Pacote de alegria

110 10 18
                                    


aviso

eu optei por me referir com pronomes femininos a Mizuki, mas se não for certo avisem que eu mudo, ta bom?

boa leitura ^^🤸‍♀️

_______________________________________________

"Não aguento mais, eu preciso sair."
 
Rui cai no sofá, ao lado de Nene, gemendo. Ele tinha acabado de voltar de uma viagem ao exterior com Arkland, e Deus; ele estava exausto. Por que ele sempre voltava do trabalho cansado, dolorido e com uma dor de cabeça latejante? Ele adorava dirigir. Ele adorava estar no palco com Wonderlands x Showtime, o que aconteceu?
 
"Então saia." Nene empurra os pés de Rui para fora do sofá. "E tire os sapatos, credo." 

Ele suspira, levantando-se para tirar as botas. Sério, ele deveria ter feito isso na porta, mas o jetlag insistia que ele se deitasse no sofá ou desabasse na entrada. "Não é tão simples assim."
 
"Como assim?" Mizuki usa os pés para empurrar Rui para o lado antes de se sentar, na outra ponta do sofá. "É simplesmente desistir, não é?"
 
"Não, de acordo com meu contrato, não posso desistir de Arkland assim. Terei de ser responsável por encontrar um substituto para mim e, se os superiores não ficarem satisfeitos com o novo diretor, meu pedido de demissão será rejeitado e continuarei trabalhando para eles."
 
Nene se senta na poltrona em frente ao sofá. "Isso não devia ser ilegal?"
 
Rui geme. "Não é. Já verifiquei mil vezes."
 
"Encontrar outro diretor como Rui…" Mizuki inclina o queixo pensativa. "Ah… não acho que isso seja possível. Há dezenas de milhares de pessoas em Shibuya, mas só há um Rui Kamishiro como o nosso."
 
Nene assente. "Mesmo que conseguíssemos encontrar outro diretor como você, Rui, poderia demorar meses ou até anos."
 
"Não vou durar nem mais um minuto se for para o exterior de novo." Ele reclama. "Eu só quero ficar em casa por mais de dois meses seguidos, é pedir muito?"
 
"Eu também odiaria viajar se tivesse que conhecer tantos países em tão pouco tempo." Simpaticamente, Mizuki dá um tapinha em seu braço. "Existe algo em seu contrato que pode fazer você ficar em Shibuya, mas não desistir? Isso resolveria um dos seus problemas."
 
Silêncio. Nene joga o chinelo em Rui para ter certeza de que ele não adormeceu.
 
"Ai." Rui devolve-lhe o chinelo. "Há… há algo assim."
 
"Sim?" Mizuki se aproxima. "Bem?"
 
Rui suspira, com as mãos nas bochechas para esconder o vermelho que começava a florescer. "Eu poderia… me casar." Ele murmura.
 
"Huh?"
 
"Eu poderia me casar." Rui repete, mais alto. "Isso me daria um mês para ficar em casa com folga remunerada e um período de cinco meses para concluir o trabalho enquanto estivesse em Shibuya. Eu poderia ficar parado por anos se constituisse família nesse período."
 
Ele levanta a mão para impedir Mizuki, que já está de boca aberta com um enorme sorriso no rosto.
 
"Antes que você fique muito animada, as únicas pessoas que conheço que são loucas o suficiente para se casar comigo são lésbicas, casadas ou ambas." Ele pressiona os dedos nas têmporas para tentar acalmar a dor de cabeça. "Seria suspeito que eu me casasse com alguém assim do nada, então isso também não é uma opção."
 
A sala fica em silêncio enquanto os três discutem. As mãos frias do Rui mal dão conforto quando ele esfrega o rosto, como é que ele vai sair dessa? Ele estava infeliz trabalhando para Arkland. Ele estava infeliz, fazendo uma das coisas que mais amava.
 
Nene se anima. "Isso não é verdade."
 
"Hum?" Rui e Mizuki viram a cabeça para ela.
 
"As únicas pessoas loucas o suficiente para se casar com você não são todas lésbicas ou estão em um relacionamento." Nenê ressalta. "Há uma pessoa que todos conhecemos que é louca o suficiente para casar com o Rui. Uma que ele adora mencionar para quem quiser ouvir."
 
Os olhos de Mizuki brilham. "A última vez que ouvi, ele estava dando uma pausa na atuação e ficando em Shibuya também!"
 
"Incrível." Nene agarra o casaco, agarrando o ombro de Rui para forçá-lo a ficar de pé. "Vamos."
 
