3 - FINAL

4 1 0
                                    

- Oi coelhinha - ele mostrou todos os seus dentes em um sorriso travesso.

- Canalha - Bati em seu peito - Que notei estar nú -, e caminhei apressada até a escada.

- Ai canalha eu to fraquinha, ai canalha eu to fraquinha - Cantou fazendo voz fina e me segurei para não rir - Toma toma só na pepequinha - Ele engrossou a voz mais que o normal e me fez arregalar os olhos chocada em como aquele tom me deu borboletas no estômago.

- Cala a boca idiota, vai acordar os outros - O repreendi ja no fim da escada e segui pra cozinha.

- Olha que coincidência eu também tava vindo beber água, acredita? - Olhei com tédio para ele e notei que a luz da lua iluminava seu peitoral - Gostou? Bonito né, desde os dezesseis acredita? - Ele começou a fazer poses de marombeiro.

- Não, você parece uma lagartixa - Passei meus olhos sobre a extensão da pia e vi uma garrafa com um pouco de gelo dentro, fui até ela.

- Isso é inveja - Ele passa por mim mais rápido que o flash e pega a garrafa - Sou até mais rápido que você.

- Se eu te der um chute nas bolas você não vai nem conseguir repetir isso - Semicerrei os olhos me aproximando dele.

- Isso é um desafio? - Ele fez o mesmo que eu.

- Não, isso é sua criptonita - Peguei a garrafa de suas mãos e coloquei o líquido no primeiro copo limpo que vi - E eu sei como usar muito bem - Um risada nasalada de Joe rastejou para meus ouvidos - Odeio quando você é convencido.

- Adoro quando você finge ser perigosa.

- Convencido - Deixei o copo na bancada da pia e encostei na mesma observando Joe dá um passo em minha direção.

- Fingida.

- Burro.

- Filhote de lombriga.

- Geladinho de chorume.

- Paquita do capeta.

- Idiota - Não notei que ele estava tão perto de mim, e que estávamos cuspindo xingamentos de graça um ao outro.

- Idiota - Joguei de volta e um sorriso malicioso se mostrou em seus lábios avermelhados que na luz da lua pareciam brancos, suculentos - Te odeio - Ergui minha cabeça mostrando que não me renderia.

- Da última vez que disse isso você acabou gemendo meu nome mais vezes do que quando amaldiçoou os quatro cantos da terra enquanto me batia no segundo semestre da faculdade - Ele falou com a voz rouca e terminou o depoimento com um ronronar gracioso.

- Você ainda se lembra desses malditos anos? - Falei com um pouco de nojo - Se apaixonou por mim depois da surra? - O lancei um sorriso felino.

- Não, me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi - Ele confessou fechando os olhos e suspirando, suspirei também e antes que eu pudesse falar alguma coisa ele apenas se virou e foi até a porta da casa - Eu vou no carro - Ele disse apenas quando pegou a chave abrindo a porta e saindo.

Me abracei pensando no que ele havia dito, e no que as meninas haviam dito. Quando devo seguir os conselhos dos meus amigos? Como vou saber se ele apenas está brincando comigo?. Todos os anos nos "odiando" e deixando esses sentimentos bem claros, quando ele me apelidava e me xingava, quando me irritava, quando criança me batia. Sempre quis entender se o ódio dele havia se criado no momento em que furei a bola dele quando ele jogou na minha cabeça pela terceira vez quando tínhamos seis anos, ou se ele aparentemente havia se apaixonado no mesmo dia algumas horas antes quando em uma brincadeira de criança tive que lhe dá um beijo na bochecha.

Esse Verão Onde histórias criam vida. Descubra agora