o começo

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"Amor e espera são como um casal, não importa o quanto você espere, espere que alguém venha em seguida, alguns esperam por dias, outros por meses, outros por anos, outros estão dispostos a esperar para sempre. A espera pode ser uma prova de amor de que temos um coração estável."

                      - Charlotte Austin

Voltei meu povo.

Boa leitura 🤍

A chuva caía pela janela. Trazia em cada gota a lembrança viva de um passado nunca esquecido. Engfa se lembrava, todo dia, da mesma história. Fazia seis anos agora, mas parecia que tudo havia acontecido ontem.

Ela tinha saído de Pattaya com uma dor no peito, e deixando uma história para trás. Seu casamento da adolescência tinha chegado ao fim. Oito anos casada com Luan . O único homem de sua vida, e ainda assim Engfa nunca tinha sido realmente feliz. Seu maior desejo de ser mãe, ia cada dia morrendo naquele casamento, até que chegou a hora de terminar tudo.

Para esquecer e encontrar um novo caminho na vida, ela decidiu estudar inglês em Nova York. Sua irmã e tia deram todo seu apoio, e contra os conselhos da mãe, Engfa  partiu para uma temporada longe de tudo. Nova York foi a melhor escolha da sua vida. Além dos estudos, que iam super bem, Engfa  conheceu uma vida que nunca sonhou em ter. Tinha feito amigos novos e de todos os lugares do mundo. E por um desses novos amigos ela conheceu Charlotte  A tão badalada e famosa Charlotte  Seu nome não era tão conhecido na fotografia, mas nas mesas de bar, não tinha quem não suspirasse por aquela mulher.

A linda moça de cabelos loiros, olhos esverdeados e pele branca como a neve, logo a conquistou. Ela falava do mundo com a experiência de alguém com seus sessenta anos, mas Charlotte tinha a mesma idade de Engfa. Sua liberdade, seu desejo de viver era contagiante, e Engfa não se lembra ao certo, quando aquela aventura, aquele tempo de descoberta, tinha se transformado em amor.

Amor que era recíproco. A conquistadora Charlotte tinha se acalmado, seus olhos e atenção eram todos para Engfa. Com o fim do curso de inglês, e Engfa estendeu seu visto e ficou trabalhando como assistente de Charlotte. Compartilhavam seus sonhos e desejos para a vida. Engfa ainda não lembra como teve coragem, quando pediu para Charlotte ser a mãe dos filhos dela.

O olhar vivo de Charlotte, a alegria que tomou conta da mulher. Engfa lembrava de tudo. Aquele perfume inesquecível, aquela pele macia. Tantas noites de amor que vieram depois daquele pedido. Tanto amor naquela tristeza que se abateu.

Por alguma razão Engfa não conseguia manter a gravidez. Já tinham tentando todas as formas de inseminação, trocado o doador, mas o terceiro mês chegava, e a criança morria. A infelicidade, o sentimento de frustração, saber que todos aqueles anos em que ela secretamente havia culpadoo ex-marido por não ter um filho, era na verdade culpa dela. Então, Charlotte mais uma vez foi altruísta demais. Entregou seu óvulo e deixou que Engfa tivesse a gravidez desejada.

Passou o terceiro mês, e a cada mês sua barriga ia crescendo. Aquela vida ali dentro era calma, mas era o mais puro amor. Se seu sorriso tinha voltado, seu casamento com Charlotte tinha voltado aos tempos gloriosos. As noites eram cheias de amor, e os dias uma espera infinita pelo nascimento daquele ser tão amado pelas suas mães.

Foi na trigésima sétima semana que o trabalho de parto se iniciou. Aquela dor, aquele momento que parecia eterno. Horas gritando, para no fim tudo se acalmar e ser celebrado com um choro. O primeiro choro, o primeiro contato. Engfa se sentiu completa quando segurou sua linda bebezinha no colo pela primeira vez.

Charlotte seguia como a autêntica mãe de primeira viagem. Se a bebê respirasse diferente ela já sabia, e estava com o telefone na mão, pronta para ligar para o médico, caso se repetisse. Os choros da madrugada, as trocas de fraldas. Tudo era motivo de alegria. Tudo elas aprendiam juntas.

BORN TO DIE . Englot Onde histórias criam vida. Descubra agora