ser insignificante para eles.

Perto do meu aniversário de 9 anos, para ser exato, no meio de agosto, um casal chegou ao orfanato. Eles pareciam tão assustados quanto eu ao se aproximarem para conversar comigo. Quando foram embora naquele dia, pensei que fariam como muitos outros casais e nunca mais voltariam, não consigo nem descrever a felicidade que senti quando voltaram no dia seguinte, e no seguinte, até o fim daquela semana.

Não sei bem o que viram em mim e nem quero, pois só de saber que gostaram de mim ao ponto de voltarem para me ver todos os dias durante uma semana já era o suficiente. Eles me adotaram, a documentação levou um tempo, mas consegui comemorar meu aniversário com eles, meu primeiro aniversário com uma família.

Lembro-me de como fiquei animado e feliz naquela época, ria e corria por todos os lados. Meu pai brincava comigo o tempo todo, minha mãe me "ensinava" a cozinhar e lia para mim todos os dias. Fizeram de mim suas rotinas e acredito que nós nos encaixamos muito bem, éramos realmente uma família. Foi aos 9 anos que senti pela primeira vez a mais pura felicidade e o sentimento de amor.

Éramos perfeitos; a família modelo.

E tudo o que eu mais amava se foi, pelo menos eu já não sou mais criança e consigo lidar de uma maneira melhor, mas não significa que não doa.

Hoje faz exatamente um mês desde que meus pais sofreram um acidente durante uma viagem de Ulsan para Busan, em que eles só queriam aproveitar um tempo sozinhos e suas férias.

Já tenho 25 anos e ainda sou muito apegado a eles, acredito que a maioria dos filhos são apegados aos pais, mesmo após saírem de casa.

Acho que a pior parte para mim foi entrar em minha casa de infância. Eu era o parente responsável por esvaziar tudo e foi muito difícil ter que se desfazer de coisas simples, mas que tinham um significado para mim. Tudo, absolutamente tudo me lembrava deles. Cada cômodo, cada móvel e objetos decorativos.

Escolher o que eu poderia guardar, o que eu tinha que vender ou que eu poderia guardar em um depósito foi muito difícil, se desapegar de algo foi como ver uma lembrança sumir aos poucos da minha mente.

E viver em minha própria casa também foi muito difícil. Eu me sentia sufocado a maior parte do tempo, as memórias deles me perseguiam por cada canto. Minha casa não era mais minha casa, era só mais alguma coisa que lembrava deles. Como eles me ajudaram a escolher o imóvel, como me ajudaram na mudança, almoços de domingo e visitas inesperadas em meu aniversário.

Eu estava rodeado de memórias que me assombravam a cada segundo.

Em menos de uma semana consegui me mudar para um bairro distante, em uma forma de distanciar-me de tudo que me fizesse lembrar deles. Não queria os apagar de minha mente, mas apenas não me sentir sufocado por lembranças e emoções. Um recomeço, mas sem de fato esquecer todo o resto.

Hoje eu iria de fato me mudar para a nova casa, contratei uma moça para limpar e um homem para organizar tudo, durante a semana eles me mandaram fotos mostrando o progresso e querendo a minha aprovação para que pudessem progredir. Sei que o interior estava perfeito e do jeito que eu gosto.

Uma mudança que decidi fazer foi não colocar nenhum retrato de meus pais, pois não quero que a imagem deles me tragam tristeza, quando eu estiver pronto, colocarei quantos retratos eu puder.

Sei que o bairro é muito bom, pude confirmar isso quando vi crianças brincando pelas ruas, pessoas passeando com seus cachorros e outras fazendo uma caminhada. Parece ser agradável viver em um lugar em que as pessoas não estão preocupadas e se sentem seguras.

Logo parei com o carro em frente a minha nova casa, que tem uma pintura azul bem clara, um jardim grande e um caminho delicado de pedras.

Estacionei na garagem e saí para a frente da casa, para poder observar tudo com mais cuidado. O jardim é muito bonito, mesmo que precise de cuidado, acredito que eu darei conta disso. Minha mãe gostava muito de jardinagem, ela me ensinou muito...

Ao canto, perto da cerca que separa a minha casa com a do vizinho, havia uma cerejeira, essa que precisei observar atentamente para saber realmente o que era. A pequena muda parecia estar quase morta, não tenho certeza se conseguirei a ajudar, mas de alguma forma quero tentar as minhas opções para fazer com que essa planta possa realmente parecer com uma linda cerejeira, talvez eu até consiga a fazer florescer.

Não sei ao certo como cuidar dela, mas acredito que posso começar apenas regando-a.

Logo fui para dentro de casa e procurei por algo que eu pudesse usar para regar a jovem árvore, infelizmente não tenho utensílios próprios para isso, então apenas peguei um copo qualquer e o enchi com água. Voltei para fora e joguei a água aos poucos pelas folhas secas e um pouco na terra próxima ao seu fino caule.

A reguei, sendo a única coisa que sei que poderia fazer, então escolhi por dar um tempo para a planta, assim como ela, todos precisam de um pouco de tempo para poderem lutar por si. Espero que amanhã eu já saiba o que fazer por ela...

Entrei em casa novamente, dessa vez, iria me concentrar em apenas arrumar as minhas roupas e os pequenos detalhes que faltam da casa.

E, novamente, sou consumido pela solidão, como tem sido há um mês.

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E ai? Como foi?

Quero agradecer ao DarkBlueKiss pela betagem maravilhosa e ao @/
kwangyushi (spirit) pela capa e banner perfeitas! Vocês são pessoas incríveis!


Obrigada por lerem, até a próxima 🌹

Flores de cerejeira e um recomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora