Frios

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Pov. Ghost

Na manhã seguinte ao ocorrido, quando me encontrei com Angelina na academia para voltamos ao nosso treinamento, algo nela tinha mudado. Eu notei assim que ela chegou próximo, seu olhar e sua postura eram completamente diferentes.

Ela estava muito mais séria, segura e com um olhar mais frio.

Tentei por algumas vezes quebrar o clima ou até perguntar diretamente se ela estava bem com tudo que tinha acontecido antes, a única resposta que eu tiver foi "Eu estou bem, senhor!" para qualquer que fosse minha pergunta, além do mais, ela tinha voltado a me chamar de Senhor, eu comentei novamente que não precisava de tanta formalidade comigo, porém ela continuou com o "senhor" e com uma postura mais profissional.

Fiquei aborrecido ao longo do dia, sem entender o que havia mudado entre nós em apenas um dia, lógico que agora eu sabia mais coisas sobre ela, mas ao invés disto aproximar nos dois, agora existia um muro de distância. No final daquele dia, cheguei a conclusão que não seria tão ruim assim, eu estava começando a criar afeição por ela, o que não era nem um pouco apropriado, então decidir seguir frio com ela também.

O treinamento dela seguiu sem mais problemas, tudo que eu a ensinava, ela executava perfeitamente, sem falhas, sem desobediência, sem descontrole, os meus superiores já estavam cientes dos meus avanços em relação a ela, acabaram por confirmar que teríamos uma reunião no domingo para falar sobre a missão, o que queria dizer que nosso tempo de treinamento tinha chegado ao fim.

Agora era quase cinco horas da tarde de uma sexta-feira, Angelina estava treinando socos contra um saco de pancadas na academia da base, só havia nos dois no lugar, eu segurava o objeto enquanto a encarava bater. Já era para ter encerrado o treinamento, mas eu não sabia como dizer que não teríamos mais os treinos diários juntos, pior, eu não queria dizer que havia acabado.

Os dias passaram muitos rápidos, eu tinha um leve arrependimento por ter ficado distante dela também, talvez se eu tivesse me esforçado um pouco todos os dias, ela voltasse a ser a garota do primeiro dia, a garota meiga e envergonhada, com aquele sorriso fofo. Não sabia o que havia mudado nela, ninguém tinha se aproximando dela durante esses dias na base, parecia que ela desaparecia do lugar assim que acabava os treinamentos, ela nunca nem pisou no refeitório para comer, o que ela estava fazendo no tempo livre?

Angelina era um verdadeiro mistério para mim, ela ficava na minha cabeça o dia todo, noite a pós noite eu nem conseguia dormir mais por causa dela. Eu acordava agora toda madrugada ansioso, ficava preocupado com ela, se ela tinha comido ou se estava com problemas, ela estava tão fria, tão distante de mim, não sabia como me aproximar, nem sabia se deveria mais.

Todos as razões para manter as coisas distantes entre mim e ela gritavam na minha cabeça, como um grande sinal de alerta piscando, mas então havia esse clima sensível entre nós dois, essa tensão sexual.

Por muito pouco que a gente não se agarrou numa terça feira.

Era um final de tarde como essa, mas estávamos na pista de corrida, tínhamos terminado uma corrida com obstáculos, ela estava morta de cansada e eu também, ela sentou em cima de uma mesa para descansar e eu fui buscar água para nós, no caminho eu tirei minha camiseta, já que estávamos a sós novamente, joguei agua no pescoço para aliviar o calor do meu corpo, não tinha intenção nenhuma de provocar ela, mas então as coisas aconteceram.

No primeiro segundo, fiquei envergonhado dela me encarando, dos seus olhos passeando pelos meus músculos enquanto a água escorria lentamente por eles, minha respiração ficou ainda mais ofegante, já que ela estava presa em mim. Dei um passo mais próximo dela, ficando parado bem na sua frente e colocando meu corpo entre suas pernas, ela olhou para mim, umedeceu os lábios olhando para o volume da minha calça jeans. Mordi os labios, observando seus olhos curiosos na minha ereção, então puxei o rosto dela para cima delicadamente, fazendo ela me encarar nós olhos, suas bochechas estavam rosadas como de costume quando ficava envergonhada, os olhos dela estavam suplicando por um toque.

