2- U in my head

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- Você? - falaram juntos sem tirar os olhos um do outro.


Alexandre N.

O universo só podia estar brincando com a minha cara quando decidiu colocar essa mulher no meu caminho de novo. Era karma, não tinha outra explicação.

Giovanna Antonelli, era sem dúvida nenhuma a modelo mais atraente e competente que o país já viu. Sempre admirei muito seu trabalho, antes mesmo de entrar para esse mundo e me tornar reconhecido. Acho ela uma das mulheres mais bonitas e talentosas desse mundo da moda. Tenho uma atração inegável por ela.

Mas o que ela tem de beleza e talento, também tem de egocêntrica e narcisista.

Já havíamos trabalhado juntos em outras campanhas de moda, no início da minha carreira e desde o nosso primeiro contato tivemos desavenças grandes, mais da parte dela do que da minha. E desde então, sempre que trabalhamos juntos acaba resultando em uma tensão insuportável entre nós pois não consigo ficar calado diante das provocações dela, me dá preguiça só de imaginar ter que aturar seu sorriso extremamente sexy e provocador. Não que ela não tenha motivos para se achar, afinal ela é realmente maravilhosa, mas precisava de tanto?

A forma como gosta de me provocar e me instigar, quase como se soubesse todas as reações que causa em mim, me deixa maluco.

Mas parando pra pensar, tenho que admitir que era quase óbvio que essa parceria seria com ela, ainda mais que, assim como eu, a mesmo está no auge da sua carreira com 30 anos de idade.

- é sério que tem que ser com aquele cara? - ela pergunta a sua produtora quando desvia o olhar de mim

- Sim Gio, fui informada quando chegamos aqui. Não disseram nada antes pois queriam fazer surpresa. E também por que sabem que vocês não se dão bem - ouço Vanessa responder enquanto me aproximo

- E óbvio que não iríamos aceitar se soubéssemos - alfineto cruzando os braços e entrando na conversa - pelo menos eu não iria

- Claro né, Nerito - diz sorrindo sarcástica - já que não aguenta trabalhar com gente mais talentosa que você. Não que seja difícil achar alguém com mais talento.

Sinto meu sangue ferver com o tom de voz que ela usa para me menosprezar dessa forma.

- Opa, opa. - sinto Otaviano colocar a mão no meu ombro e me puxar antes que eu tenha a chance de retrucar.

- Você também não segura essa língua, né Giovanna? - consigo ouvir Van reclamar enquanto Giovanna ria

Me dirijo com Ota para um canto do estúdio vazio onde havia um sofá e almofadas distribuídas pelo chão. - Eu não vou fazer isso, não vou fazer esse trabalho com ela. - falo enquanto me sento em uma ponta do móvel

- Vamo lá Nero, você sabe que os trabalhos de vocês dois juntos são sempre ótimos, não sabe? É bom pra sua carreira ser visto com ela e esse trabalho é importante - Otaviano retruca na tentativa de me convencer

- Eu sei que é bom pra minha carreira, mas e a minha saúde mental? Como é que fica? A Antonelli é irritante e imatura. E não perde a oportunidade de me provocar. - falo tentando manter a calma - Você ouviu o que ela disse?

- Tu tem que parar de dar importância cara, seja o adulto e só ignora Nero. - passo a mão pelo cabelo me sentindo frustrado - Cê bem sabe que ela faz pra te tirar do sério e sempre consegue. Se acalma enquanto não começam as fotos.

Jogo minha cabeça no encosto fechando os olhos enquanto tento organizar meus pensamentos e me acalmar. Respiro fundo tentando tirar Giovanna e suas provocações da minha mente, mas antes que eu consiga sinto o cheiro de seu perfume impregnado em meu nariz.

- Essa mulher é uma desgraçada, to ficando maluco. Sai da minha cabeça capeta.

Assim que termino de falar abro os olhos e vejo ela se sentar ao meu lado no sofá.

