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Jeon Jungkook

Acabei de chegar em casa depois de um dia longo, depois de passar o dia todo aguentando um monte de gente chata e irritante.

Trabalhar em escritório tem suas vantagens, ou não.

Já estou nesse trabalho já faz dois anos, e até hoje não sei como aceitei trabalhar ali.

Meu chefe pensa que eu sou uma máquina, que tem que fazer várias coisas ao mesmo, e se deixo de fazer uma mínima coisa, já é motivo suficiente pra chamar minha atenção.

Mandar aquele velho ir pra porra logo.

Vou na cozinha preparar algo para comer.
Mas desisto de querer cozinhar quando vejo a pilha de louça que tem na pia.
Não estou tendo tempo pra nada.

Pego um pacote de bolacha e o resto do suco que tinha na geladeira.

Vou para meu quarto e me sento na cama, colocando uma série pra assistir enquanto como.

Pego meu celular e abro o Twitter, pra ver se tem algo de interessante.
Não tem nada.

Como um fofoqueiro fica vivo desse jeito?

Saio dos meus pensamentos quando vejo que chegou uma mensagem de Jimin, perguntando se eu já tinha chego em casa.

Já fez duas semanas que tudo aquilo aconteceu.
E já faz duas semanas que eu vi ele pela última vez.

Depois daquele dia eu não consegui mais voltar na casa dele, até porque nem faria sentido eu ir lá sendo que minha mãe nem mora com eles.

Também não deu para encontrar com ele em outro lugar.
Estava completamente cansado do trabalho, só chegava em casa, tomava banho e dormia.

E quando era final de semana eu estava ocupado demais ajudando na mudança do Jin.
Agora ele se mudou, novamente.
Todo ano esse menino muda de casa.

Mas nessas duas semanas eu e Jimin, quando tínhamos tempo ficávamos conversando.
Ele também estava ocupado com os negócios da escola.

Respondo sua mensagem, dizendo que já tinha chego.
Estava esperando ele responder, mas o sono me atingiu de uma vez. Então adormeci.

[...]

Hoje era terça-feira, e acabei saindo mais cedo do trabalho, por conta que tinha alguns exames de rotina para fazer.

Depois de passar no médico e tudo mais, vou até a casa nova de Jin, já que ele me convidou para ir lá, então eu vou.

Assim que chego na casa dele percebo um monte de fumaça, e o cheiro de cigarro.

- Você ainda tá fumando? - pergunto, indo até ele, onde estava escorado no balcão da cozinha, enquanto segurava o cigarro em seus dedos.

- Só quando estou nervoso. - ele diz, dando uma tragada. - Quer?

Quando meu pai morreu eu virei uma criança revoltada.
Comecei a fazer um monte de coisas erradas e fumar cigarro foi uma delas.
E não, isso não era algo que eu deveria ter feito, até porque eu tinha doze anos.
Fui tudo influência dos meus "amigos" de escola no tempo.

Os primeiros anos foram difíceis.
Tanto pra mim quanto pra minha mãe.
Não era fácil pra ela ter perdido o marido, e seu filho se afundar no cigarro apenas sendo uma criança.

Passei até meus quinze anos assim.
Sendo um adolescente rebelde.
Fazendo um monte de merda.

Naquele tempo eu não me importava com a opinião de ninguém, porque a única que eu me importava era com a do meu pai, e bom, ele não estava ali.

Até que um dia eu sumi por três dias seguidos.
E quando voltei para casa descobri que minha mãe estava no hospital.
E ele tinha parado ali por culpa minha.

Depois disso prometi pra mim mesmo que iria parar de usar essas merdas. Aquilo não era nem um pouco bom pra mim e eu não queria mais ser a decepção da minha mãe.

Eu tinha parado.
Eu juro que eu tinha.
Mas com todo o estresse do serviço nesses últimos meses, eu acabei voltando a usar.

Pelo lado bom é só quando eu realmente estou nervoso ou ansioso.

Ou não tem um lado bom.

Eu só uso quando eu realmente estou perdendo a cabeça. E de um jeito fumar me acalma.
Mas eu espero que de verdade um dia eu nem precise mais disso para me acalmar.

Mas como hoje foi um dia cansativo e eu passei muito nervoso...

- Quero. - digo, então Jin tira um cigarro do bolso me dando um.

Acendo o mesmo e levo o cigarro até minha boca, tragando um pouco e depois jogo a fumaça para o alto.

- Mano, sinceramente hoje eu estava quase mandando aquele filho da puta do Henrique ir se fuder. - Jin diz, enquanto da uma outra tragada.

- Graças a Deus eu saí mais cedo, então nem vi a cara dele hoje. - digo, me sentando no banquinho onde fica seu balcão.

- Aquele arrombando chegou tacando um monte de papelada em cima da minha mesa, falando pra eu revisar pra ver se estava tudo certo. - ele olha para mim. - Como se aquilo fosse meu trabalho. - bufa.

- Esquenta não, o velho tá quase sendo levado lá pra cima. - solto uma risada.

- Tá mesmo, se ele levantar a mão pra cima Deus puxa. - diz rindo.

Jin pega duas cervejas na sua geladeira, trazendo até o balcão.

- E o lance com o Jimin, como tá? - pergunta, sentando no banquinho, enquanto abre as latinhas de cerveja.

- Ah, normal eu acho. - pego a latinha de cerveja, dando um gole. - Não nos falamos hoje.

- E por que não? - pergunta.

- Ele não respondeu minha mensagem de ontem á noite ué, aí eu não mandei mais. - dou de ombros.
- Se eu fui o último a mandar mensagem, eu não mando outra.

- E qual foi sua última mensagem? - ele pergunta.

- Ele tinha me perguntado se eu já tinha chego em casa, aí eu respondi que sim. - digo.

Jin tira a latinha de cerveja da boca e me olha de cima a baixo.

- Sua última mensagem foi um "sim", o que você quer que o menino responda depois disso? - ele questiona.

- Não sei, ué. Bom, ele visualizou, se não respondeu foi porque não quis. - digo, dando outra tragada.

- Para de ser otário e manda mensagem. - ele diz.
- Você literalmente disse que queria ficar com ele e agora fica aí, sem mandar mensagem, e aquela foi a última vez que vocês se viram. Daqui a pouco ele arruma outro e aí eu vou dar risada da tua cara.

- E quem ele iria arrumar? Ele tem eu, óbvio que não vai querer mais ninguém. - digo, convencido.

- Não foi você que disse que ele e aquele amigo loiro dele estavam todo grudadinhos durante a noite toda? - questiona.

- Ele fez aquilo para me provocar. - digo.

- Meu filho, eles são melhores amigos. Jimin adora uma piroca e aquele loirinho não fica pra trás, você olha pra cara dele e já percebe que adora uma pica.
Eu tenho certeza que alguma coisa entre eles já rolou. - diz.

- Como você tem tanta certeza? - pergunto.

- Eu sei das coisas. - dá uma piscada. - Pode pergunta. Aqueles ali já se comeram. - ele diz, rindo.

Será?

Bom, eles pareciam que estavam agindo tão naturalmente naquela noite.
As piadas internas que eu não entendi nada.
O selinho sem querer.

Ótimo, agora eu vou ficar com isso na minha cabeça.

BWF | Jikook.Onde histórias criam vida. Descubra agora