Então suas mãos foram parar no meu pescoço, acariciando minhas costas, fazendo eu arfar levemente em prazer, então eu a encarei nos olhos, consentido com suas ações. Então eu sinto ela levantar a balaclava até descobrir minha boca e me puxar para próximo dela, eu agarro ela na cintura e a puxo para perto de mim, ansiando pelo seus lábios, eu sinto sua respiração contra a minha boca, centímetros de distância, o corpo dela tremendo embaixo de mim, eu tento beijar ela, conseguindo roubar um beijo rápido, mas logo depois ela me empurra para longe.

Ela saiu correndo, no dia seguinte, foi como se nada tivesse acontecido.

- Senhor? - A voz de Angelina cortou meus pensamentos, eu levantei meus olhos em sua direção, percebendo que havia me perdido nas lembranças daquele dia.

Encarei o relógio na parede, vendo que já havíamos passado muito do nosso horário habitual.

- Pode descansar, vamos encerrar por hoje, Angelina. - Eu aviso, soltando o saco de pancadas e dando as costas para ela, sem saber como iria proceder.

Ela não diz nada, apenas anda em direção a sua mochila e começa a arrumar suas coisas, pegando um casaco para cobrir seu corpo. Fiquei observando ela de longe, até olhar o chaveirinho da Hello Kitty na sua mochila, eu sorrir, feliz por ela ter gostado do meu presente de boas vindas, eu me sentir confortado em saber que apesar da nossa atual distância, ainda tinha essas pequenas coisas que eu sabia sobre ela, que talvez só eu sabia.

Eu precisava dar um ultimato nessa situação.

- Angelina, preciso conversar com você agora, pode esperar um pouco? - Eu peço, antes dela sair da academia apressadamente, ela parou e fez que sim com a cabeça. - Esse foi nosso último treinamento, meu superior e eu já decidimos que você está pronta para atuar na missão com a força tarefa, vamos aguardar novas ordens no domingo, durante a reunião.

- Isso é ótimo, senhor. - Ela então ajeita a postura e faz uma continência para mim, com leve sorriso no rosto. - Obrigada pelos seus ensinamentos.

Engulo em seco, retribui sua continência.

- Está dispensada até sábado, bom descanso, Angelina.

Então o silêncio voltou entre nós, ela arruma a mochila nos ombros mais uma vez, olha para mim como se quisesse dizer mais alguma coisa, porém se cala, então dar as costas para ir embora. Eu fico parado, vendo ela ir, meu corpo todo entre em conflito, minhas pernas querem se mover para alcançar ela no corredor, coloca ela contra a parede e beijar ela a noite toda, a outra parte, minha cabeça, gritava alertando os problemas de me entregar a ela, não, eu podia...

- Ghost?

Eu tomei um susto quando a voz de Angelina chamou meu nome, me tirando dos meus pensamentos novamente, fazia tantos dias que ela não me chamava pelo nome que eu até estranhei, demorando para entender que ela estava falando comigo. Ela estava parada na porta de entrada, com as mãos escondidas dentro do bolso do moletom, tentei disfarçar minha empolgação de ver ela novamente, apenas me aproximo dela ficando a sua frente.

- Sim, Angel? - Eu pergunto, usando seu apelido também, eu tinha um leve sorriso de alegria nos meus lábios, que a máscara cobria.

- Talvez isso seja inapropriado da minha parte, mas eu gostaria... - Ela então corou, de um jeito adorável, sem conseguir me encarar de volta - O senhor gostaria de sair comigo hoje a noite?

- "Senhor" Angel?! - Eu provoco com a voz grossa, vendo ela abrir um sorriso que a muitos dias eu não via.

- VOCÊ gostaria de sair comigo hoje a noite? - Ela pergunta novamente, dessa vez olhando para mim, nossos olhares se conectaram eu tiver que me controlar para não puxar ela pela cintura para mais perto de mim. - Eu acho que podemos conversar enquanto comemos alguma coisa, você aceita?

- Precisamos mesmo conversar... - Confesso, então toco seu rosto suavemente colocando seu cabelo atrás da orelha, ela parece apreciar meu carinho, fechando os olhos por alguns segundos. - Aceito, meu bem.

GATILHO _ Ghost/COD Onde histórias criam vida. Descubra agora