"Vamos? Vamos aonde?" Rui pergunta enquanto calça novamente os sapatos. "De quem vocês estão falando?"
 
"Não é óbvio, Rui?" Mizuki sorri. "Vamos ver a estrela mais brilhante do mundo!"
.
.
.
 
"Estou dizendo a vocês, é uma má ideia." Rui recusa-se a sair do banco do carro, por mais que Mizuki lhe puxe pelo braço. "Não nos falamos direito há anos, o que faz você pensar que ele vai concordar em se casar comigo?"
 
"O que faz você pensar que ele não vai se casar com você?" Nene toca a campainha, enquanto Mizuki finalmente leva Rui para o degrau da frente. "É o Tsukasa. Ele às vezes se preocupa mais com nossa antiga trupe do que com ele mesmo. Se você explicar tudo, ele estará ansioso para ajudar, tenho certeza."
 
"Mas eu não quero que ele faça isso." Rui arranca a mão do aperto de Mizuki. "Não quero que ele me ajude só porque se sente obrigado a isso. E depois do ensino médio… eu…"
 
"Ah, Rui." Mizuki coloca a cabeça em seu ombro. "...Eu disse para você se confessar e você não confessou."
 
"Eu não queria perdê-lo." Rui meio que olha para ela.
 
"Uh huh," Nene cruza os braços. "E quando foi a última conversa que você teve com ele?"
 
"Nene-"
 
A porta da frente range, fazendo os três pularem. A cabeça de Tsukasa se destaca, Rui mal o reconhece. "...Akiyama? Nene? Rui?"
 
Rui congela ao ouvir o seu nome.
 
"Ah, caramba!" Mizuki precisa esfregar os olhos de surpresa. Tsukasa tem barba – não – barba pra fazer. Muita barba. Ele parece rude e cansado, como se não dormisse há semanas e segura a porta fechada como se estivesse com medo do lado de fora. "Tsukasa-senpai! Você está... bem, você certamente está vivo!"
 
"Por quê vocês estão aqui?" Tsukasa dá alguns passos para trás, escondendo-se mais atrás da porta.
 
"Rui precisa de ajuda." Nene dá uma cotovelada em Rui. "Você poderia nos deixar entrar? Explicaremos tudo."
 
Tsukasa olha em volta, certificando-se de que ninguém os estava espionando. "...Prometa que assim que entrarem, vocês não contarão a mais ninguém o que virão aqui."
 
"Eu não acho que a barba fique tão ruim em você, Tsukasa-senpai. Está meio que crescendo em mim também." Mizuki inclina a cabeça. "Eh… deixa pra lá."
 
Inconscientemente, Tsukasa coloca a mão no rosto. "Não é sobre a barba!" Ele sibila. "Apenas prometam!"
 
"É, é. Nós prometemos." Nene coloca a mão na porta, empurrando-a para o lado. "Seja o que for, não pode ser tão ruim."
 
Silenciosamente, Rui manifesta a sua concordância. As coisas mais loucas que Tsukasa já fez sempre foram em relação a Rui e suas acrobacias. Durante anos, ele se orgulhou do fato de ser o único que poderia fazer Tsukasa fazer coisas tão malucas com tanta determinação no rosto. 
 
Mas… e se Tsukasa encontrou outra pessoa que também poderia fazer isso? Um que Rui não conhecia? Nossa, e se Tsukasa finalmente encontrou outro diretor que pode fazê-lo brilhar mais do que Rui jamais fez? Seu estômago se revira e de repente Rui sente náuseas.
 
Só de pensar nisso… Rui estremece. Ele não quer isso. Ele quer continuar sendo o diretor mais querido de Tsukasa por mais um tempinho, mesmo que seja apenas em sua cabeça.
 
Ele tropeça quando esbarra em Nene, uma mão o segura quando ele resvala.
 
"Rui?" É Tsukasa, rosto cheio de preocupação. "Você está bem?"
 
"Ah, minhas desculpas, Tsukasa-kun, minha mente estava simplesmente... Em outro... Lugar..." Seu olhar sobe e desce, absorvendo tudo dele. Tsukasa ainda é bonito, Rui não acha que isso vai mudar tão cedo, e ele é ainda muito mais baixo que o Rui. Mas o ar de confiança e carisma que definiu Tsukasa durante seus anos de ensino médio aparentemente desapareceu. Em vez disso, ele era relativamente gentil e suave.

Viva como se o paraíso estivesse na terra | RuiKasa 🎈🌟Onde histórias criam vida. Descubra agora