MUITAS COISAS ME OCORRERAM EM PENSAMENTO QUANDO PASSEI PELA ENTRADA DO PADDOCK na sexta-feira. Depois de tanto tempo sem nem passar por perto de um circuito de Fórmula 1, estar diante da imensidão que era o Circuito do Bahrein era como estar em terras forasteiras e ao mesmo tempo pisar no lugar ao qual sempre pertenci. Apertei a mão de Madeleine e seguimos em frente. Haviam tantos repórteres esperando pelos pilotos e membros mais importantes das equipes bem ali, mas nem mesmo um deles levantou sua câmera para mim.Apenas seus olhares curiosos me seguiram até que eu estivesse distante da entrada. Minha melhor amiga me abraçou de lado, porque ela era uma das pessoas que mais sabiam da apreensão que eu vinha sentindo desde o início da semana só de pensar em como seria estar de volta. Quando a Ferrari noticiou a volta de Felipo às pistas já na primeira corrida da temporada, o universo da Fórmula 1 entrou em combustão. Alguns acharam cedo demais enquanto outros afirmaram que ele deveria ter voltado ainda na temporada passada — o que era inviável e seria uma loucura, diga-se de passagem —, e ainda outros especularam sobre as chances que meu irmão tinha de voltar a ser o que era antes.
Mas Felipo não tinha mudado. Vi isso durante a pré-temporada — que acompanhei de casa e bem pouco, mas ainda assim acompanhei — e os primeiros dois dias da primeira etapa. Ótimo tempo, ótimo gerenciamento de pneus, ótimo controle de velocidade... Ótimo. Meus olhos brilhavam conforme os carros passavam na pista e toda aquela coisa de estar bem diante de uma das coisas que eu mais gostava fez quase toda a tensão se dissipar. Era como levantar do chão depois de cair da bicicleta, tirar os rastros de areia do joelho ralado e voltar a brincar. Era como estar em casa de novo.
Com a garagem lotada e repleta de cochichos por todos os cantos, o headset vermelho da equipe preso no pescoço, o som dos motores roncando ao longe, os gritos das torcidas animadas nas arquibancadas, os engenheiros e mecânicos andando para lá e para cá discutindo todas as técnicas impressionantes dos carros; a Fórmula 1 em seu estado puro.
Levei alguns sustos, claro, mas fiz questão de lembrar das quatro palavras que Felipo disse ao me abraçar antes de entrar em seu SF21: vai ficar tudo bem.
Agora no domingo tudo parecia melhor. O paddock estava ainda mais lotado e a galera parecia mais cheia de energia do que nunca. Quando Felipo apareceu no hospitality da Ferrari e saiu arrastando tanto eu quanto Madeleine de lá sob a ordem — não que ele mandasse em mim nem nada — de assistirmos a conferência de imprensa pré-corrida na sala de espera, de onde era possível ver tudo, não pude negar. Achei bem legal, na verdade. Passamos por todos os seguranças e ele nos deixou lá e saiu correndo, já que estava quase atrasado.
Eu e Madeleine nos acomodamos em um sofá branco gigante. A sala era pequena se comparada a muitas outras por aí, mas aquele sofá ocupava o espaço praticamente todo, então não dava para esperar algo diferente. Os únicos momentos da conferência em que não ri foram os momentos em que eles entraram no tópico dos acidentes. Para todos os efeitos, o que aconteceu no Grande Prêmio do Brasil ainda era recente. Eu estava meio desconfortável, mas tanto Felipo quanto os outros três pilotos — Hamilton, Vettel e Ricciardo — pareciam confortáveis com o rumo da conversa.
Acabei me obrigando a ficar também. Estava tudo bem. Ia ficar tudo bem.
O tempo foi passando e o burburinho do lado de fora aumentou, como se mais pessoas estivessem chegando. Madeleine se levantou do sofá e disse que ia procurar o banheiro. Concordei e continuei atenta à conversa na outra sala — que eu podia ver pela vidraça gigante e ouvir pelos autofalantes —, vez ou outra dando uma olhada nas fotos que eu estava tirando com minha câmera pessoal. Uns cinco minutos depois ela retornou, mas não sentou. Não me importei de início, mas acabei achando estranho, então olhei para a direção da porta, onde ela supostamente estava encostada em silêncio.
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Power Over Me | Max Verstappen ✓
Fanfiction[the fast lap series | book #1] ㅤ Poucas coisas fascinavam tanto Valery van Koster quanto carros em alta velocidade. Vinda de uma família cheia de campeões, o amor pelo automobilismo começou a ferver em suas veias logo cedo. Foi nas pistas de...