3 - Aquela das memorias

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NARRADOR ON
AMÉLIA FRITZ POV
DIA 1

   Todos haviam se dispersado pela casa suficientemente grande para que eles pudessem se evitar por algumas horas, Benito e Lucie decidiram dividir o quarto, assim como os irmãos Fritz, Carina e Joui e claro, Arthur e Kaiser. Amélia pela sua vez, não estava ali para se trancar no quarto para sempre, na verdade, seu grande objetivo era fugir da sua realidade horrível, e iria fazê-lo. Por isso, agarrou os docinhos que havia levado para sobreviver a experiência e iria bater na porta em frente a do quarto que ela estava ficando, e por algum motivo, que ela denominaria como destino, Kaiser saiu ao mesmo tempo que ela levantou a mão para bater.

— Oi? — a garota se moveu envergonhada e acenou com a cabeça — posso te ajudar? — ela apenas negou com a cabeça dando uns passinhos para trás

— quer comer doce e me contar mais sobre você? — o garoto não soube muito bem como reagir, encarou os próprios pés por um momento, depois encarou a garota de novo e continuou sem uma reação precisa — tudo bem se não quiser, é só que...não vim aqui para ficar no meu quarto, imagino que você também não — foi o suficiente para que ele desse de ombros

— eu gosto de doces —

   Desceram as escadas em silêncio, e quando abriram o primeiro pacote, também continuaram em silêncio, mas, tal e qual o pai, Amélia havia herdado o dom da palavra, como uma boa extrovertida puxou um assunto aleatório que engatou em outro em seguida. Conversaram sobre séries e filmes, Kaiser deixou que a garota xingasse a Marvel dizendo com todas as letras que a nova fase estava horrível porque era engraçado o jeito que ela franzia o cenho quando estava muito indignada. Amy deixou que Kaiser lhe explicasse a história de uns cinco personagens de lol, não porque gostava do jogo, mas porque ele ficava extremamente fofo quando gaguejava enquanto lhe explicava.
   No segundo pacote, entraram em um assunto um pouco mais complexo, Amélia não se expôs ao todo, mas se aventurou em falar como era difícil ser filha de um famoso quando tinha 13 anos, a midia lhe colocava uma pressão estética absurda e ela era só uma criança, falou também que as vezes queria poder passear no shopping seus ser parada, ter um namorado sem aquilo ser noticiado...queria até mesmo fazer do seu aniversário um evento simples e não aquele alvoroço todo que era todos os anos. Falou que se perdeu quando o pai morreu. E foi aí que Cohen pode falar suas primeiras palavras naquela parte da conversa porque, se perdeu também quando seu pai morreu. O moreno por sua vez contou que, Chris era um adulto divertido passava horas reclamando do jeito que o filho ficou viciado em jogos, era péssimo tentando ler em português porque seu sotaque americano prevalecia, contou que ficou fluente em inglês porque queria deixar o pai mais confortável na própria casa, contou que ele foi na escola quando sofreu bullying pela primeira vez e que foi seu pai também que o mostrou que ele era muito mais que aquilo. Então Amélia encarou ele por algum tempo buscando na memória lembranças de algo que lhe fazia falta.
   Lembrou de um garotinho muito magro chegando em sua casa acompanhado pelo seu padrinho, um americano muito simpático, seu pai e ele trabalharam juntos por bons e longos anos. E então Kaiser sorriu.

— qual é o nome completo do seu pai — enfiou uma minhoca de gelatina na boca

— Christopher Cohen — a garota imediatamente parou de comer para se permitir se surpreender

— César? — ele suspirou aliviado

— achei que você nunca fosse lembrar —

Anxious people - frenito & lizago Onde histórias criam vida. Descubra agora