10 anos atrás.
Eu seguro a coroa de flores com cuidado, me sento na beirada do gira-gira, e deixo as lágrimas rolarem.
Eu não deveria ter entrado lá, não deveria ter feito está coroa. Minha mãe está furiosa, e tudo porque resolvi entrar naquela sala. Eu mal entrei e meu pai já se levantou e começou me empurrar para fora, todos os homens de terno nos encaravam.- Você não pode entrar aqui Genevieve, o que foi que conversamos?
Eu queria lhe explicar sobre a coroa que eu havia feito com James, o rosa e roxo das flores eram bonitas.
A coroa de flores que eu estendi à ele, se amassaram quando fui empurrada para perto de minha mãe, eu estava assustada e com medo queria que meu pai dissesse o que achou das flores porém se quer prestou atenção.
Eu não pude explicar para minha mãe o porque eu estava lá, pois assim que meu pai voltou aquela porta, ela me puxou meu punho, e me levou ao banheiro. Seus gritos não passavam de sussurros, miravam certo ao meu coração, e não permitiam que eu me explicasse.
Jose minha mãe, a pessoa mais gentil que eu já havia conhecido em meus 7 anos de vida, que cuidava de mim, e me abraçava em todos momentos, agachou colocou suas mãos em meus braços fortemente e sua voz, que um dia doce estava amarga, de uma forma que eu nunca tinha visto, tirou toda a coragem que eu tinha em dizer algo. Ela repetiu algumas vezes até que as lágrimas de vergonha me atravessassem.- Você sempre quer chamar atenção, não é Genevieve? Agora seu pai vai ficar furioso, furioso comigo! - Pareciam gritos mas era apenas sua proximidade. - Ele está bravo comigo por sua culpa! Está feliz Gene? Está?
Seus lábios se apertavam com força e quando percebeu que eu não daria uma resposta, mesmo que fosse pelo medo, eu só senti sua mão vindo em meu rosto, queimava, doia, partia meu coração em dois. Lágrimas caiam, desciam pelo meus rosto e manchavam meu vestido rosa, o deixava mais escuro onde caia. E eu não sabia como olhar para ela, até ela levantar meu queijo com uma das mãos me fazendo a encarar e sussurrou, seria a última vez naquela noite que falaria comigo.- Limpe seu rosto e vá brincar, se voltar à encomodar seu pai.
Eu vou lhe bater de jovo. Entendido Genevieve?
Eu fiz oque ela mandou, fui para fora. Corri daquele banheiro, eu via imagens de santos nas paredes daquela igreja, eu me perguntava se aqueles anjos estavam bravos comigo também, será que podiam me entender, entender que eu só queria mostrar o emaranhado de flores.
Olho em volta, não a ninguém no jardim, minhas pernas lutam para encontrar alguém, não sei onde está James, não sei se ele viu quando minha mãe me levou ao banheiro. Vou até o parquinho, me sento ao gira-gira as lágrimas ainda descendo violentamente, eu aperto a coroa em meu colo. Encosto em algo gelado, seguro os ferros do brinquedo, meus pés entediados e eu penso, minha mãe me mandou ir brincar, talvez eu deva tentar.
Meus pés se movem para empurrar o brinquedo, assim que dou o primeiro impulso, alguns passos reverbam pelo parquinho, James. Encontro seu olhar, ele analisa meu rosto, nenhum de nós diz uma palavra, ele se junta a mim, senta na outra ponta, então me ajuda a dar outro impulso, e como se nao fosse nada dá um sorriso que poderia iluminar o céu, poderia transformar está noite em dia se quisesse.
Ele se segura firme, eu também. A coroa em meu colo cai na areia, nossos pés dão impulsos até o brinquedo se girar sozinho. Minha cabeça gira e gira, as esculturas de santos no jardim se misturam, formam imagens distorcidas, as luzes que iluminam o lugar parecem não servir a velocidade que estamos nos movendo, e eu esqueço o porque eu chorava. Penso se é assim que os adultos resolvem seus problemas, pois aqui com tudo não sendo mais estável, sem uma forma definida, e os problemas não passando apenas de pequenos pensamentos fáceis de esquecer, eles vão em seus parquinhos, convidam seus amigos, e giram. Todo mundo deve ir ao gira-gira quando está triste ou estressado. Todo mundo deve ter um gira-gira.
O brinquedo para, nem eu nem James faz menção de faze-lo se mover, até que ele se levanta e pega a coroa, está com areia e ele a sacode. Caminha até mim com um sorriso. Um sorriso que reconheço como meu próprio, ele é meu primo é claro que se parece comigo.
Suas mãos roçam meu cabelo enquanto coloca a coroa em minha cabeça, e assim parece que ele leva embora toda a tristeza deixada pelos meus pais, a mesma coroa que ele me ajudou fazer e me colocou em apuros, trazendo tristeza, está me dando força e felicidade. Eu retribuo o sorriso.E logo estamos girando novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em minhas veias
AdventureGenevieve sabia que o que acontecia era errado. Os negócios sujos de seu pai. E todos a viam da mesma forma, com olhares de desprezo e ódio. Contudo não era culpa dela, não é mesmo? Não quando se cresce vendo seu pai dando golpes em milhares de pess...