- Pensando em mim querido? Eu sabia que você me admirava, mas não sabia que era tanto assim - escuto sua voz soar com sarcasmo

Viro meu rosto sem desencostar do sofá e a olho sem muita vontade, vejo seu sorriso nos lábios e forço um, em sua direção.

- eu posso sentir muita coisa por você Antonelli, mas admiração não é uma delas - digo a alfinetando

- ah, que isso, quanto rancor, assim você me deixa triste - fala fazendo um leve bico e franzindo suas sobrancelhas em uma falsa forma de expressar mágoa, logo seu sorrisinho aparece.

Eu odeio esse sorrisinho charmoso

- me poupa Giovanna - me levanto - aliás, não precisa tentar puxar assunto comigo não, vamos só fazer nosso trabalho

- eu acho que desde o momento que passamos a ter que trabalhar juntos precisamos pelo menos ter uma relação harmônica Nerito - ela diz passando a mão pelo meu braço me causando um arrepio

- podemos ter tudo, menos harmonia, você sabe disso. - comento de forma sarcástica

- nós só não nos damos melhor do que costumamos nos dar porque você, meu querido, não se dá bem com minhas brincadeiras, leva sempre pro coração - arrasta o indicador do meu pescoço até meu que queixo - mas por mim a gente podia se dar em muita coisa - pisca pra mim e vira as costas andando pra longe

Essa mulher vai ser a causa da minha morte - balanço a cabeça tentando, em vão, me livrar das sensações que ela me causa

Mas se ela quer provocar, vamos ver quem aguenta mais.


Giovanna A.

Assim que avistei Nero parado no meio do estúdio antes mesmo de colocar meus pés para dentro tive certeza que só podia ser algum tipo de pegadinha. Senti minhas pernas fraquejarem só com o mínimo pensamento de fazer um ensaio sensual desse porte com ele.

Mas óbvio que apesar de sentir meu estômago embrulhar só de estar na presença dele, precisei manter a pose.

Desde o nosso primeiro trabalho juntos, quando eu ainda nem conhecia o grande Alexandre Nero pessoalmente, ele já havia chamado minha atenção. Mas afinal, quem não se sentiria atraído por um homem desse? Alto, bonito, gostoso e com o sorriso de tirar o fôlego, qualquer uma cai aos pés.

Mas apesar de toda atração que havia da minha parte eu também sentia um pouco de inveja. Nero estava se tornando bastante conhecido na mídia, e roubando um pouco dos holofotes para ele, o que de certa forma me incomodava e isso fez com que eu o tratasse mal e menosprezasse o seu talento.

Com o passar do tempo as coisas foram mudando, e principalmente, eu fui mudando. Já não me sentia mais tão bem no meu trabalho, então a "competição" que foi criada entre nós dois acabou terminando, mas a nossa relação continuou conturbada. Sempre que nos encontrávamos vivíamos de provocações e alfinetadas.

E mesmo sabendo o que eu sentia em relação a ele, fazia o máximo para deixar as coisas da forma como estavam. Sem conversas desnecessárias, tudo meramente profissional.

Mas assim que o vi sentado naquele sofá com as pernas abertas e o roupão tapando apenas o essencial, senti um arrepio subir pelo meu corpo e não perdi a chance de ir até ele e o provocar como eu sabia. Mas antes mesmo de sentar ao seu lado ouvi o sussuro que saiu de sua boca e não pude deixar de sorrir.

Depois da nossa conversa, virei as costas para ele e fui em direção a Vanessa ver se já poderíamos começar nosso ensaio.

- Já vamos começar, vou pedir pro Ota chamar o Nero.

- Não precisa - sinto mais do que ouço a voz dele atrás de mim - já estou aqui. Vamos começar a brincadeira Giovanna - sussurra próximo ao meu ouvido

Sinto que hoje eu tô ferrada. O dia vai ser longo.

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⏰ Última atualização: Oct 15, 2023 ⏰

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